Hora do desencontro
"Perdi meu marido", disse dona Beatriz antes de sumir em Santuário
A amiga Lorena Cunha conta o que disse a idosa na hora do desencontro em Aparecida, em São Paulo
Passados dez dias do desaparecimento da dona de casa Beatriz Joanna Von Hohendorff Winck, 77 anos, o Diário Gaúcho voltou a Portão, no Vale do Sinos. Desta vez, para ouvir duas companheiras de viagem de Beatriz e do marido, Delmar Winck, 82 anos, que também estavam na excursão ao Santuário de Aparecida, no interior de São Paulo.
Diálogo na loja de velas
Diferentemente das outras viagens, em que pouco conversava, naquele domingo em Aparecida (SP), Beatriz estava falante. Perguntou a idade da companheira de viagem Lorena Cunha, 73 anos, e conversaram sobre a outra vez em que haviam estado no santuário.
Segundo Lorena, na manhã de domingo, dia 21, em uma loja de velas, Beatriz virou-se para Lorena e disse:
- Perdi meu marido. Estou muito cansada. Vou para casa.
Essas foram as últimas frases antes de Beatriz sumir em meio a 200 mil romeiros no complexo da Padroeira do Brasil.
Na verdade, Delmar estava na loja pagando uma compra que o casal havia feito. Ao sair, não achou a mulher. A partir daí, os companheiros de viagem começaram a procurar pela idosa.
- Tenho rezado todos os dias por ela. Para que a achem bem - disse Lorena.
A amiga retornou a Portão no sábado: a excursão passou por Holambra (SP) e Poços de Caldas (MG).
Com os pés cheios de bolhas
Emocionada, a aposentada Elcira Collet, 81 anos, conta em detalhes o que ocorreu antes e depois do sumiço da amiga e comadre Beatriz. Elcira e uma cunhada viajavam no mesmo grupo.
Chegaram à cidade pela manhã e decidiram almoçar. A aposentada voltou para o hotel para descansar, e Beatriz disse que ficaria ali com o marido.
"Não queria nem comer"
A aposentada lembra:
- Era por volta das 15h30min quando eu voltei para o santuário e o Delmar veio correndo na minha direção e disse: "Comadre, perdemos a Beatriz!".
Sem entender muito bem, ela ajudou nas buscas pela amiga.
- Na basílica, não teve um cantinho onde não procuramos. Fizemos isso quatro vezes naquele domingo - conta a idosa.
Coube a Elcira ficar com Delmar e tentar acalmá-lo:
- Ele já estava com os pés cheios de bolhas. Não queria nem comer.
Três mil panfletos
No domingo, a família distribuiu 3 mil panfletos aos romeiros no santuário. Os pedidos de ajuda foram feitos também durante as missas. Familiares já conversaram com motoristas de ônibus de excursões. Mas a hipótese de que ela tenha embarcado num veículo está quase descartada.
As buscas se intensificaram no domingo, depois da informação de que Beatriz teria sido vista vagando em um bairro de Aparecida na companhia de uma mulher. Pelas descrições, as roupas se assemelham às da idosa no dia 21. Ontem, não houve novidade sobre esta pista.
Entenda o caso:
Beatriz e Delmar saíram de Portão no sábado, dia 20, com um grupo de 30 turistas. O grupo visitaria Aparecida e Holambra (SP) e Poços de Caldas (MG).
Na tarde de domingo, a idosa desapareceu dentro do Santuário Nacional de Aparecida. Os amigos e o marido fizeram buscas, mas não a localizaram.
Na segunda-feira, o filho e um genro da idosa foram à Aparecida ajudar. Junto com Delmar, têm percorrido a cidade distribuindo cartazes e panfletos com foto de Beatriz.
A polícia paulista investiga o caso, mas até a tarde de ontem, não havia chegado a uma pista concreta.