Polícia



Apesar da legalização

Facção gaúcha é investigada por fornecer maconha ao Uruguai

Criminosos do país vizinho não estão dando conta da grande procura e oferecem droga mais barata do que o preço estipulado pelo governo

06/12/2018 - 21h42min

Atualizada em: 06/12/2018 - 21h43min


Cid Martins
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Cid Martins / Agencia RBS
Polícia cumpre dez mandados judiciais

 A Polícia Civil investiga há sete meses uma rede de tráfico internacional envolvendo uma facção criminosa que tem base no Vale do Sinos e criminosos do Uruguai

Mesmo com a legalização da maconha no país vizinho, há grande procura pela droga no mercado paralelo. Isso porque, segundo a polícia, traficantes revendem a droga por um preço três vezes inferior ao estipulado pelo governo nas farmácias e nos clubes “canábicos”.   

De acordo com o Departamento de Investigações do Narcotráfico (Denarc), os traficantes uruguaios não estão dando conta da demanda e passaram a importar drogas do Rio Grande do Sul.  

Os traficantes gaúchos enviam maconha, além de crack e cocaína e carros clonados ao Uruguai. As drogas são transportadas em carros e ônibus. O país vizinho paga os produtos em dinheiro ou em armas para abastecer o grupo gaúcho. 

Para conter essa rede, cerca de 50 agentes cumprem nesta quinta-feira (6) dez mandados judiciais, três de prisão e sete de busca e apreensão em São Leopoldo, Novo Hamburgo, Viamão, Canoas e Jaguarão. 

Durante a investigação, houve ações pontuais e monitoramento do grupo. Drogas foram apreendidas e três pessoas foram presas no RS, sendo dois uruguaios. Uma parte da droga que chegava ao Estado estava sendo encaminhada para as cidades uruguaias de Melo, Rio Branco e Montevidéu.  

Investigação 

O delegado Guilherme Calderipe, titular da 1ª Delegacia do Denarc, ressalta que o Estado passou a ser uma espécie de intermediador do tráfico, já que a maconha sai do Paraguai e ingressa no Uruguai principalmente por Jaguarão, cidade da região Sul do RS que está na fronteira. 

– Esse esquema era responsável por irrigar e abastecer parte do narcotráfico da fronteira e do país vizinho – diz Calderipe.   

Sistema de troca 

O foco da chamada operação Terminus é combater o tráfico por meio de rotas rodoviárias para enviar drogas e também carros clonados ao Uruguai. Estes eram pagos com dinheiro e armas na fronteira por traficantes do país vizinho.  

O esquema era realizado de dois em dois dias, utilizando estradas diferentes e revezando também o tipo de veículo: uma vez por carros e outra por coletivos.  

As negociações, segundo o Denarc, eram feitas principalmente entre o uruguaio Juan Daniel Pereira González - que já está preso - e Gelson Luís Lemos, o Porcão, investigado pela polícia por ser apontado como líder da facção que tem base no Vale do Sinos. 

Porcão foi detido hoje em São Leopoldo, no Vale do Sinos. Ele  tem antecedentes criminais desde 1993 por tráfico, associação, roubo, roubo de carga e fraude. E estava sendo monitorado por tornozeleira eletrônica.

Além dele, Gabriel Cardoso da Silva, apontado como um dos líderes da facção, foi detido em Pelotas, e o uruguaio Wiston Jean Barrios foi preso em Jaguarão.

Em um período de sete meses foram monitoradas  ao menos 30 viagens com envio de drogas do Vale do Sinos para a fronteira e para abastecer parte do tráfico uruguaio.  

– É a primeira ocasião em que em uma investigação no Denarc, após a alteração legislativa no Uruguai, foi realizada para comprovar a ligação de facção gaúcha no abastecimento de drogas do país vizinho – diz o diretor de Investigações do Denarc, delegado Mário Souza.  


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