Confusão
Palestra termina em tumulto entre alunos e polícia em escola na Capital
Seis jovens foram encaminhados ao Deca após a briga
O que era para ser uma reunião escolar com medidas educativas para os alunos mais bagunceiros transformou-se em tumulto, com PMs e adolescentes feridos, mães desesperadas, viaturas apedrejadas e muito tumulto. O incidente ocorreu na tarde desta terça-feira na Escola Estadual José do Patrocínio, na Restinga Velha, Zona Sul de Porto Alegre.
Cinco meninos (quatro com antecedentes criminais) e uma menina foram encaminhados ao Deca - alguns por desacato, outros por dano a patrimônio público. A polícia descobriu que um deles, de 15 anos, estava foragido da Fase, onde deveria cumprir medida socioeducativa por crime de tráfico.
Por volta das 15h, a direção da escola reuniu, na sala de vídeo, cerca de 25 alunos considerados indisciplinados. A ideia, conta a vice-diretora Magnólia Cortes Gomes, era dar uma palestra educativa a todos. Um sargento, que trabalha no posto móvel da BM anexo à escola, foi chamado para garantir a ordem. Ele foi até a sala e, segundo relato de professores e de PMs, um dos alunos começou a insultá-lo. O PM de 52 anos teria pedido pelo menos três vezes para ele parar, mas o menino teria se negado e, então, recebido voz de prisão. Como o rapaz negou-se a se entregar, o policial chamou reforço e, em minutos, mais três brigadianos foram à sala. Houve luta entre os PMs e cerca de 15 adolescentes - seis deles foram apreendidos. Por telefone, os policiais pediram reforços e relataram o ocorrido. O que estava ruim, piorou bastante.
Duas viaturas foram ao local. Enquanto policias exibiam espingardas, outros, com cassetetes, agrediam todos que estavam no corre-corre que, a essa altura, havia se formado no entorno do colégio, na esquina das ruas Da Abolição e Belize. Mães de alunos asseguram que houve excesso da Brigada Militar. As aulas foram canceladas.
- Meu filho só não foi levado ao Deca porque o pai dele veio buscá-lo. Mas ele apanhou nas costas, ficou machucado. Isso não se faz, eles não têm direito de agredir adolescentes - protestou Denise Souza, mãe de um dos rapazes.
Pelo menos cinco meninos e um sargento foram encaminhados ao Posto Médico Moinhos de Vento, mas nenhum em situação grave. Um PM teve parte da farda rasgada em meio ao tumulto.
No final da tarde, representantes da Brigada Militar e da escola se reuniram. Uma professora, que pediu para não ser identificada, assegurou que, mesmo com o posto da Brigada colado no colégio, a relação entre alunos e PMs é péssima.
Brigada vai investigar
Comandante do 21º BPM, o major Egon Kvietinski disse que vai investigar se houve excesso dos policiais na ação. Várias crianças gravaram, em celular, a abordagem dos policiais. Conforme o oficial, se a polícia tiver acesso às imagens, vai analisá-las também. Ele admitiu que alguns soldados usavam armas longas.
- É porque é a arma de trabalho deles, quando foram chamados ao local, não tinham onde deixá-las. Não poderiam deixar no carro, sob risco de serem furtadas. Mas em nenhum momento ameaçaram atirar - afirmou.
O colégio funciona nos três períodos e tem 1.630 alunos matriculados.