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O segredo é pesquisar

Preço de um mesmo item do material escolar varia até 30 vezes em lojas de Porto Alegre; veja como economizar

Antes de ir às compras, confira os preços dos itens escolares em livrarias e papelarias da Capital

11/01/2018 - 20h14min


Luana Kanitz / Agência RBS

Levantamento realizado pelo Procon Porto Alegre nesta quinta-feira (11) encontrou variação média de 627% nos 30 itens pesquisados — que vão desde fita crepe até lápis de cor e caderno. A maior diferença foi encontrada em um apontador de plástico: o item mais barato em uma loja custava R$ 0,20, enquanto em outra o item com menor valor saía por R$ 5,95 – quase 30 vezes o valor do primeiro — o que representa uma variação de 2.875%.

Segundo a Associação Brasileira de Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares e de Escritório (ABFIAE), neste ano, os produtos chegaram ao varejo com acréscimo de 5% a 8% na comparação com o mesmo período do ano passado. De acordo com o Procon RS, os acréscimos superam a inflação medida pelo IPCA, que, em 2017, ficou em 2,78%. 

As razões desse aumento, de acordo com o diretor de Relações Institucionais da ABFIAE, Ricardo Carrijo, são os reajustes de matérias-primas, como plástico, papel e tintas, ajustes de mão de obra em alguns setores importantes e a variação cambial em 2017. Ainda segundo ele, os produtos importados devem ter reajustes maiores em razão de variações recentes na taxa de câmbio, causando impacto no preço final de produtos como mochilas e estojos.

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Para economizar, Carrijo aconselha que os pais antecipem as compras e façam muita pesquisa de preços, pois ocorrem grandes variações de valores entre os diversos estabelecimentos varejistas. 

— O mercado de papelarias no Brasil é bastante pulverizado e ainda existe uma grande possibilidade de se encontrar boas ofertas no caso de antecipação de compras — diz.

Na hora de ir às compras

Para o coordenador do MBA em Gestão Financeira da Fundação Getulio Vargas (FGV), Ricardo Teixeira, planejar as compras e buscar alternativas podem ajudar a reduzir as despesas desses itens que pesam no orçamento no início do ano. Segundo ele, o ideal é não levar os filhos para as compras do material escolar, porque eles sempre vão querer o que é mais bonito e mais atual, ou seja, o mais caro. Além disso, a criança sempre quer levar uma quantidade maior do que o necessário. Entretanto, para quem optar por levar a criança junto, pode ser uma oportunidade de ensiná-lo desde cedo a economizar. 

— Se você tiver mais de um filho, pode fazer uma competição entre eles para ver quem encontra os melhores produtos com preços mais baratos. Se você quer economizar, o ideal é não levar seu filho, mas se quiser educar, pode levar e já ir ensinando a brincadeira no caminho — aconselha.

Antes de comprar, uma dica é fazer uma lista dos materiais, ir em várias livrarias e pedir um desconto para comparar as propostas de todas as lojas. De acordo com Teixeira, é importante fazer um planejamento financeiro, com um levantamento de quanto a família tem e um cálculo de quanto irá gastar. Se o desconto oferecido pela loja for bom, vale a pena pagar à vista.

— Se o consumidor tiver que pagar a prazo, deve observar se as parcelas caberão no orçamento mensal para evitar cair no cheque especial ou no parcelamento rotativo do cartão de crédito — orienta.

Ricardo aconselha os pais a comprarem agora só o que será usado nos três primeiros meses do ano letivo, pois, ao longo do ano, os itens podem ficar mais baratos. Outra alternativa é fazer com que um dos pais crie uma lista com 20 nomes, por exemplo, de interessados em comprar em uma mesma livraria para negociar bons descontos.

Uma boa dica para economizar é procurar algum pai de aluno da série seguinte que queira vender os livros didáticos em bom estado. Os próprios pais podem organizar uma feira na escola para quem deseja comprar o material. Assim, ganha quem compra por um preço menor e também quem vende, já que, possivelmente, descartaria o livro. Além disso, um grupo de pais pode gerenciar uma biblioteca com livros de leitura que ainda são usados pela escola para realizar trocas, ou até mesmo doações para quem não pode comprar.

—  É importante que os materiais do ano anterior sejam reaproveitados ao máximo, assim, itens como lápis, cola, estojo, canetas podem ser sempre utilizados até o fim de sua vida útil — orienta a diretora do Procon Porto Alegre, Sophia Vial.

Luana Kanitz / Agência RBS

A manicure Eni Cunha, 64 anos, afirma que ela e a filha sempre pesquisam antes de comprar o material escolar para a neta de Eni. Ela costuma fazer as compras no início de janeiro, porque tem menos gente em Porto Alegre. A neta, Giulia Bielescki, 12 anos, está no 7º ano do Ensino Fundamental e estuda em escola particular. Eni afirma que além do aumento nos preços dos itens escolares, os livros didáticos também estão mais caros. 

— Deu uma subida considerável, o governo diz que não tem inflação, mas é só ilusão. Ainda tem os livros que são bem caros este ano, então foi terrível — relata.

Giulia conta que tenta escolher os materiais de sua preferência, mas a mãe acaba a convencendo a optar por itens mais em conta. 

