Notícias



Operação Pitágoras

Presos tinham que pagar para entrar no presídio de Taquara

O diretor e o chefe de segurança da casa prisional foram presos na manhã desta sexta-feira

18/07/2014 - 15h45min

Atualizada em: 18/07/2014 - 15h45min


Divulgação / Ministério Público
Investigações mostram que presos pagavam para ter regalias e, inclusive, para conseguir vagas no presídio

Uma investigação do Ministério Público (MP) que resultou na prisão do diretor do presídio de Taquara, Evandro Teixeira, e do chefe de segurança da casa prisional, Marcelo Alexandre Ribeiro de Carvalho, identificou um suposto esquema de corrupção na casa de detenção. O esquema seria intermediado pela direção e por um detento do regime aberto, também preso na operação e cujo nome não foi divulgado. De acordo com a investigação, para permanecer no presídio de Taquara, alguns apenas pagavam para os agentes presos. Caso contrário, eram encaminhados a outras casas prisionais

Leia todas as notícias de Zero Hora
Humberto Trezzi: "Tem de vistoriar mais ainda"

- Eles negociavam e cobravam dos presos para permanecer no presídio ou vir de outras casas pressionais, dando algumas regalias a eles, como cela exclusiva ou não tão superlotada - disse o Subprocurador de Justiça para Assuntos Institucionais, Marcelo Dornelles.

A Operação Pitágoras, como foi denominada, se iniciou em agosto do ano passado, após denúncia anônima, e tabém teria comprovado o desvio de verba de convênios com entidades públicas e prefeituras, cobrança de valores ao presos, exploração de detentos, entre os outros crimes, ainda em investigação pelo MP. As entidades e os valores movimentados não foram divulgados.

O MP também tem indícios de que a direção do presídio fazia prestação de contas com notas falsas ou adulteradas com origem em municípios como Gramado, Parobé e Canoas, onde foram cumpridos mandados de busca e apreensão de provas.

Detalhes da operação foram dadas durante coletiva no Fórum de Taquara
Foto: Charles Dias/ Especial

- Há um cenário de corrupção bastante assustador no presídio - destaca o promotor do MP de Taquara, Leonardo Giardin de Souza.

Leia todas as matérias de Polícia

Os dois servidores são suspeitos, até o momento, de peculato, corrupção passiva e homicídio com dolo eventual, pois, de acordo com o MP, teria havido a omissão de socorro a um preso que morreu no final de 2013. Ambos foram encaminhados para o Grupamento de Operações Especiais (GOE) da Polícia Civil, em Porto Alegre , e devem ficar presos temporariamente por 30 dias. O terceiro preso na operação está na Delegacia de Taquara, onde ficará até que a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) decida para qual presídio ele será encaminhado. A defesa dos presos afirmou que não irá se manifestar até o fim das investigações.

A Susepe confirmou os desligamentos do diretor de presídio e do chefe de segurança. Segundo Irineu Koch, Superintendente Adjunto da Susepe, a Superintendência coopera com o que for necessário para a investigação.

Desde a manhã desta sexta-feira, a Corregedoria Geral do Sistema Penitenciário atua como interventora no presídio, onde ficará até que haja nomeação de uma nova direção, o que ainda não tem data para ocorrer.

A casa de detenção de Taquara abriga atualmente 158 presos no regime fechado e 115 em sistema semi-aberto.


MAIS SOBRE

Últimas Notícias