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Seu problema é nosso

Novo corte de árvores no Parque Chico Mendes preocupa frequentadores, em Porto Alegre

A Secretaria Municipal do Meio Ambiente e da Sustentabilidade (Smams) garante que os vegetais que foram derrubados estavam secos, mortos ou irrecuperáveis

12/06/2018 - 09h53min

Atualizada em: 12/06/2018 - 09h53min


Arquivo Pessoal / Leitor/DG
Frequentador do parque desde 1998, Edemir não concorda com derrubadas

Mais uma vez, o corte de árvores do Parque Chico Mendes causa indignação aos frequentadores do local. Menos de um ano depois de o Diário mostrar a mesma situação ocorrendo na área de preservação na Zona Norte de Porto Alegre, entre os bairros Jardim Leopoldina e Chácara da Fumaça, a prefeitura confirmou que ao menos 14 árvores foram retiradas do parque durante o mês de maio. 

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Segundo a Secretaria Municipal do Meio Ambiente e da Sustentabilidade (Smams), os vegetais estavam secos, mortos ou irrecuperáveis. Mesmo assim, quem costuma andar pelo local se assusta com a cena das árvores tombadas. Frequentador do Chico Mendes desde 1998, o microempreendedor Edemir do Santos, 51 anos, não concorda com a ação: 

— Não podem ser árvores podres, eu vi os troncos, não pareciam ter problemas. 

Arquivo Pessoal / Leitor/DG
Segundo a prefeitura, 14 árvores foram derrubadas no local em maio

Reaproveitamento 

O morador do bairro Parque dos Maias, também na Capital, diz ter experiência na situação. Edemir conta que já trabalhou com corte e remanejo de árvores e não crê na justificativa da administração pública. 

Na reportagem publicada em agosto do ano passado, a Smams negou uma informação de que as árvores estariam sendo vendidas como lenha. A secretaria informou que os troncos seriam reaproveitados no parque para construção de escadas e bancos que ficariam no local. 

Entretanto, cerca de dez meses depois, os materiais ainda não apareceram, conforme conta Edemir: 

— Nem a mesa de concreto que as equipes quebraram na primeira derrubada foi consertada. 

Divulgação / PMPA
Tronco apodrecido, segundo imagem enviada pela Smams

Biólogo atesta necessidade de corte dos vegetais

Consultado pela reportagem, o biólogo e doutor em Ecologia Jackson Müller analisou as fotos das vegetais derrubados no parque da zona norte da Capital e encontrou a formação de necrose no tecido vascular de uma das árvores, o que seria razão para o corte:

— Já tivemos casos de pessoas atingidas por queda de árvore em Porto Alegre, o que pode estar contribuindo para a adoção de medidas de controle. Se o parque é frequentado pela comunidade, pode ser prudente o manejo dessas espécies. De outra forma, também é adequada a reposição das que foram cortadas por árvores nativas, como compensação. 

O biólogo aponta, nas imagens, eucaliptos, uma espécie não nativa e cuja remoção "se justifica diante de alguma situação de risco, ou mesmo para dar condições de crescimento às árvores nativas", conforme Jackson. 

Destino: estação de transbordo 

Procurada, a Smams explicou que os vegetais que não têm condições de reutilização são encaminhados para a estação de transbordo do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), que fica na Lomba do Pinheiro, Zona Leste. Mas o órgão garantiu que os cortes no Parque Chico Mendes são feitos somente em árvores com estado fitossanitário comprometido e risco de queda. 

A Smams encaminhou ao Diário imagens de troncos que foram reaproveitados para construção de bancos. 

Divulgação / PMPA
Reaproveitamento de tronco feito no Parque Chico Mendes

*Produção: Alberi Neto

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