Polícia



Guerra urbana

Jovens são alvo de confrontos do tráfico no Bairro Cascata, em Porto Alegre

Desde domingo, quatro foram mortos no bairro. Polícia investiga possível guerra por pontos de tráfico. Os Bala na Cara estariam por trás dos ataques

30/10/2014 - 07h03min

Atualizada em: 30/10/2014 - 07h03min


Passava da 1h de ontem quando a polícia encontrou, mortos na Rua Arlindo Nicolau Bertagnolli, Vila Graciliano Ramos, no Bairro Cascata, os jovens Jarilson da Silva Barros, 18 anos, e Cristian Custódio Garye, 23 anos. Ambos haviam levado tiros no rosto. Desde o final de semana, a polícia investiga uma série de crimes que estariam ligados a um confronto pelo domínio dos pontos de tráfico na região próxima à Avenida Oscar Pereira.

A suspeita é de que uma quadrilha estaria reforçada pela facção dos Bala na Cara, e os dois jovens foram mortos da forma que é considerada uma marca do bando. No entanto, Jarilson não tinha antecedentes criminais. Cristian, conhecido como Titi, já havia sido preso por porte ilegal de arma. A polícia ainda não sabe os motivos do crime ou se as vítimas estavam ligadas a alguma das gangues em conflito.

No local do crime, de acordo com a delegada Andrea Mattos, da 6ª DHPP, ninguém ousou falar nada e a cena do crime parecia ter sido limpa antes da chegada dos agentes. Nenhuma cápsula de pistola foi encontrada.

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Com este duplo homicídio, a polícia estima que, desde o último sábado, quando a violência passou a assustar os moradores ao longo de um trecho de cerca de 1km da Avenida Oscar Pereira, até quatro mortes possam estar relacionadas a um confronto pelo domínio das bocas.

Na noite de sábado, um Clio prata teria chegado a um dos becos da região atirando. Um rapaz foi ferido. Os mesmos criminosos, provavelmente, voltaram à região na manhã de domingo. Dessa vez, depois de perseguirem um grupo de jovens, mataram o adolescente Felipe Teixeira Wille, 16 anos. Na fuga, três homens foram presos e um adolescente, apreendido. Com eles, foram encontradas duas pistolas - .380 e .40 -, além de uma espingarda calibre 12. A suspeita é de que um quinto participante tenha fugido.

O grupo estava no Clio, que havia sido roubado no Bairro Santo Antônio. Durante as buscas, os policiais do 1º BPM ainda localizaram outros dois carros usados no crime - um Fiesta, roubado no Bairro Bom Jesus, e um Pálio, roubado no Bairro Protásio Alves.

Soldados dos Bala na Cara reforçam a guerra

De acordo com os investigadores da 1ª DHPP, que dividem a investigação dos casos com a 6ª DHPP, a suspeita é de que a violência dos últimos dias seja a eclosão de uma rivalidade alimentada desde janeiro. Foi quando uma ação da polícia contra homicídios levou às prisões de líderes de uma das quadrilhas que atuava no tráfico do Bairro Cascata.

Enfraquecida, a gangue passou a ser alvo da cobiça de traficantes vizinhos. O grupo arregimentou criminosos de outras áreas dominadas pelos Bala na Cara para tramar a invasão, no final de semana. Os presos pela Brigada Militar no domingo eram da Vila dos Sargentos e dos bairros Belém Velho e Chapéu do Sol.

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Há a possibilidade de que os dois rapazes mortos na madrugada de ontem tenham sido vítimas de uma represália.

A polícia ainda investiga a possibilidade de que o corpo de um homem, encontrado carbonizado na Estrada dos Alpes, no final da manhã de segunda, tenha relação com o confronto. Ele tinha marcas de facadas no peito. Porém, a identificação só será possível por exame de DNA.


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