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Alunos têm aulas no escuro por problema na rede elétrica em  escola de Viamão

Situação que começou no início do ano letivo ainda deve se estender pelos próximos dois meses

20/03/2018 - 08h00min


Jeniffer Gularte
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Omar Freitas / Agencia RBS
Prédio chegou a ser interditado, mas direção decidiu manter as atividades para que estudantes não perdessem mais aulas

— Profe, não estou enxergando. 

Esta é uma das reclamações mais ouvidas pela professora Luciana Souza neste começo de ano letivo. Não é à toa. Os alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental Erico Verissimo, no bairro Lomba do Sabão, em Viamão, começaram as aulas sem energia elétrica, e a previsão não é animadora: devem continuar assim pelos próximos dois meses. 

Um choque elétrico atingiu uma funcionária enquanto fazia a limpeza da escola no dia 23 de fevereiro. Embora ela não tenha se ferido, o acidente apontou um problema grave na fiação elétrica, que precisa ser completamente trocada. Como não se trata de uma obra emergencial e de baixo custo, o Estado precisa fazer um processo de licitação para a escolha da empresa.

O prédio chegou a ser interditado na primeira semana de aula — entre 26 de fevereiro e 2 de março. Porém, para que os 123 alunos não percam mais aulas, a direção optou por começar o ano letivo às escuras.

Por ser bem arborizada, a sombra das árvores e a falta de energia prejudica os alunos do quarto ano:

— Atrapalha a escrita deles. Quando reclamam muito, eu os coloco lado a lado, em frente ao quadro, para aproximá-los. E ainda tem os mosquitos. Trago repelente de casa para usarem. Vamos levando como dá — conta a professora.

Também dando aulas para alunos do primeiro ano, Luciana tem copiado à mão as folhas com as lições do dia para os pequenos:

— Nesta idade, eles não têm condições nem ritmo de copiar tudo do quadro. Não temos como fazer xerox, então, peço ajuda da secretária da escola e copiamos folha por folha. 

A professora do terceiro ano Isabel Cristina Nogueira Pellizone tem feito os xerox por conta própria:

— Mas já está se tornando caro.

Água congelada

Omar Freitas / Agencia RBS
Na cozinha, geladeira e outros eletrodomésticos estão desativados

As mães se organizam para que os filhos, ao menos, não fiquem sem água gelada, já que os bebedouros não funcionam. A dona de casa Fabiana Ferreira dos Santos, 41 anos, congela água em garrafas pet de dois litros para Anderson, nove anos, e Vitor, oito, matarem a sede e poderem repartir com os colegas:

— Só não mando o repelente também porque não tenho condições. Mas eles reclamam dos mosquitos e que não conseguem enxergar. 

Priscila Lemos Costa, 31 anos, mãe de Isadora, oito anos, teme pelos dias chuvosos e frios:

— Se ficar escuro, não tem como ter aula. Vai forçar como as vistas das crianças? Aqui, tudo demora quando se trata de Viamão. Meu medo é que esse prazo não seja cumprido — diz.

A vice-diretora Doris Reis está confiante de que a obra seja feita no prazo, já que o valor necessário para executá-la está na conta da escola:

— Optamos por fazer um serviço completo, que precisa de licitação, para, ali na frente, não ocorrerem problemas de novo.

Ligações irregulares agravaram situação

A Secretaria Estadual de Educação (Seduc) informa que a escola teve o seu poste desligado devido a uma sobrecarga de energia elétrica, no dia 23 de fevereiro. Conforme a CEEE, havia pelo menos 15 residências no entorno do local com ligações irregulares, que prejudicavam o funcionamento adequado do fornecimento de energia para a instituição de ensino, o que acabou agravando a situação.

Segundo a Seduc, as aulas seguem mesmo sem energia elétrica devido ao pedido feito pela comunidade, durante reunião realizada no início do ano letivo.  A secretaria afirma ainda que a substituição completa do sistema elétrico da escola está sendo providenciada e o valor da obra é de R$ 50 mil. 

Questionada se não há alguma forma de acelerar a conclusão do serviço, a Seduc informou que "o processo encontra-se em finalização de projeto, e a expectativa é de que os trabalhos se iniciem em até 30 dias".



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