Violência
Solucionada a morte de Pelezinho na Vila Cruzeiro, na Capital
Polícia acredita ter chegado aos autores do homicídio de Adriano Santos dos Santos, o Pelezinho, morto por engano em dezembro passado, na Vila Cruzeiro
Três meses depois do crime, a polícia chegou aos assassinos do menino Adriano Santos dos Santos, o Pelezinho, executado aos 14 anos, a tiros de 9mm e calibre 12, na entrada do beco onde morava com a família, na Vila Pedreira, dentro da Cruzeiro, Bairro Cristal, Zona Sul da Capital. De acordo com os investigadores da 5ª DHPP, a hipótese de que o menino fora morto no lugar dos irmãos mais velhos foi confirmada.
- Havia um desentendimento entre os irmãos da vítima, que eram da Vila Pedreira, e outros jovens na Vila do Cantão. Eles teriam ido àquele local para matar um dos desafetos - explica o delegado Luciano Peringer, no inquérito encerrado ontem.
No começo da semana, foi preso Anderson Batista Ávila de Oliveira, o Titolé, 24 anos. Também foi indiciado pelo homicídio, e agora é considerado foragido, o provável líder do bando, identificado como Rafael Moraes Ferreira, o Ronca, 22 anos. Os agentes ainda trabalham para identificar outro suspeito, até agora conhecido apenas como Minhoca.
O inquérito também foi entregue ao Deca, que investigará a participação de um adolescente, conhecido como Rato.
Matadores fugiram de táxi
De acordo com a apuração da polícia, por volta das 21h do dia 6 de dezembro, quatro homens teriam embarcado em um táxi na Rua Otávio de Souza, onde fica a Vila Cantão, e pediram uma corrida para a Rua Ursa Maior, em direção à Vila Pedreira. Ao verem o garoto, desceram do carro, gritando que eram policiais. O menino não teve reação. Acabou atingido pelos tiros em praticamente todo o corpo, principalmente na cabeça, e morreu no local. O grupo fugiu no táxi - haviam obrigado o motorista a esperar, ameaçando-o com uma arma.
- A maior dificuldade foi quebrar o silêncio das testemunhas e começar a esclarecer o caso. Todos que tiveram coragem de falar declaram que os suspeitos andavam armados e sem medo de punição - aponta o chefe de investigação Mauro Nascimento.
Família foi embora
O medo depois da perda do guri forçou até mesmo a despedida da família. A mãe foi embora de Porto Alegre com os filhos mais velhos, que seriam os alvos dos matadores. Vivem agora no Litoral. Em depoimento à polícia, um deles relatou que tinham medo de serem surpreendidos a qualquer momento na casa em que viviam.
Pelezinho nunca teve envolvimento com a criminalidade. Aos 14 anos, era uma promessa do futebol na Vila Cruzeiro. Treinava na escolinha do Inter e tinha o sonho de se tornar um profissional.
Baile funk é a raiz do conflito
O roubo de um moletom durante um baile funk teria sido o estopim do conflito entre os jovens da Vila Pedreira e da Vila do Cantão. Mas a polícia não descarta o envolvimento das gangues de jovens também no tráfico de drogas.
Pelezinho nunca teve qualquer envolvimento com a criminalidade. Estava na escolinha de futebol do Inter e era apontado como uma promessa no futebol - daí o apelido.
Sua morte teria sido o terceiro capítulo da briga começada no baile. Antes, um dos irmãos dele já havia sido alvo de tiros, mas naquela oportunidade os inimigos erraram o alvo.
A polícia investiga informações que ligariam a briga ao assassinato a tiros do adolescente Cristian Batista dos Santos, 17 anos, em abril do ano passado, também na Vila Cruzeiro. O caso ainda está em aberto.