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Coluna da Maga

Magali Moraes e a unha preta

Colunista escreve às segundas, quartas e sextas-feiras no Diário Gaúcho

15/04/2020 - 09h00min


Fernando Gomes / Agencia RBS
Magali Moraes

Não é de esmalte, mas já usei muito unha pintada de preto. Não é sujeira de terra, se bem que eu adoraria estar agora mesmo enfiando as mãos em algum vaso, plantando uma mudinha no canteiro, revirando a grama atrás de inço. Minha unha preta é de moscona mesmo. Nem vou contar como aconteceu porque você não acreditaria. Foi cena de filme. Deixa assim, na hora eu também não acreditei. Só digo que doeu, sangrou, machucou. Dedão esquerdo, um terço da unha preta, visualiza aí.

Toda manhã eu olho pra ela, na esperança de ver a situação normalizada. Mas o que é normal hoje em dia, né? Depois de tantos roxos nos joelhos e canelas, o dedão foi premiado. Sendo bem otimista, reparei que o preto está virando um cinza chumbo levemente arroxeado. Vai longe a coisa ainda. Então decidi comemorar o mêsversário da minha unha preta, numa tentativa de melhorar nossa relação. Sempre impliquei com essa mania do mêsversário, mas na quarentena vale tudo pra passar o tempo.

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Uma unha preta diz muito sobre a pessoa. Estabanada? Com a cabeça nas nuvens? Azarada? Estava na hora errada e no lugar errado? Eu não posso ver uma unha preta que já quero perguntar o que aconteceu (nem me pergunte, não vou contar). Em criança, dá peninha. Em adulto, vem logo o julgamento. "Não prestou atenção ao que estava fazendo?!". Ou a incredulidade. "Se machucou de novo?!". Sério, que vontade de fechar a mão, mirar e… Peraí. Melhor não arriscar a pretear outra unha.

Ah, nem se nota a minha unha preta. Isso porque as cutículas já cobriram tudo, feito mato crescendo solto em terreno baldio. Os cantinhos levantam e inflamam, eu corto errado e só piora. O que mais dói é a vaidade. Sem esmalte, sem lixar direito. A pele ressecada de tanto lavar as mãos e passar álcool gel. Um dia, eu tive unhas bem cuidadas. Nesse momento, não importa. A quarentena nos faz repensar as prioridades. A unha vai clarear, o sol vai seguir nascendo amanhã, tudo isso vai passar.



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