Polícia



Balanço da ofensiva

E as mortes esfriaram na Região Metropolitana

Desde a chegada dos PMs do Interior, índice de homicídios caiu. Período coincide com aumento do frio e das chuvas, que tradicionalmente freiam a criminalidade

12/07/2012 - 06h15min

Atualizada em: 12/07/2012 - 06h15min


Queda foi de 20,2% de homicídios em relação com os 60 dias anteriores

Eram 20h30min de terça-feira passada quando uma moradora da Vila Grécia, no Bairro Agronomia, foi surpreendida por um homem ferido, cambaleante. Ele entrou no pátio e caiu sem vida próximo da porta. Estava ferido a tiros e pauladas. Até ontem, seguia sem identificação no DML.

Diante da estratégia da Brigada Militar, a morte parece uma afronta àquele que é considerado o maior desafio do policiamento este ano. Afinal, ocorreu na área mais preocupante da Capital: o limite das zonas Norte e Leste.

Neste ano, redução de 20,2%

Na noite de terça, completaram-se os primeiros dois meses de reforço das duas regiões de Porto Alegre, além de Alvorada, Viamão, Gravataí e Cachoeirinha. E os números foram positivos. Conforme o levantamento do Diário Gaúcho, houve queda de 20,2% nos homicídios nesses municípios na relação com os 60 dias anteriores. Os números coincidem com os da Brigada.

Contudo, a explicação para a queda vai além do reforço da patrulha. O frio e a chuva, comuns entre maio e julho, contribuem para a diminuição.

- Nesse período é comum os criminosos se encolherem um pouco, realmente. É preciso esperar um intervalo maior para termos a noção exata da repercussão das nossas ações - disse o comandante do CPM, coronel Silanus Mello.

Em 2011, queda de 16,1%

Fazendo o mesmo comparativo entre bimestres no ano passado, sem ofensiva da Brigada Militar, houve queda de 16,1% nos crimes das cinco cidades.

O responsável pelo policiamento da Capital, coronel Paulo Stocker, discorda da influência do frio:

- A prioridade no combate aos homicídios se verificou exatamente a partir de junho do ano passado, quando começou uma curva ascendente nos índices. Recebemos o reforço baseado nesse aumento verificado no começo desse ano. A única comparação justa é com o período anterior à chegada dos policiais.

No entanto, ele admite que há preocupação para quando a temperatura voltar a subir. Os comandantes negociam com o governo a permanência dos reforços ao menos até o começo da Operação Golfinho, no fim de novembro.

Reforço policial

A ofensiva da Brigada Militar começou em 11 de maio, com remanejo de 200 PMs do Interior.

Na Capital, a Zona Norte recebeu 50 PMs e a Zona Leste ficou com 25 PMs.

Outros 125 PMs foram divididos entre Alvorada, Cachoeirinha, Gravataí e Viamão.

Inicialmente, a ação duraria 60 dias, mas já foi prorrogada até setembro.

A tentativa dos comandantes é estender a ação até o final de novembro.

Em Alvorada, balanço empatado

Uma curiosidade na análise dos dois meses de reforço aparece justamente no município da Região Metropolitana onde há o maior índice de homicídios no ano. Desde a chegada dos PMs, foram 18 homicídios em Alvorada, representando uma queda de 25% em relação ao verificado dois meses antes (24 casos).

Entre o começo de maio e o início de julho do ano passado, aconteceram 15 assassinatos contra 20 nos 60 dias anteriores. Ou seja, exatos 25% de queda dentro do período analisado.

- Estamos aprimorando nossas ações de policiamento, mas as características dos homicídios seguem as mesmas. As vítimas e os autores, em geral, já têm antecedentes criminais - explicou o coronel Silanus.

Coronel faz reivindicação

Segundo o comandante, enquanto o sistema prisional não mudar, só o policiamento e a investigação não vão resolver no combate à criminalidade.

Mais crimes na Lomba do Pinheiro

Na divulgação dos seus números, a BM considerou apenas os homicídios nas duas áreas priorizadas pelo reforço na Capital, ignorando a hipótese de os criminosos terem migrado para outras áreas.

Se o Extremo Norte de Porto Alegre, vigiado pelo 20º BPM, teve queda de 40%, o efeito foi contrário na Zona Leste. Houve 11 homicídios desde 11 de maio, um acréscimo de 80% em relação aos dois meses anteriores.

Ainda é cedo para repensar

- O 19º BPM recebeu a metade do efetivo do 20º BPM. Mas é cedo para falarmos em reforçar o Leste. Precisamos avaliar com cuidado se essa não foi uma situação pontual, que se resolva com o serviço de inteligência mais apurado - afirmou o coronel Stocker.

Nova zona de conflito

A maior parte das mortes estariam relacionadas a um conflito entre jovens das vilas Mapa e Quinta do Portal, na Lomba do Pinheiro. De acordo com o delegado Cléber dos Santos Lima, da Delegacia de Homicídios, do Deic, a região é uma das que mais preocupam atualmente na cidade.

Planilha DG sobre homicídios em 2011

Total

De 11/3 a 10/5: 118
De 11/5 a 10/7: 99
Queda de 16,1%

Alvorada
De 11/3 a 10/5: 20
De 11/5 a 10/7: 15
Queda de 25%

Gravataí
De 11/3 a 10/5: 12
De 11/5 a 10/7: 9
Queda de 25%

Viamão
De 11/3 a 10/5: 11
De 11/5 a 10/7: 12
Aumento de 9,09%

Porto Alegre
De 11/3 a 10/5: 69
De 11/5 a 10/7: 61
Queda de 11,5%

Cachoeirinha*
De 11/5 a 10/6: 6
De 11/6 a 10/7: 2
Queda de 66,6%

Crimes antes e depois da ofensiva de 2012

Total
60 dias antes: 138
60 dias depois: 110
Queda de 20,2%

Alvorada
60 dias antes: 24
60 dias depois: 18
Queda de 25%

Gravataí
60 dias antes: 16
60 dias depois: 7
Queda de 56,2%

Viamão
60 dias antes: 15
60 dias depois: 12
Queda de 20%

Porto Alegre
60 dias antes: 77
60 dias depois: 70
Queda de 9,09%

Cachoeirinha*
30 dias antes: 6
30 dias depois: 3
Queda de 50%

(*) Período é menor em função de a ofensiva da BM ter chegado à cidade 30 dias depois.


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