A Fundação de Atendimento Socioeducativo (Fase), em Porto Alegre, irá transferir 20 internos que se rebelaram em uma das unidades por volta das 22h desta sexta-feira.

A confusão teria começado com uma briga na ala A do Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) POA 1, na Vila Cruzeiro, em Porto Alegre, quando adolescentes desciam para a quadra de esportes.

Dois agentes teriam sido atingidos com socos e feridos sem gravidade pelos adolescentes. Conforme a promotora Sônia Corrêa, quatro internos também tiveram ferimentos leves e foram levados ao Hospital de Pronto Socorro (HPS).

- Não fomos mais agredidos pelo vínculo que os adolescentes têm conosco. A casa está superlotada. O sindicato já estava avisando a direção há tempo de que uma rebelião ia acontecer - disse a funcionária Alessandra Maia.

Após o início da confusão, os 15 funcionários que estavam no local conseguiram fugir e trancar os adolescentes no prédio. Nos dormitórios, os internos teriam ateado fogo em colchões, provocando uma confusão generalizada nas alas A e B, que abrigam 126 adolescentes - o dobro da capacidade, que é de 62 internos.

O fogo foi controlado pelo Corpo de Bombeiros por volta das 22h30min, depois que policiais militares entraram no local. A Polícia Civil também foi chamada.

- O que encontramos foi uma tela da quadra derrubada e colchões queimados. A situação foi controlada pela Brigada Militar - afirmou o capitão do Corpo de Bombeiros Fabrício Jung Zaniratti.

Presidente da Fase, Joelza Mesquita esteve na unidade e afirmou que a confusão teria começado com uma briga entre internos. Ela também admitiu a superlotação.

Entrevista

Joelza Mesquita, presidente da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Fase)

Zero Hora - O exatamente aconteceu nessa unidade da Fase?

Joelza Mesquita - Esta é uma situação que acontece de vez em quando e que sempre acontece quando se juntam muitos meninos em um espaço apertado. Tudo começou por causa de uma briga por roupa, algo neste sentido, e isso já foi motivo para poderem brigar entre si. Por mais que a gente tente separar, juntam meninos que são de facções diferentes, esta é uma casa que tem muitos meninos de primeiro delito, meninos mais jovens, de compreensão física mais baixa e que infelizmente estas coisas acontecem.

ZH - Quantas pessoas ficaram feridas?

Joelza - Até agora não vi nenhum monitor ferido, pelo menos ainda não chegou para mim. Os meninos feridos estão sendo atendidos.

ZH - Já se sabe o dano material causado?

Joelza - Tivemos alguns colchões queimados, vamos ter de substituir, algumas grades foram arrebentadas. Como cerca de 10 quartos ficaram danificados, 20 meninos serão transferidos

ZH - Como que eles conseguiram colocar fogo nos colchões?

Joelza - Não sei. A gente tem uma casa que está superlotada e por isso enfrenta algumas dificuldades. Estamos tentando resolver com a construção de quatro novas casas.