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Caso Bernardo

"Hoje sumir com corpo é muito fácil", disse pai de Bernardo a médico após desaparecimento do filho

Declaração de Leandro Boldrini foi relatada por amigo em depoimento à Polícia Civil

19/04/2014 - 08h39min

Atualizada em: 19/04/2014 - 08h39min


Ao visitar o médico Leandro Boldrini, 38 anos, no dia 8 de abril - o quarto após o desaparecimento do menino Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos -, o também médico Celestino Ambrosio Schmitt surpreendeu-se com a frieza do amigo que conhece "desde pequeno".

Zero Hora obteve cópia do depoimento prestado por ele à Polícia Civil de Três Passos em 14 de abril, data em que o corpo foi achado numa cova às margens de um rio em Frederico Westphalen, cidade 80 quilômetros próxima.

Celestino relatou que Leandro disse temer naquele dia "que 'ele' (Bernardo) estivesse morto e que escondessem o cadáver, pois poderiam colocar o cadáver no freezer ou enterrar, e que hoje sumir com corpo é muito fácil."

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A despreocupação do suspeito de participar da morte de Bernardo junto com a madrasta do menino, Graciele Ugulini, 32 anos, e a assistente social Edelvania Wirganovicz, 40 anos, chamou a atenção de Celestino. Sua mulher, uma psicóloga não identificada, havia tratado o garoto e notou que não havia ligação do pai com ele. Sobre o sumiço de Bernardo, Celestino Schmitt afirmou: "Boldrini disse que ele não tinha fugido, poderia ter sido sequestrado, que Bernardo era medroso, tinha medo da noite, que 'ele era cagão'".

Também em 8 de abril, o suspeito ainda brincou sobre uma possível compra de órgãos: "Ao chegar ao encontro com Boldrini, em sua casa, perguntou ao depoente (Celestino) se queria comprar órgãos, pois estavam dizendo que ele (Boldrini) tinha matado Bernardo para vender seus órgãos".

A Polícia Civil não tem dúvidas de que o trio participou do homicídio de Bernardo e trabalha para identificar o que cada um dos suspeitos teria feito para executar o garoto com uma injeção letal.

Há duas linhas de investigação que apontam para disputa por dinheiro ou crime passional. Eles estão presos provisoriamente em penitenciárias não divulgadas.

O caso que chocou o Rio Grande do Sul

Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos, desapareceu no dia 4 de abril, uma sexta-feira, em Três Passos, município do Noroeste. De acordo com o pai, o médico cirurgião Leandro Boldrini, 38 anos, ele teria ido à tarde para a cidade de Frederico Westphalen com a madrasta, Graciele Ugolini, 32 anos, para comprar uma TV.

De volta a Três Passos, o menino teria dito que passaria o final de semana na casa de um amigo. Como no domingo ele não retornou, o pai acionou a polícia. Boldrini chegou a contatar uma rádio local para anunciar o desaparecimento. Cartazes com fotos de Bernardo foram espalhados pela cidade, por Santa Maria e Passo Fundo.

Na noite de segunda-feira, dia 14, o corpo do menino foi encontrado no interior de Frederico Westphalen dentro de um saco plástico e enterrado às margens do Rio Mico, na localidade de Linha São Francisco, interior do município.

Segundo a Polícia Civil, Bernardo foi dopado antes de ser morto com uma injeção letal no dia 4. Seu corpo foi velado em Santa Maria e sepultado na mesma cidade. No dia 14, foram presos o médico Leandro Boldrini - que tem uma clínica particular em Três Passos e atua no hospital do município -, a madrasta e uma terceira pessoa, identificada como Edelvania Wirganovicz, 40 anos, que colaborou com a identificação do corpo. O casal aparentava uma vida dupla, segundo relatos de amigos e vizinhos.  

Na Sexta-feira Santa, moradores de Três Passos fizeram vigília para lembrar Bernardo

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