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Coluna da Maga

Magali Moraes e o que os óculos ensinam

Colunista escreve às segundas, quartas e sextas-feiras no Diário Gaúcho

03/01/2019 - 16h44min


Fernando Gomes / Agencia RBS
Magali Moraes

Comecei o ano filosofando, me aguenta que logo passa. É que cheguei a importantes conclusões sobre o uso de óculos. Não os de sol, que são estilosos e disfarçam a cara de sono. Tô falando dos malditos óculos pra ler, aqueles que a gente tenta evitar, estica o braço até não poder mais, e acaba assumindo de vez. Ano passado, cansei de passar trabalho. A testa enrugava, de tanto apertar os olhinhos pra enxergar as telas do computador e do celular. Letras tamanho GG não resolviam mais.

Ao aceitar os óculos, tive que rever alguns conceitos. A limpeza, por exemplo. Quantas vezes critiquei quem usava óculos imundos? Muitas! Do alto da minha ignorância, eu achava que a pessoa era porca. Que nem se importava de ver o mundo por trás de lentes cobertas por impressões digitais. Hoje eu vejo que errei. Por Deus, é praticamente impossível manter as lentes sempre limpas! Até quem é doido por limpeza desiste. Ou gastará a água do Planeta lavando os óculos.

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Cascata

Mas nada se compara aos aprendizados que terei nesse verão. Morderei a língua até sangrar. Eu achava moleza usar óculos no calor. Como eles embaçam!! O alto do nariz vira uma cascata. As olheiras criam poças d'água. Melhor pegar o rolo de papel toalha. Esse é o primeiro verão oficialmente de óculos. E tem o agravante de morar em Porto Alegre, um forno a céu aberto. Os porto-alegrenses deveriam ser poupados de problemas de visão. Ou já nascerem com lentes de contato.

Outro ensinamento: usar óculos desperta a empatia. Se os nossos estão momentaneamente limpos, oferecemos ajuda a quem mal consegue enxergar por causa da sujeira nas lentes. Um lencinho. A barra da camisa. Um pano macio. Que prova de humanidade é doar borrifadas de spray limpador para as lentes de alguém! Meus olhos já não conseguem ler sem ajuda. Meus óculos oferecem mais que grau. Me ensinam a focar naquilo que importa. Me dão a chance de enxergar além, e ver a vida com menos cobranças.



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