Pesquisa de preços de material escolar em Porto Alegre

Apontador de plástico com um furo: de R$ 0,20 (Papelaria Cervo) a R$ 5,95 (Saraiva)
Fita crepe: de R$ 0,35 (Centro Mix) a R$ 7,99 (Americanas)
Lápis preto nº 2: de R$ 0,25 (Papelaria Brasil) a R$ 4,99 (Americanas)
Apontador de plástico com depósito: de R$ 0,39 (Centro Mix) a R$ 6,90 (Saraiva)
Borracha verde comum: de R$ 0,50 (Centro Mix) a R$ 4,90 (Saraiva)

Reprodução

Fonte: pesquisa do Procon Porto Alegre em 14 lojas realizada em 11 de janeiro

Fique atento ao comprar o material escolar

* O consumidor deve ler atentamente a lista que lhe está sendo exigida, pois as escolas, muitas vezes, pedem itens que não competem ao aluno comprar/adquirir, como por exemplo, medicamentos, papel higiênico, canetas para lousa, entre outros. Estes itens a escola é obrigada a fornecer. As instituições de ensino somente podem exigir a compra de materiais de uso pedagógico e os essenciais ao aprendizado.

* O aluno não é obrigado a comprar o material no próprio estabelecimento de ensino. Por isso, faça uma pesquisa em outros lugares e, se possível, reúna-se com outros pais, pois alguns estabelecimentos dão desconto para compras em grandes quantidades. Reaproveite as sobras de materiais e, assim, selecione os itens da lista que serão realmente úteis ao aprendizado e faça pesquisa de preços.

* Se o pagamento dos materiais for efetuado à vista, solicite desconto. Se a compra for feita a prazo, verifique os juros aplicados e faça uma comparação de preços em outros estabelecimentos.

* Em caso de pagamento com cheque pré-datado, faça constar, no verso do cheque, e na nota fiscal a data de vencimento.

* Os pais que tiverem filhos em escolas e lhes for exigida a compra integral da lista de materiais, aconselha-se que façam uma reunião com outros pais de alunos e tentem compor um acordo com a direção da escola, caso contrário, compareçam ao Procon de sua cidade e registrem reclamação, pois a escola não pode obrigar e exigir que o aluno compre todos os itens constantes da lista. Portanto, podem ser comprados apenas os itens imprescindíveis ao aprendizado e os de uso pedagógico, na medida do possível. Então, os pais devem contestar a lista de material escolar e tentar acordo junto à direção da escola, num primeiro momento.

* Sempre que, na lista de materiais disponibilizada pela escola, for solicitado algum material que os pais considerem não ser necessário ao aprendizado, consulte o Procon e indague junto à direção da escola.

* É possível criar grupos de pais para compras em conjunto, de forma a garantir mais descontos.

* Se os preços dos materiais forem abusivos, o consumidor deve fazer uma pesquisa junto a vários estabelecimentos. Procure comprar a lista de materiais em um estabelecimento no qual o preço a ser pago se encaixe no seu bolso. Verifique qual o valor à vista e a prazo, pois muitos estabelecimentos aproveitam esta época do ano para aumentar os preços dos seus produtos. Por isso, é aconselhado ao consumidor não comprar por impulso e fazer uma pesquisa de preços em outros estabelecimentos.

* Se a loja não informar o preço de seus produtos e/ou serviços, e o consumidor sentir-se lesado diante das ofertas enganosas e abusivas, por exemplo: sentiu-se atraído por um anúncio referente a uma promoção na qual não consta etiqueta com o preço do produto anunciado, e não contém o valor à vista ou de forma parcelada, saiba que é uma obrigação da loja apresentar suas ofertas, produtos, etc., ao consumidor, de forma clara, precisa e ostensiva, para que ele possa visualizar sem embaraços o produto que irá adquirir. Caso contrário há infração ao artigo 31 do Código de Proteção e Defesa do Consumidor, bem como aos artigos 4º e 5º do Decreto 5.903/06.

* Em caso de haver exposição de produtos sem preço, o consumidor pode comunicar o fato ao Procon de sua cidade para que seja feita fiscalização no local com a devida autuação do estabelecimento.

 * Com relação ao uso de uniforme, verifique se é obrigatório e se irá influenciar no orçamento final. A instituição educacional somente poderá exigir que a compra do uniforme seja feita na própria unidade ou em terceiros pré-determinados se possuir uma marca registrada, caso contrário, os pais poderão contestar junto à direção da escola e procurar um órgão de defesa do consumidor para registrar reclamação.

* A escola (pública ou privada) deverá levar em conta, também, a situação econômica do estudante e de sua família, conforme dispõe a Lei Federal n. 8907/94.

* Verifique se as embalagens (colas, borrachas, tintas, entre outras) contêm informações claras e específicas sobre eventuais danos que o produto, em caso de ingestão, venha a causar, bem como se há orientações de como proceder em caso de ingestão acidental do produto.

* Exija a nota fiscal de compra, para fins de troca do produto. Procure comprar sempre em estabelecimentos que emitam Nota Fiscal, para posteriormente poder exigir a troca do produto, se preciso for.

Fonte: Procon-RS


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