Polícia



Entrevista

"Não posso ficar preso por uma coisa que não fiz", diz suspeito de matar publicitário em Porto Alegre

Na tarde de segunda-feira, Jaerson Martins de Oliveira conversou com a reportagem de Zero Hora

01/04/2014 - 05h02min

Atualizada em: 01/04/2014 - 05h02min


Jaerson Martins de Oliveira relatou durante 28 minutos sua versão

De volta à Fundação Patronato Lima Drummond, onde cumpre pena em regime semiaberto, Jaerson Martins de Oliveira, 41 anos, falou na tarde desta segunda-feira com Zero Hora. Com semblante tranquilo e voz firme, ele relatou durante 28 minutos sua versão em uma sala da administração do albergue. Ele é apontado pela Polícia Civil como suspeito da morte do publicitário Lairson José Kunzler, 68 anos, em 24 de fevereiro. 

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Zero Hora - O senhor foi indiciado como autor do crime. O que tem a dizer em sua defesa?
Jaerson Martins de Oliveira -
Não fiz nada, não cometi crime algum. Estou no semiaberto há dois anos sem uma falta grave, sem um atraso, nada que desabone minha conduta. Trabalho em uma empresa, nunca me atrasei, nunca faltei, nunca faltou um centavo. Sou uma pessoa de total confiança.

ZH - O senhor se tornou suspeito porque foi reconhecido por uma pessoa, logo após o crime. Essa pessoa se confundiu?
Jaerson -
Tenho certeza de que ela se enganou.

ZH - O senhor está convicto de que suas impressões digitais não vão aparecer no carro da vítima?
Jaerson -
A minha maior pressa é que a perícia faça tudo que tem de ser feito o mais rápido possível. Se tivesse o resultado das digitais do carro, talvez eles nem tivessem chegado em mim. Se eu tivesse dinheiro, pagaria para a perícia ser mais ágil.

ZH - O senhor desconfia de alguém?
Jaerson -
Não. Como vou desconfiar de alguém com um capacete na cabeça com tatuagem na perna, uma tatuagem no braço. Quantas mil pessoas são tatuadas? Eu não tenho nenhuma tatuagem. Se desconfiasse de alguém, seria o primeiro a dizer. Não posso ficar preso por uma coisa que não fiz.

ZH - O senhor lembra em detalhes do que fez naquela manhã de 24 de fevereiro?
Jaerson -
Trabalho como estoquista, atendendo quatro lojas. Minha rotina é conferir o estoque, pegar as entregas agendadas e levar. Lembro que fiz uma entrega em Canoas e uma na Rua Valparaíso, no bairro Jardim Botânico, em Porto Alegre, e voltei para a loja.

ZH - Quantas pessoas podem confirmar que o senhor estava trabalhando no horário do crime?
Jaerson -
Não tenho certeza absoluta, mas acho que duas ou três pessoas.

ZH - O senhor aceita que sejam quebrados os sigilos dos seus telefones para que se saiba com quem falou naquela manhã e nos dias anteriores do crime?
Jaerson -
Gostaria que quebrassem o sigilo telefônico dos meus dois celulares e que fosse rastreado o sinal do rádio com que trabalho. Eu tinha duas máquinas de passar cartão de crédito no meu baú naquele dia e, se pudesse, gostaria que também fossem rastreadas.

ZH - Em 2006, ao ser preso pela assalto e morte do advogado Geraldo Xavier, o senhor teria dito que, se uma vítima reagisse, o senhor atiraria.
Jaerson -
Eu nunca disse isso.

ZH - O senhor tem penas até 2039 por dois roubos e participação na morte do advogado. O senhor se regenerou?
Jaerson -
Me regenerei graças ao Patronato Lima Drummond. Aqui não existem facções.

ZH - O senhor se arrepende do que fez?
Jaerson -
Me arrependi e estou pagando por todas elas. Às vezes, as pessoas falam da gente pelo passado.

ZH - Dificilmente a sociedade acredita na palavra de um preso, de um condenado. Acha que vão acreditar no senhor?
Jaerson -
Vão acreditar em mim depois que saírem os resultados das perícias.

FICHA EXTENSA

- Jaerson Martins de Oliveira acumula condenações até 2039 por dois roubos e participação em um latrocínio. Ao todo, foi condenado a 30 anos e seis meses de prisão.

- Em março de 1991, foi preso pela primeira vez por roubo de carro.

- Em novembro de 2004, foi condenado a oito anos e seis meses de reclusão em regime inicialmente fechado por roubos e extorsões.

- Poucos dias depois, ainda no semiaberto, Jaerson participou do latrocínio (roubo com morte) do advogado Geraldo Xavier, em Porto Alegre.

- Em maio de 2007, foi condenado a 22 anos em regime inicialmente fechado pelo latrocínio de Xavier.

- Agora, Jaerson é apontado pela Polícia Civil como suspeito de matar o publicitário Lairson Kunzler, durante um assalto na Capital.


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