Segurança



Disputa judicial

Ex-babá não foi ouvida porque processo da guarda de Bernardo não chegou à fase de testemunhas, afirma juiz

Ação não avançou até a fase de instrução, conforme Fernando Vieira dos Santos

18/04/2014 - 22h34min

Atualizada em: 18/04/2014 - 22h34min


Fernanda da Costa
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Confira na linha do tempo a cronologia do caso Bernardo na Justiça:


Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos, foi encontrado morto no dia 4 de abril

O titular da 2ª Vara Judicial e do Juizado Especial da Criança e do Adolescente de Três Passos, o juiz Fernando Vieira dos Santos afirmou que nenhuma testemunha foi ouvida na ação da guarda de Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos, pois o processo não chegou à fase de instrução, em que são colhidas provas e ouvidas testemunhas.

- O processo não avançou à fase em que chamamos testemunhas - resumiu o juiz.

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Por isso, a diarista Elaine Raber, 47 anos, ex-babá do menino, não foi chamada pela Justiça para falar sobre o caso. Ela denunciou que a madrasta, a enfermeira Graciele Ugulini tentou matá-lo por asfixia em 2012. Elaine cuidou de Bernardo entre 2007 e 2009, quando Odilaine Uglione, mãe dele, ainda era viva. Odilaine morreu aos 32 anos, em 2010. Ela teria cometido suicídio, segundo a polícia.

A diarista disse em entrevista à Zero Hora que o médico Leandro Boldrini era um pai presente e que a chegada da madrasta alterou a relação familiar. Apesar da denúncia sobre a tentativa de asfixia, a ex-babá não foi ouvida pelo Ministério Público (MP), órgão que moveu a ação da guarda de Bernardo. Ela explicou que só foi procurada pela Polícia Civil no dia 8 de abril, quando o menino já estava desaparecido.

Zero Hora tentou falar com a promotora Dinamárcia Maciel de Oliveira nesta sexta-feira, mas ela não atendeu às ligações.


Pai pediu chance de se reaproximar com o filho

Em janeiro, Bernardo foi levado ao MP por um agente da rede de proteção. Negou sofrer maus-tratos físicos e violência, mas disse que o pai era indiferente e que a madrasta implicava com ele. No final de janeiro, a promotora ingressou com ação na Justiça pedindo que a guarda provisória fosse dada para a avó materna, em Santa Maria.

O juiz entendeu por marcar uma audiência com o pai de Bernardo, que ocorreu no começo de fevereiro. Durante a conversa, o pai admitiu falhas, disse que trabalhava demais e pediu uma chance de reaproximação com o filho. Bernardo também aceitou: "vamos tentar", disse na ocasião o menino.

Conforme a promotora, foi estipulado um prazo para uma nova avaliação da situação. Desde então, nenhuma informação sobre problemas na relação chegou ao MP. A promotora Dinamárcia Maciel de Oliveira destacou que em toda a apuração não surgiu qualquer indício de que o menino corresse perigo ou estivesse sofrendo violência.

O caso que chocou o Rio Grande do Sul

Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos, desapareceu no dia 4 de abril, uma sexta-feira, em Três Passos, município do Noroeste. De acordo com o pai, o médico cirurgião Leandro Boldrini, 38 anos, ele teria ido à tarde para a cidade de Frederico Westphalen com a madrasta, Graciele Ugolini, 32 anos, para comprar uma TV.

De volta a Três Passos, o menino teria dito que passaria o final de semana na casa de um amigo. Como no domingo ele não retornou, o pai acionou a polícia. Boldrini chegou a contatar uma rádio local para anunciar o desaparecimento. Cartazes com fotos de Bernardo foram espalhados pela cidade, por Santa Maria e Passo Fundo.

Na noite de segunda-feira, dia 14, o corpo do menino foi encontrado no interior de Frederico Westphalen dentro de um saco plástico e enterrado às margens do Rio Mico, na localidade de Linha São Francisco, interior do município.

Segundo a Polícia Civil, Bernardo foi dopado antes de ser morto com uma injeção letal no dia 4. Seu corpo foi velado em Santa Maria e sepultado na mesma cidade. No dia 14, foram presos o médico Leandro Boldrini _ que tem uma clínica particular em Três Passos e atua no hospital do município _, a madrasta e uma terceira pessoa, identificada como Edelvania Wirganovicz, 40 anos, que colaborou com a identificação do corpo. O casal aparentava uma vida dupla, segundo relatos de amigos e vizinhos.


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