Polícia



Traficantes em guerra

Rival caça "soldados" de Paulão da Conceição

Os aliados do chefão do tráfico da Vila Maria da Conceição, na Capital, estão sendo exterminados pela quadrilha que pretende controlar as bocas de fumo da região

25/07/2013 - 07h50min

Atualizada em: 25/07/2013 - 07h50min


O assassinato de um detento dentro do Patronato Lima Drummond, na noite de sábado, é um sinal de que o conflito pelo controle das bocas de fumo da Vila Maria da Conceição ainda não acabou. Alexsandro Matos Pituva, 35 anos, executado com nove tiros na casa prisional, era um dos homens de confiança de Paulo Ricardo Santos da Silva, o Paulão da Conceição.

A ousadia dos executores e a ligação entre a vítima e o chefe das bocas de fumo da Conceição alertou os policiais do Departamento de Homicídios da Capital de que o conflito transpôs os limites da vila. Primeiro, as mortes ocorriam nos arredores. Agora, os "soldados" de Paulão estão sendo mortos em outros locais.

Antigo braço direito virou inimigo

O bando rival é liderado por um "ex-gerente" de Paulão, conhecido como Xu. De acordo com os policiais envolvidos na investigação, a forma de combate escolhida por ele é eliminar os "soldados" do rival.

Mesmo que Xu não tenha dinheiro e armamento, ele tem soldados, arrecadados entre os próprios ex-combatentes do rival. Do outro lado, Paulão tem dinheiro para comprar armas, munições, a droga, mas não tem quem lute para defender as bocas de fumo da vila.

Dinheiro para comprar armas

No início de julho, Paulão teria desembolsado um bom dinheiro para se rearmar. Policiais que investigam a ação dos dois bandos não sabem o valor, mas acreditam que seja o suficiente para contratar novos homens, armas, munição e drogas.

Daí vem a suspeita de que o fuzil americano M4, encontrado pelo Denarc no Morro da Cruz, no dia 17 de julho, fosse uma dessas armas. A mais poderosa delas, inclusive, já que dispara 900 tiros por minuto.

Essa seria, segundo a polícia, a estratégia de Paulão, que cumpre pena na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas, para defender seu império.

A guerra

- A região abriga pelo menos 50 pontos de tráfico, com movimentação de mais de R$ 1,2 milhão por mês.

- Um império que ganhou status de maior da Capital nos anos 90, liderado por Paulão da Conceição.

- Com o líder preso e doente, um antigo gerente, conhecido como Xu, rebelou-se e estaria liderando a guerra para tomar o controle da região.

Bando teria uma lista de extermínio

A Polícia Civil já descobriu que Xu tem uma lista de execuções dos soldados de Paulão. Desde maio, cinco já teriam sido mortos. Depois de eliminar quatro que estavam em liberdade, agora Xu estaria atrás dos que cumprem pena em albergues.

Essa seria a explicação para a morte de Alexsandro. Aliado de Paulão, ele estava desde abril no regime semiaberto, depois de deixar a Pasc, onde cumpria pena de 14 anos por homicídio.

Preso sabia que estava marcado

Em maio, foi transferido para o Instituto Penal Pio Buck. Lá, teria sido ameaçado.

- Ele fez de tudo para voltar para o fechado. Fugia num dia, voltava no outro para ver se era mandado para o castigo, no regime fechado - diz um dos policiais que investigam a execução.

Em julho, a Justiça o transferiu para o Patronato Lima Drummond. Foi lá, na noite de sábado, que seus executores o encontraram.

As mortes

- Em 5 de maio, Bruno Bicca, 22 anos, foi morto com três tiros na cabeça na frente de casa.

- Três dias depois, Carlos Maurício da Silva Rabelini, o Boquinha, foi executado com mais de dez tiros em casa, na Rua João do Rio. Ele era sobrinho e gerente de Paulão.

- Em 10 de maio, Rafael Pereira Santiago, 37 anos, foi encontrado morto com pelo menos cinco tiros na cabeça no Bairro Nonoai. Ele era um dos mais antigos gerentes do Paulão.

- Em 30 de maio, Sandro Drey de Souza, 21 anos, foi executado na esquina da Travessa Rio dos Sinos com Avenida Oscar Pereira. No ataque, João Paulo Aguiar, 23 anos, ficou ferido e segue hospitalizado. Os dois tinham posições de comando na quadrilha de Paulão.

- Em 20 de julho, Alexsandro Matos Pituva, 35 anos, foi morto com nove tiros de pistola .45 e 9mm em um dos quartos do Patronato Lima Drummond, em Porto alegre, onde ele cumpria pena em regime semiaberto. Pituva era um dos afilhados de Paulão.

Mais calma

Informações do 19º BPM confirmam que o conflito entre Paulão e Xu está se transferindo para fora da Vila Maria da Conceição. As patrulhas seguem sendo feitas na região durante todo o dia, mas houve uma diminuição nos tiroteios. Na noite de terça-feira, um grupo de PMs, que fazia policiamento a pé, deteve um adolescente de 16 anos com uma pistola 9mm. 


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