Polícia



Esteio

PMs são suspeitos de agressão a jovem

Aparentemente por causa de uma briga de vizinhos, policial militar pediu ajuda a colegas, invadiu uma casa e espancou jovem de 20 anos. Brigada e Civil investigam

18/12/2012 - 07h20min

Atualizada em: 18/12/2012 - 07h20min


Ferido nas costas, Rivelino teve a camisa rasgada

Um vídeo postado no Youtube na noite de domingo, e que na tarde de ontem já havia alcançado mil visualizações, é a principal prova que a Polícia Civil tem para investigar uma denúncia de abuso praticada por policiais militares de Esteio. Feitas com um celular, sábado, as imagens são um capítulo da história que havia começado dias antes.

Conforme o relato do montador de andaimes Rivelino de Souza da Rosa, 20 anos, na noite de quinta, quando voltava do trabalho, ele quase foi atropelado pela moto do vizinho, filho de um PM do 34º BPM. Houve discussão entre os dois jovens. Na tarde de sábado, o PM, acompanhado de um colega, teria ido à casa do rapaz, vizinha a sua, "resolver a questão".

- Ele me chamou no portão, perguntou se eu estava com problema com o filho dele, e pediu os meus documentos. Não dei e voltei para dentro de casa - conta Rivelino.

"O problema dele é comigo"

Segundo o rapaz, foi nesse momento que o soldado (e vizinho) Idiney Oliveira de Ávila tentou segurá-lo pela camiseta, que rasgou. Sogra de Rivelino, Silvia Regina da Silva Martins Pereira, 43 anos, saiu à rua para falar com os policiais.

- Eu disse para ele (PM) que o problema dele é comigo. Ele me empurrou. Eu e meu genro voltamos para dentro de casa, e ele (PM) chamou reforço. Eu chaveei e, em seguida, eles pedalaram a porta e já entraram batendo em todo mundo.

Segundo Silvia, ela e o vizinho têm rusgas desde 2010, por causa do barulho do cão dela. Uma das pessoas que estavam na casa pegou o celular e filmou o momento em que os brigadianos seguram Rivelino e outro PM o agride com socos. O rapaz é colocado no chão, algemado e retirado do local.

"Se houve a agressão, é crime"

Para o comandante do 34º BPM, tenente-coronel Andreis Dal'Lago, os dois soldados contaram outra versão. Idiney disse ter ido em casa para fechar o portão que a mulher havia deixado aberto, quando foi abordado por Rivelino, que teria perguntado porque ele o estava perseguindo. Os dois teriam discutido, e o rapaz teria agredido o PM com um soco na cabeça. O outro soldado, na tentativa de conter o jovem, foi agredido em um dos braços com uma tijolada.

- Os PMs estavam feridos e pediram por reforço pelo rádio. Os PMs adentraram a residência para prender o agressor dos colegas - acredita o comandante.

Andreis disse já ter assistido ao vídeo feito na casa.

Atitude normal, avalia o comando

Questionado sobre a quantidade de PMs no local (segundo a família, oito viaturas e ao menos 12 PMs), ele disse se tratar de um procedimento normal, necessário para conter um agressor, e argumentou que não tinha no batalhão oito viaturas rodando naquela tarde.

- O vídeo será anexado ao Inquérito Policial Militar (IPM). Por enquanto, temos duas teses e vamos apurá-las. Se houve agressão, é crime, e deve haver punição - disse o tenente-coronel.

O IPM tem prazo de 40 dias para ficar pronto, prorrogável por mais 20 dias. O soldado Idiney e os demais que aparecem no vídeo, segundo o comandante, não serão afastados preventivamente.

Três horas no quartel para um registro

Rivelino foi levado por PMs ao Hospital São Camilo, em Esteio. E depois ao 34º BPM, a menos de três quadras da casa do rapaz. Lá, ele conta que ficou por três horas. Enquanto isso, a família procurou por ele no hospital, na DP de Esteio e na DPPA de Canoas. Só depois descobriram que o jovem permanecia com os PMs.

Após assinar um Termo Circunstanciado (espécie de inquérito para delitos de menor potencial ofensivo), Rivelino foi liberado. Sangrando, foi levado pelos familiares à delegacia, onde registrou ocorrência por agressão.

Vítima procurou Ministério Público

Ontem, ele fez exames de lesões corporais no Hospital Universitário de Canoas, e foi ao Ministério Público relatar os abusos.

- Já determinei a abertura de um inquérito e vamos ouvir todas as partes. Vamos apurar porque a casa foi invadida e porque ele foi agredido - disse o delegado Leonel Baldasso.


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