Operação Sinos
Áudios revelam negociação de sequestradores com familiares na Região Metropolitana
Em ação para desarticular quadrilhas, policiais civis prenderam 16 suspeitos de extorsão e sequestros na manhã desta quinta-feira
Ligações interceptadas pela Delegacia de Repressão a Roubos e Extorsões do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) revelam a negociação de sequestradores com famílias de vítimas, na região metropolitana de Porto Alegre.
Na manhã desta quinta-feira, 70 agentes cumpriram 16 prisões e 20 mandados de busca e apreensão em Porto Alegre, Gravataí, Esteio, São Leopoldo, Novo Hamburgo e Sapucaia. O suspeitos detidos estavam em pelo menos 10 casos de extorsão e sequestro de familiares de gerentes de bancos e pequenos empresários.
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Em um dos áudios, o marido da mulher sequestrada afirma insistentemente que não tem o valor pedido pelo sequestrador. O criminoso ameaça dizendo que, se não conseguir reunir mais dinheiro, o homem não verá mais a mulher.
- Quando tu tem? - pergunta o sequestrador.
- R$ 14,3 mil - responde o familiar.
- Que catorze, cara? Que catorze? Tá louco? A tua mulher não vale?
- Mas eu não tenho de onde tirar amigo, tu pegou a pessoa errada.
- Então tá, amigão. Tchau, amigão. Tu não vai mais ver a tua mulher, amigão.
Ouça o trecho interceptado:
Em outro trecho divulgado pela Polícia Civil, o criminoso conversa com um homem, que teve a mulher e a filha sequestradas. As vítimas foram tiradas de casa e libertadas no dia seguinte mediante pagamento de R$ 15 mil.
- Ô, cara. Eu posso falar com elas? Só pra ouvir a voz delas, cara - pergunta o familiar.
Ouça o trecho completo:
Conforme o delegado Joel Wagner, que comandou a operação, esse é tipo de crime que mais preocupa.
- São casos delicados porque estamos lidando com vidas, com reféns.
De acordo com o delegado, o perfil do sequestro mudou.
- Estão sequestrando bancários e pequenos comerciantes para extorquir qualquer valor, embora os pedidos de resgates, em primeiro momento, variem de R$ 500 mil a R$ 1 milhão.
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Wagner salienta a importância de os familiares comunicarem o caso à polícia.
- Este ano com a nossa orientação e acompanhamento, em pelo menos cinco casos, os reféns foram libertados sem pagamento de resgate - assegura o delegado.
* Zero Hora