Marcado pela violenta ação de um serial killer no final de março, 2013 foi um ano que registrou um salto no número de assassinatos de taxistas. Levantamento de ZH contabilizou pelo menos 17 mortes até as 18h de quinta-feira - 14 deles teriam sido vítimas de latrocínio (roubo com morte). Em 2012, seis taxistas foram assassinados no Rio Grande do Sul.

Para o presidente Sindicato dos Taxistas da Capital (Sintáxi), Luiz Nozari, há duas soluções para frear os ataques: mais policiamento e menos dinheiro com os motoristas.

- Estamos à mercê de marginais e dependendo da proteção divina. Tivemos seis mortes só na Capital, é um dos piores anos da última década. Vivemos na insegurança - afirma Nozari.

Para ele, o uso de cartões pode diminuir o número de assaltos. Mas o alto custo das taxas das operadoras afasta o chamado "dinheiro plástico" dos taxistas. Com o começo da Operação Golfinho no Litoral, Nozari critica a redução de policiais na Capital, que diminuiria o número de blitze com abordagem de táxis.

Conforme o subcomandante-geral da Brigada Militar (BM), coronel Silanus Mello, o número de policiais é menor nesta época, porque parte da população migra para as praias. Até 19 de dezembro, 31.964 táxis foram fiscalizados em barreiras policiais na Capital.

- Uma grande quantidade de pessoas deixa as residências e precisamos aumentar o efetivo no Litoral. Como temos de continuar com o policiamento ostensivo em todo Estado, utilizamos as horas extras para os policiais que ficam nas cidades - explica o coronel Silanus, que coordena a 44ª Operação Golfinho.

Relembre os casos:

18 de fevereiro - Alcindo Teixeira da Rosa, 72 anos, foi morto com um tiro na cabeça no interior de Encruzilhada do Sul.

8 de março - Parado no ponto, em Viamão, Rodrigo Só Brocker, 36 anos, contabilizava o dinheiro de um dia inteiro de trabalho quando dois homens em uma moto o executaram com quatro tiros.

21 de março - Hélio Pedro Kuhn, 61 anos, foi morto após ter sido feito refém, em Tupanciretã, por assaltantes que haviam atacado um lotérica.

28 de março - Três taxistas foram mortos durante a madrugada. Dois deles, Hélio Beltrão do Espírito Santo Pinto, 45 anos, Márcio Magalhães de Oliveira, 33 anos, em Santana do Livramento. Enio Rolim, 55 anos, foi encontrado morto em Rivera, cidade uruguaia vizinha. O assassino faria outras três vítimas na Capital.

30 de março - Três taxistas foram mortos em sequência na Capital: Edson Roberto Loureiro Borges, 50 anos, Eduardo Ferreira Haas, 31 anos, e Cláudio Gomes, 59 anos. A Polícia Civil prendeu, em 13 de abril, Luan Barcelos da Silva, 21 anos, por suspeita dos assassinatos dos taxistas da Capital e da Fronteira.

9 de maio - Darci Marcos Machado Neto, 29 anos, foi atingido por três disparos  no bairro Santa Tereza, em Porto Alegre.
Os bandidos fugiram levando pelo menos R$ 200, dois celulares, um relógio e uma pulseira.

10 de maio - O corpo de João Freitas de Souza, 72 anos, foi localizado dentro do próprio veículo, um Clio branco, em Lajeado. O corpo tinha quatro golpes de faca. Sua última corrida teria partido de Estrela. Uma das suspeitas é de que o autor das facadas tenha sido o passageiro.

13 de junho - Valdir Nigres Alves, 53 anos, desapareceu após ser chamado para fazer uma corrida. O corpo foi encontrado um dia depois em Mostardas. A suspeita é de que ele tenha reagido a algum assalto.

14 de junho - Márcio André Marques de Oliveira, 40 anos, foi chamado para atender uma corrida em Pelotas. O corpo foi encontrado dentro do carro na Rua 16, com marcas de tiro.

28 de junho - Cleomar Santos da Silva, 49 anos, foi esfaqueado no interior do carro no bairro Cristal, em Porto Alegre. Testemunhas afirmaram que dois passageiros teriam fugido rapidamente, a pé, depois do acidente.

12 de agosto - Luiz André da Rocha, 53 anos, desapareceu em 12 de agosto, em Venâncio Aires. A polícia informou que ele foi morto por R$ 150 por um adolescente de 17 anos e um jovem de 18 anos que, cinco dias depois fariam uma nova vítima. O corpo foi localizado no Rio Jacuí, em Charqueadas, em 26 de agosto.

17 de agosto - Paulo Roberto Lagemann, 55 anos, foi morto a facadas no pescoço e no rosto após pegar dois passageiros na rodoviária de Venâncio Aires. Ele Foi encontrado 20 minutos após o ataque, no banco de trás de seu Palio.

23 de dezembro - Por volta das 17h30min, duas passageiras - entre elas uma criança - embarcaram no táxi em que João Pedro de Souza, 29 anos, trabalhava. No cruzamento da Avenida Vicente Monteggia com a Estrada João Salomoni, zona sul de Porto Alegre, o táxi e uma moto com dois ocupantes se bateram, amassando a lataria do Voyage. Souza desceu do carro e ouviu reclamações do motoqueiro, alegando que o taxista tinha quebrado algo da moto. Ele tentou amenizar a discussão combinando que cada um pagasse o seu prejuízo. Após voltar ao carro e seguir a corrida pela Rua Amapá, percebeu que estava sendo perseguido. A moto parou ao lado do táxi e o caroneiro disparou três tiros contra a porta do taxista. Um deles acertou Souza, que morreu na hora.