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Vovó corajosa

Idosa é esfaqueada e dá surra de tamanco em assaltante em Rio Grande

Leda Gonçalves da Rosa, 92 anos, chamou atenção pela coragem de enfrentar o bandido

09/07/2014 - 21h32min

Atualizada em: 09/07/2014 - 21h32min


Luísa Martins / Agencia RBS
Dona Leda não se intimidou com o assalto e pediu ajuda a uma vizinha para chamar a polícia

Com uma surra de tamanco, uma idosa de 92 anos botou para correr um jovem de 20 anos que assaltava sua casa - e chegou até a esfaqueá-la. O crime ocorreu em Rio Grande, no sul do Estado, e chamou a atenção pela coragem da vovó.

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A aposentada Leda Gonçalves da Rosa surpreendeu com chutes e golpes de tamanco um jovem que a assaltava na tarde desta quarta-feira. A reação, sempre arriscada e desaconselhada pela polícia, teve um custo: ela foi esfaqueada e agredida com socos e pontapés.

Dona Leda dormia quando o intruso invadiu sua casa e despertou a atenção da cachorrinha - companheira dos cochilos vespertinos.

- Ela nunca late. Antes de abrir os olhos, senti que tinha algo errado dentro de casa - contou.

Tinha mesmo. Um jovem de 20 anos, morador da redondeza, estava à beira da cama de dona Leda assim que ela acordou. Setenta e dois anos mais velha, a vítima ainda tentou levantar, mas uma bofetada lhe jogou de volta para a cama.

O reflexo poderia estar comprometido pela idade - não era o caso. Em resposta ao safanão, e, mesmo deitada, dona Leda não hesitou em dar um pontapé na barriga do assaltante. Ele revidou com a facada que poderia tê-la cegado. A tréplica veio a tamancadas. Na cabeça.

Intimidado, o bandido colocou o que queria em uma sacola e fugiu. Nada de valor: levou apenas um pequeno guarda-chuva preto, uma lanterna ainda na embalagem e a caixa do ferro de passar - que na verdade estava cheia de contas para pagar. Tudo foi recuperado quando o jovem foi detido pelo Policiamento Comunitário, a três quadras do crime.

- Ele entrou em uma funilaria e tentou fugir pelos fundos, mas chegamos a tempo de fazê-lo se entregar - disse o soldado Peterson Borges, um dos responsáveis pela prisão.

O rapaz e a senhora se conhecem porque moram cerca de cinco quadras um do outro. Dona Leda confirma:

- Ele já tinha entrado lá em casa para me roubar R$ 50.

De acordo com a polícia, ele tinha antecedentes de pequenos delitos.

Há 18 anos morando em frente da casa de dona Leda, a estudante Daniele Fernandes acionou a polícia ao vê-la balançando, na janela, uma camiseta suja de sangue.  

- Dona Leda é uma pessoa muito querida na vizinhança. Tem pouca gente da família por ela. Então, são os moradores do bairro que visitam, dão carinho, levam salgadinhos pra ela, essas coisas.

Na delegacia, já recomposta do susto, dona Leda destaca, antes de se despedir:

- Tô preocupada é com a minha cachorrinha, que a essa hora deve estar louca de fome.

Caso semelhante em Caxias do Sul

Em 2012, a cidade de Caxias do Sul, na Serra Gaúcha, teve um caso parecido: Odete Hoffmann Prá, de 87 anos, matou um arrombador que invadiu o apartamento dela, na esquina das ruas Do Guia Lopes e Sinimbu, no centro da cidade. À época, chegou a se cogitar a hipótese de que o disparo não foi de sua autoria e de que havia uma terceira pessoa no apartamento. Conforme uma análise do IGP, o projétil retirado do corpo do assaltante não foi disparado pela arma que Odete alegava ter usado para matar o criminoso.

O inquérito foi arquivado depois que um vídeo de uma câmera de segurança, instalada no corredor de acesso ao apartamento e com imagens da invasão, reforçou a tese de que a idosa fez o disparo. Em novembro de 2013, ela morreu em um incêndio que atingiu o apartamento em que morava - o mesmo que foi invadido pelo assaltante.


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