A cena era inusitada quinta à noite no Bairro Umbu, em Alvorada. Ao lado do corpo caído no chão, atingido por sete tiros de pistola 9mm, moradores comemoravam. A saudação estranha era pela morte de Handerson Eduardo Piasson da Silva, o Feio, 21 anos, que acabara de ser executado na Rua 9 de Julho.

- Era um sujeito que estava revoltando a comunidade. Nunca vi uma situação parecida em cenas de homicídios em Alvorada. Demonstra a quantidade de inimigos que ele colecionou - afirma o delegado Maurício Barison Barcellos, que investiga o caso pela 1ª DP de Alvorada.

Handerson tinha prisão preventiva decretada como um dos suspeitos pela morte do menino Kelvin Gabriel Nunes, 11 anos, no último domingo. A polícia trabalha com pelo menos três hipóteses para a morte do suspeito: um justiçamento pela morte do menino, uma possível vingança de aliados de outras vítimas feitas por Handerson ou uma tocaia armada pelo próprio patrão do tráfico, incomodado pelo barulho feito por Feio nas últimas semanas. Ao matar Kelvin, ele concentrou a atenção da polícia no bairro, algo que os traficantes costumam evitar.

Esta última hipótese é a mais concreta para os policiais. É que Handerson foi encontrado morto carregando um capacete e uma sacola com mudas de roupas.

- Tudo indica que ele estava se preparando para fugir da vila e foi atraído para a morte - acredita o delegado.

A suspeita é de que algum comparsa possa ter combinado uma carona para retirar Feio dali. Enquanto ele esperava, dois homens teriam se aproximado em um carro e um dos homens atirou contra ele, sem sequer sair do veículo.

Buscas ao segundo suspeito continuam

Na manhã de sexta, os agentes da 1ª DP de Alvorada voltaram a vasculhar a cidade, sem sucesso, em busca de Eduardo Silveira de Freitas, o Dudu, 18 anos, apontado como o segundo suspeito pela morte de Kelvin.

- Essa é a nossa prioridade, para podermos determinar com exatidão a causa da morte do menino _ afirma o delegado Maurício Barcellos.

Um homem suspeito de ser o gerente de Dudu e Feio no tráfico do Bairro Umbu já foi ouvido pela polícia e negou que ainda esteja envolvido na venda de drogas. A ideia dos investigadores, agora, é ouvir na cadeia o homem apontado como patrão das drogas no Bairro Umbu.