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Caso Bernardo

Polícia sustenta que há provas que médico participou da morte de Bernardo

Advogado de defesa diz estar tranquilo sobre a inocência do cliente

22/04/2014 - 11h35min

Atualizada em: 22/04/2014 - 11h35min


Coletiva de imprensa com a delegada de Três Passos Caroline Bamberg

A delegada de Três Passos, Caroline Bamberg, voltou a afirmar, nesta terça-feira, que o pai de Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos, tem participação direta na morte do garoto. Segundo ela, há elementos que comprovam o envolvimento do médico cirurgião Leandro Boldrini no assassinato. Ela não quis entrar em detalhes:

- Eu tenho convicção que de alguma forma ele participou. Eu não vou falar porque ainda estou investigando. Não estou satisfeita. Estamos trabalhando, se não tivesse nenhuma dúvida, eu iria concluir o inquérito. Tenho de apurar a participação de cada um deles. Há várias diligências a serem feitas.

Caroline ressaltou que Leandro, a madrasta Graciele Ugulini e a assistente social Edelvania Wirganovicz já prestaram depoimento. Graciele se mostrou fria e tranquila quando falou à polícia:

- Ela estava tranquila, não chorava. Eu não levo a pau e ferro nenhum depoimento. Não sei se as versões são verdadeiras.

A Polícia Civil aguarda a análise do material coletado no corpo de Bernardo para saber quais as substâncias químicas utilizadas no assassinato. Além disso, a movimentação financeira dos suspeitos está sendo levantada e mais pessoas estão colaborando com as investigações.

- Enquanto não tiver certeza de como aconteceu o crime, em sua totalidade, não descarto nada. Queremos a verdade do que aconteceu. Temos que individualizar a conduta de cada um dos três e, depois, a motivação - concluiu a delegada.

Contraponto - Jader Marques, advogado de defesa

"A partir do conhecimento das três partes envolvidas, vou definir os próximos passos. Eu ainda não encontrei elementos para uma acusação formal contra o meu cliente. Estou absolutamente tranquilo com o material que pude observar. Posso afirmar com tranquilidade a inocência dele, a partir de tudo que eu li e vi até agora, mas quero ter acesso à integralidade do inquérito, já que a delegada tem afirmado que possui provas. Se possui, ainda não mostrou. Se possui, eu ainda não vi."

O advogado conversou três vezes com Leandro Boldrini, a última delas nesta terça-feira. Ele diz que o médico está abalado e preocupado com o futuro:

- É uma pessoa efetivamente atingida. A visão que eu tive contrasta frontalmente com aquilo que passa a autoridade policial com respeito a frieza, falta de sensibilidade. Está amedrontado com o que pode acontecer, a todo momento perguntando como pode provar sua inocência.

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Relembre o caso

Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos, desapareceu no dia 4 de abril, uma sexta-feira, em Três Passos, município do Noroeste. De acordo com o pai, o médico cirurgião Leandro Boldrini, 38 anos, ele teria ido à tarde para a cidade de Frederico Westphalen com a madrasta, Graciele Ugolini, 32 anos, para comprar uma TV.

De volta a Três Passos, o menino teria dito que passaria o final de semana na casa de um amigo. Como no domingo ele não retornou, o pai acionou a polícia. Boldrini chegou a contatar uma rádio local para anunciar o desaparecimento. Cartazes com fotos de Bernardo foram espalhados pela cidade, por Santa Maria e Passo Fundo.

Na noite de segunda-feira, dia 14, o corpo do menino foi encontrado no interior de Frederico Westphalen dentro de um saco plástico e enterrado às margens do Rio Mico, na localidade de Linha São Francisco, interior do município.

Segundo a Polícia Civil, Bernardo foi dopado antes de ser morto com uma injeção letal no dia 4. Seu corpo foi velado em Santa Maria e sepultado na mesma cidade. No dia 14, foram presos o médico Leandro Boldrini - que tem uma clínica particular em Três Passos e atua no hospital do município -, a madrasta e uma terceira pessoa, identificada como Edelvania Wirganovicz, 40 anos, que colaborou com a identificação do corpo.


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