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Bairro Niterói

Por medo da contaminação por cromo, moradores abrem mão de suas hortas em Canoas

Enquanto resultados sobre contaminação não saem, ele não consomem alimentos cultivados no solo do local

14/02/2019 - 07h00min


Jeniffer Gularte
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Félix Zucco / Agencia RBS
Paulo lamenta pelas árvores frutíferas do seu terreno - frutos não podem ser consumidos

Ainda sem saber a dimensão exata da contaminação por cromo VI, moradores do Bairro Niterói, em Canoas, deixaram de cultivar suas hortas por medo de consumir alimentos contendo o metal pesado, que é cancerígeno. Segundo a Fepam, responsável pela investigação, a empresa contratada para estudar a área tem até o dia 28 de fevereiro para entregar o relatório. A partir daí, a Fepam terá um prazo para analisar o trabalho e checar a extensão da contaminação. 

A Cromagem São Vicente, responsável pelo vazamento, está com atividades suspensas desde 18 de dezembro.

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Enquanto aguardam respostas, moradores vivem em meia à incerteza. O cenário do pátio da casa da costureira Maria Fialho, 60 anos, mudou completamente desde que houve o alerta de contaminação feito pela prefeitura, no começo de dezembro. Ela decidiu abrir mão da horta onde cultivava couve, alface e temperos. O espaço verde em frente à sua casa foi tapado com concreto e, agora, é ocupado por uma piscina de plástico:

– Não tinha como manter a horta. Há cinco anos, tudo o que consumíamos de hortaliças vinha da minha horta. Mas sem respostas se os alimentos estavam contaminados ou não, decidimos passar concreto por cima.  

Félix Zucco / Agencia RBS
Onde mantinha sua horta, dona Maria colocou uma piscina: costureira, agora, voltou a frequentar a feira

Agora, Maria retomou o hábito de ir à feira toda quarta-feira, para comprar alimentos aos quais, antes, tinha acesso em casa.  A costureira não desistiu de cultivar plantas em casa. Ainda pretende fazer uma horta suspensa. 

– Mas, quando fizer isso, trarei terra de outro lugar – prevê.

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Possibilidade

Assim que se mudou para a casa onde vive, há cinco anos, o policial aposentado Paulo Marques, 59 anos, reservou uma parte do terreno para a esposa, Claudete, 58 anos, cultivar uma horta. A área ampla, com 26 árvores frutíferas, diversos tipos de chás, temperos, ervas, hortaliças e flores, hoje, está abandonada. Pepinos estão apodrecendo e o viveiro de uvas já tem frutos completamente secos.

– Não podemos consumir nem dar para ninguém. Aí, apodrecem. Essa horta nunca esteve neste estado. Esses dias, coloquei um cacho de bananas enorme fora. Tá vendo esse pé de graviola? Essa fruta é maravilhosa. Estamos esperando amadurecer para colocar fora – lamenta ele. 

Ele e a esposa avaliam a possibilidade de vender a casa, que foi adquirida justamente por já possuir um pomar. 

– A carência de informações é o pior, porque só nos gera mais desconfiança – diz.


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