desabilitada Polícia



Violência

'Parecia que aquilo não terminava nunca. Era uma tortura', conta vítima de sequestro relâmpago

Mãe e filho foram rendidos por dupla armada e mantidos em veículo por quase duas horas

24/07/2014 - 20h52min

Atualizada em: 24/07/2014 - 20h52min


Fernando Ramos / Agência Rbs
Brigada Militar fez buscas no Morro do Cechella

Depois de passar quase duas horas como reféns de uma dupla armada, um jovem de 25 anos e a mãe dele, de 46, ambos comerciantes, foram levados à Delegacia de Polícia de Pronto-Atendimento de Santa Maria para contar como foi o sequestro relâmpago do qual foram vítimas.

Os dois foram rendidos por um bandido armado quando deixaram a clínica Protege, na Avenida João Luiz Pozzobon, em Santa Maria, por volta das 14h30min, e só foram libertados por volta das 16h15min, quando o Corsa em que estavam atolou ao subir o Morro do Cechella, no bairro Itararé.

O rapaz foi colocado no porta-malas, enquanto a mãe dele foi mantida no banco de trás, sob a mira de um revólver. Ela foi ameaçada para que entregasse os R$ 2 mil que tinha na bolsa e fizesse um saque de R$ 1 mil no Banrisul da Rua Doutor Bozano, em pleno centro da cidade.

Crime semelhante ocorreu em 27 de junho, quando uma advogada de 25 anos foi vítima de um sequestro relâmpago na Rua Tuiuti, no centro de Santa Maria. A jovem saía de um Polo quando uma dupla de assaltantes armada a rendeu. Ela foi colocada no banco de trás do carro e ficou sob a mira de um revólver. A vítima foi levada até o Morro do Cechella, onde foi agredida com coronhadas na cabeça e com socos e, depois, abandonada. O carro chegou a ser levado pelos assaltantes, mas o veículo foi encontrado na madrugada seguinte, perto de um posto de combustíveis no bairro Km3. Os bandidos levaram um notebook, a carteira com documentos da vítima e R$ 400.

Confira, abaixo, uma entrevista com a comerciante que viu seu filho ser colocado no porta-malas do carro e teve de sacar dinheiro para entregar aos bandidos.

Diário de Santa Maria - Como começou o assalto?

Vítima - Quando nós saímos da Protege, um homem armado mandou que entrássemos no carro. Ele apontou a arma para a nossa cabeça e começou a andar com o carro.

Diário - Eles cobriam o rosto?

Vítima - Não. Estavam de cara limpa. Eles só não deixaram que víssemos onde estavam nos levando quando fomos ao Cerrito. Mandaram que ficássemos de cabeça baixa. Mas eu vi uma placa que indicava que ali era o Cerrito. O carro passava por árvores e chacoalhava o tempo todo. Terrível.

Diário - Além de usarem as armas, eles faziam ameaças?

Vítima - Eles ameaçavam o tempo todo. Diziam que não tinham nada a perder. Disseram, também, que já tinham feito isso antes, com uma mulher e uma criança. E que, se eu sacasse o dinheiro, ficaria tudo bem.

Diário - Quando a senhora foi sozinha ao caixa eletrônico, não pensou em pedir ajuda?

Vítima - Eu nem pensei em pedir ajuda quando fui sozinha até o caixa eletrônico, pois eles ficaram no carro com o meu filho no porta-malas.

Diário - Vocês tinham ideia de que já estavam no carro há quase duas horas?

Vítima - Tínhamos ideia que tinha se passado muito tempo. Parecia que aquilo não terminava nunca. Era uma tortura.

Diário - Quando eles começaram a subir o morro, disseram que iam deixar vocês lá?

Vítima - Sim. Disseram que iam nos deixar lá no alto.

Diário - Vocês chegaram a temer que eles não cumprissem com isso, que machucassem vocês?

Vítima - Eles iam subindo o morro, e eu ficava pensando no que iriam fazer conosco. Passava de tudo um pouco pela cabeça.

Diário - Como vocês fizeram para pedir ajuda?

Vítima - Quando o carro atolou, eles fugiram. Nós descemos o morro a pé, na chuva. Meu filho estava até de pés descalços, porque eles tiraram os tênis dele. Descemos o morro e pedimos ajuda em um estabelecimento comercial. Foi um alívio.


MAIS SOBRE

Últimas Notícias