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Investigação

Traficante é investigado por  enviar cocaína dentro de pedras e R$ 32 milhões à Europa

Paulo Seco, que continua preso, foi condenado por corrupção e é suspeito de lavagem de dinheiro. Ele foi preso no ano passado após tentar subornar policiais militares em Tramandaí

15/02/2018 - 10h54min


Cid Martins
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Eduardo Torres
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Humberto Trezzi
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Divulgação / Brigada Militar
Casa em que traficante foi preso em agosto do ano passado, em Tramandaí, quando ofereceu dinheiro a policiais

A Polícia Civil gaúcha e a Polícia Federal estão empenhadas em descobrir um possível esquema de tráfico de drogas internacional, com lavagem de dinheiro, supostamente capitaneado por José Paulo Vieira de Mello, o Paulo Seco, a partir do Litoral Norte. 

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De acordo com o delegado Paulo Perez, da DP de Tramandaí, documentos comprovando depósitos que chegam a 8 milhões de euros (equivalente a R$ 32 milhões) no intervalo de apenas dois meses — entre setembro e outubro de 2016 — do Brasil para a Espanha foram apreendidos em uma casa da cidade, no Litoral. Nesse imóvel, Paulo Seco foi preso em agosto do ano passado com comparsas depois de tentar subornar policiais militares com R$ 1 milhão.

Chamam atenção as quantias de cada remessa. Eram depósitos diários, entre 20 mil e 50 mil euros — o que pode chegar a R$ 200 mil a cada 24 horas. O nome do espanhol que supostamente recebia os valores é mantido em sigilo. A Polícia Federal deve acionar a Interpol para que o destinatário dos valores seja ouvido.

— Logo que deparamos com essas informações, lembramos da operação da PF que descobriu remessas de cocaína à Europa a partir de de blocos de granito recheados com a droga — conta o delegado Perez.

Ele se refere à Operação Oceano Branco, desencadeada em outubro do ano passado. Naquela investigação, a PF apurou que dois mexicanos — um deles com nacionalidade norte-americana — ensinaram a técnica e criaram uma empresa de fachada, em sociedade com um gaúcho ainda procurado pela Justiça, para supostamente exportar pedras de granito. Em maio de 2016, um dos carregamentos foi interceptado no porto de Itajaí, em Santa Catarina.

— O nome do Paulo Seco não aparece nas nossas investigações, que foram encerradas em dezembro do ano passado. Mas não podemos descartar que eles tenham mantido o esquema mesmo depois das apreensões. As características são semelhantes às apontadas pela investigação da polícia gaúcha — explica o delegado Fábio Mertens.

Para corroborar, está o fato de terem sidos encontrados num sítio usado pelo bando de Paulo Seco, uma retroescavadeira, talhadeiras, furadeiras, pés-de-cabra e outros instrumentos perfurantes que podem ter sido usados para abrir buracos em blocos de granito. Imbé, município vizinho a Tramandaí, fazia parte da rota de exportação de cocaína usada pela quadrilha de traficantes desarticulada pela PF e que contrabandeava drogas inseridas em rochas.

De acordo com Mertens, além dos dois mexicanos, que estão fora do Brasil atualmente, outros quatro brasileiros são considerados foragidos. Ele não revela suas identidades porque o caso corre em sigilo, na Justiça Federal. Os destinos usados para o dinheiro e a cocaína, conforme apontou a investigação federal, eram a Espanha, Bélgica, México e Canadá.

Lucas Correia / Jornal de Santa Catarina
Operação da PF e da Receita Federal descobriu cocaína sendo enviada do porto de Itajaí à Europa

"Normal seria dinheiro da Europa para o Brasil", afirma delegado

— O normal seria imaginarmos o dinheiro vindo da Europa para o Brasil, mas muitas vezes, o esquema criado pelos mexicanos beneficiava a eles mesmos. Eles recebiam o pagamento pela droga que eles mesmos embarcavam. Pode ter acontecido o mesmo em relação à Espanha, em uma continuidade do esquema — diz o delegado federal.

Junto com Paulo Seco, outras oito pessoas foram indiciadas no caso que apurou a tentativa de suborno aos PMs. Quatro seguem presos, incluindo Paulo Seco. Uma pessoa está em prisão domiciliar e outros quatro ganharam o direito de responder em liberdade. Havia, entre os envolvidos, dois colombianos, que foram liberados e não foram mais encontrados pela polícia.

Ao serem interrogados, os suspeitos se mantiveram calados sobre qualquer atividade ilegal. Marino Divaldo Pinto de Brum, atualmente na Modulada de Uruguaiana, que tem antecedentes por tráfico e estava foragido por roubo de caminhão (condenado até 2029), garante que se regenerou e importa calcinhas para vender.

Disse que o dinheiro encontrado com ele (cerca de R$ 100 mil) era proveniente da venda de lingeries. E que os dois colombianos eram vendedores da lingerie. Paulo Seco não falou. Os dois gaúchos continuam presos (Marino na Penitenciária Modulada de Uruguaiana e Paulo Seco na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas, a Pasc). Os dois colombianos não tinham antecedentes em seu país, foram soltos e sumiram.

Divulgação / Polícia Civil
Seco está desde agosto passado. Ele foi detido

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