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Violência

Bala na Cara: crueldade e homicídios brutais nas ruas

Grupo criminoso formado no bairro Bom Jesus, em Porto Alegre, busca expansão no tráfico de drogas com o emprego da violência nas ruas

06/08/2014 - 14h28min

Atualizada em: 06/08/2014 - 14h28min


Ronaldo Bernardi / Agencia RBS
Os suspeitos movimentam, em média, segundo a polícia, 5 kg de maconha, 4 kg de crack e 3 kg de cocaína em Eldorado

Por ter na ficha criminal a morte de duas crianças, outros cinco homicídios, dez roubos e sete furtos, Jeferson dos Santos Lopes, 29 anos, o Pequeno, ocupa um lugar de destaque na organização criminosa Bala na Cara, nascida nos anos 2000 no bairro Bom Jesus, em Porto Alegre. Pequeno galgou os degraus no bando pela violência e crueldade, as marcas registradas dos seus liderados.

- A função dele é abrir novos territórios. Faz isso matando os rivais, inclusive crianças - descreve o delegado Alencar Carraro, de Eldorado do Sul, que comandou a detenção de 33 pessoas na Operação Delta, a maioria dos Bala na Cara. Pequeno cumpre uma pena de 57 anos na Penitenciária Estadual do Jacuí (PEJ).

Em maio, ele foi indiciado pela morte, com dois tiros, do menino Derick dos Santos Fernandes, de apenas dois meses, e, em abril de 2007, pela execução de Tiago da Silva Farias, seis anos. Os dois assassinatos ocorreram durante a disputa por pontos de droga. Elisandra dos Santos Lopes, 24 anos, mulher de Pequeno, foi recolhida nesta quarta-feira por participação nos homicídios.

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Outra liderança da facção criminosa - Luis Fernando Soares da Silva Júnior, o Júnior Perneta - foi preso há 15 dias e levado para a Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc). As detenções fazem parte de uma estratégia da Polícia Civil de retirar de circulação membros importantes dos Bala na Cara.

A organização, ao contrário de outras como Os Manos e Os Brasas, que ganharam força e poder dentro dos presídios, atua principalmente nas ruas e busca expansão para a Região Metropolitana.

Crédito: Ronaldo Bernardi

- Como o nome já diz, a metodologia deles é tomar o negócio na violência. Eles têm representação no Presídio Central e na PEJ, mas o que vemos é que, por conta do que fazem na rua, são proibidos de entrar nas galerias dos estabelecimentos onde eles não têm líderes - diz Gilmar Bortolotto, da Promotoria Especializada de Controle e Execução Criminal de Porto Alegre.

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Guerra Civil da Bom Jesus

Os "Bala" se diferenciam do perfil dos traficantes tradicionais porque, segundo fontes policiais ouvidas por Zero Hora, pulverizam o controle das drogas entre ladrões e homicidas. Em 2009, quando foi anunciada a criação de um Território da Paz no Bom Jesus, o bairro chorava a morte de 14 pessoas, supostamente atribuídas ao bando.

- Pequeno se fez respeitar entre os bandidos pela sua crueldade - descreve o delegado Bolívar Llantada, que em 2007 era titular da Delegacia de Homicídios e hoje é do Grupamento de Operações Especiais (GOP).

Llantada combateu os Bala na Cara no auge da organização, quando ela disputava território com outras duas gangues, Os Mirandas e Os Bragés, donos da maioria das bocas de fumo do bairro Bom Jesus. Houve diversas mortes promovidas entre as quadrilhas, no episódio que ficou conhecido como Guerra Civil da Bonja.

Operação Delta

O grupo preso nesta quarta-feira em operação policial na Região Metropolitana é investigado por pelo menos 20 homicídios no último ano. De acordo com a Polícia Civil, a maioria dos 33 detidos pertence aos Bala na Cara.

O negócio da quadrilha é baseado no tráfico de drogas, e os assassinatos são para manter o poder e respeito. Os suspeitos movimentam, em média, segundo a polícia, 5 kg de maconha, 4 kg de crack e 3 kg de cocaína em Eldorado do Sul. A cidade foi escolhida para ser uma espécie de sucursal do bairro Bom Jesus.


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