Polícia



Caso Kunzler

Suspeito liberado pela Justiça estaria no trabalho no horário do crime

Defensores de Jaerson de Oliveira apresentam imagens que comprovariam inocência de apenado

29/03/2014 - 15h36min

Atualizada em: 29/03/2014 - 15h36min


Imagens de câmeras de vigilância de uma loja de suplementos alimentares no bairro Rio Branco, em Porto Alegre, mostrariam Jaerson Martins de Oliveira, 41 anos,  trabalhando no dia e horário em que ele foi apontado pela Polícia Civil como o homem que assaltou e matou a tiros o publicitário Lairson José Kunzler, 68 anos, no bairro Cavalhada.

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Em cinco fotos, extraídas de duas câmeras da loja, Jaerson apareceria com um colete reflexivo em tons verde-limão, pois trabalha como motoboy. Em todas as cenas ele aparece carregando sacola e pacote com suplementos que levaria para uma outra loja. No canto inferior esquerdo da sequência de imagens consta o dia e o horário: 24 de fevereiro de 2014 entre 12h23min5s e 12h24min17s. Conforme o registro de câmeras do condomínio onde Kunzler morava, ele foi atacado às 12h23min54s.

Para os advogados Marcelo Rocha Cabral e Eduardo Zottis Salla Duro, as imagens são esclarecedoras.

- Uma pessoa não pode estar em dois lugares diferentes ao mesmo tempo - argumenta Eduardo Zottis

- Estamos convictos da inocência dele - acrescenta Marcelo Cabral.

As cenas são o principal álibi de Jaerson para tentar provar que ele não tem envolvimento no roubo. Elas fazem parte de uma conjunto de fotos e vídeo apresentadas à Justiça pelos advogados. As imagens, aliadas à suposta falta de provas consistentes contra Jaerson, levaram a revogação da prisão preventiva do suspeito.

O vídeo e as imagens originais estão sendo examinados para verificar a autenticidade e, por causa disso, ainda não foram divulgados por uma questão de estratégia dos advogados. Eles preferem aguardar o resultado da perícia para apresentá-los na íntegra.


ENTENDA O CASO:

 
Lairson José Kunzler, 68 anos
Foto: Dulce Helfer, Agência RBS

O crime:

- Por volta das 12h de 24 de fevereiro, o publicitário Lairson José Kunzler, 68 anos, saca R$ 44,2 mil em uma agência do banco Itaú, no bairro Moinhos de Vento. O dinheiro é referente a uma parcela da venda de uma fazenda da família, no limite de Porto Alegre com Viamão.

- Um homem dentro do banco, observa Kunzler e avisa a um comparsa que está do lado de fora o banco. Kunzler sai com o Civic em direção ao bairro Cavalhada, onde mora, e é seguido por bandidos em um Scenic e um motocicleta.

- Na entrada do condomínio Jardim do Sol, o caroneiro da moto, armado e usando capacete, aborda o publicitário. A vítima acelera o carro, e o homem dispara. O bandido pega o malote com o dinheiro e foge. A perseguição e o crime são gravados por câmeras de segurança.

- Impressões digitais deixadas no Civic da vítima e outros indícios levam agentes da 6ª Delegacia da Polícia Civil a prender um suspeito, em 27 de fevereiro. Mas era o manobrista do estacionamento onde Kunzler deixou o carro. No mesmo dia, a polícia reconhece o erro, e o homem é solto.

O suspeito

- Em 13 de março, é preso Jaerson Martins de Oliveira, o Baro, 41 anos e levado para o Presídio Central de Porto Alegre. Condenado até 2.039, ele cumpre pena em regime semiaberto por dois roubos e uma assalto com morte, ocorrido em 2004. Uma pessoa disse a polícia ter reconhecido Jaerson, logo após o crime.  O envolvimento de Jaerson reascende discussão sobre a fragilidade dos albergues.

- Jaerson, que trabalha de dia e dorme na Fundação Patronato Lima Drummond, na Capital, nega autoria do crime e garante que estava no serviço na hora e no dia do crime. Em 25 de fevereiro, advogados do suspeito entram com pedido de revogação da prisão. Eles apresentam um CD com imagens nas quais Jaerson aparecia no trabalho entre 10h e 13h30min na data do crime, o que impossibilitaria sua participação no assalto.

A liberdade

- O CD é enviado para perícia. Na sexta-feira, a Justiça atende ao pedido dos advogados de Jaerson e a prisão preventiva é revogada. O Ministério Público solicita que o inquérito volte à polícia para novas investigações. Além da possibilidade de Jaerson não ser o matador, a polícia não apresentou provas contra ele.

Imagens mostram publicitário sendo assassinado


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