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Coluna da Maga

Magali Moraes e as novas formas de TOC

Colunista escreve às segundas, quartas e sextas-feiras no Diário Gaúcho

29/11/2019 - 10h00min


Fernando Gomes / Agencia RBS
Magali Moraes

O nome assusta um pouco: Transtorno Obsessivo Compulsivo. Mas ele é nosso velho conhecido. Todo mundo tem pelo menos um TOC pra chamar de seu. Sabe aquela mania de organizar tudo e não deixar ninguém tocar? Não é mania, é TOC. O ritual de sair de casa depois de conferir se as quatro bocas do fogão estão desligadas? E ao bater a porta, voltar pra ter certeza que fechou mesmo? É TOC dos bons. Arrumar os cabides pela cor das roupas, das mais claras às escuras? Esse é um TOC lindo de ver.

Me sinto uma pessoa normal justamente porque sou uma feliz proprietária de vários TOCs. Eles não fazem mal a ninguém, só a mim às vezes. A gente se acostuma com tudo nessa vida. Caminhar sem pisar nos rejuntes das lajotas é brincadeira inocente até uns 10 anos de idade. Depois disso já configura TOC. Criar incontáveis grupos no Whats não é TOC, é chatice mesmo. Preocupação constante com limpeza é certo que é TOC. Desconfie de quem está sempre com os vidros de casa limpos. 

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Muito se fala sobre TOC tradicional, e acho que o pessoal esquece de observar as novas formas compulsivas. Será que curtir tudo nas redes sociais já não virou TOC? E andar sempre com o celular na mão, com medo de perder essa extensão do nosso braço e cérebro? Tenho reparado nos meus hábitos com o refil das coisas. O pó novo de Nescafé, por exemplo. Eu sempre misturo ele com o restinho antigo que ainda tem na embalagem. Faço o mesmo com o arroz. Não poder ver o fundo vazio é TOC? 

Alguém aí arruma as notas de dinheiro do valor maior pro menor? Um clássico! Uma nova forma de TOC financeiro é passar o cartão. A gente mal enxerga aquela maquininha e já manda ver: débito, crédito, débito, crédito. É TOC? É não ter noção de que aquele pedaço de plástico é dinheiro sumindo. É falência geral. Garanto que você tá lendo e pensando nos seus TOCs. Calma que ler essa coluna toda segunda, quarta e sexta não significa TOC. É uma nova forma de carinho. Obrigada! 



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