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Mistério

Polícia investiga seguranças de festa em que jovem foi morto

Organizador da festa prestou depoimento nesta manhã. Prefeitura de Nova Santa Rita afirma que festa era "clandestina e irregular"

29/10/2014 - 17h37min

Atualizada em: 29/10/2014 - 17h37min


Bruna Scirea
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Reprodução / Facebook
Lucas Alejandro Camargo Rivarola, 21 anos, não tinha antecedentes, segundo a Polícia Civil

A Polícia Civil investiga se seguranças da rave realizada na madrugada do último domingo, em Nova Santa Rita, têm envolvimento com a morte de Lucas Alejandro Camargo Rivarola, 21 anos.

Na manhã desta quarta, policiais ouviram o depoimento do organizador do evento que, associado ao relato de testemunhas, endossa a principal suspeita até então: o jovem teria sido agredido até a morte durante a festa. Nos próximos dias, o delegado responsável pelo caso, Ireno Schulz, afirmou que chamará cinco seguranças do evento para depor.

Segundo o delegado, Lucas teria sido amarrado pelas mãos e pelos pés e golpeado no rosto e na cabeça. O policial aguarda as conclusões da perícia para descobrir se o jovem foi estrangulado - como testemunhas afirmaram à polícia - e se ele estava sob o efeito de álcool ou outras drogas.

Desde segunda-feira, Schulz ouve relatos de familiares e amigos de Lucas e de pessoas que estavam na festa. Segundo ele, "não há informações desencontradas". Na manhã desta quarta-feira, o delegado teve acesso a uma conversa por Whatsapp na qual uma testemunha que teria presenciado a morte de Lucas contaria, em detalhes, a sequência de fatos.

- Estamos montando o cenário para ver quem desempenhou cada papel nessa história. Já trabalhei com casos muito difíceis, mas poucos foram tão complexos como esse - afirma Schulz.

Conforme testemunhas, Lucas teria se separado do casal de amigos com os quais foi à festa para buscar água e ir ao banheiro. Lá, teria encontrado uma jovem passando mal. Ele teria buscado socorro com seguranças, que teriam carregado a menina para fora da festa e se negado a ajudá-la. Essa, no entanto, é um das passagens que ainda devem ser esclarecidas pela investigação.

- Temos ainda lacunas, uma delas é o caso dessa menina. Ela estaria morrendo, mas, até onde se sabe, não apareceu em nenhum hospital para ser atendida - afirma o policial.

A partir do que a investigação apurou até então, Schulz arrisca uma hipótese:

- Ele viu uma menina convulsionando, pediu ajuda e se negaram a prestar socorro. Se exaltou, foi amarrado. No chão, começou a gritar "me larga, me larga". Alguém pode ter o esganado para que parasse de gritar, para que não chamasse a atenção da vizinhança.

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Zero Hora procurou os contatos da empresa de segurança contratada pela organização da festa, mas até as 17h30min desta quarta-feira, não obteve sucesso.

Organizador da festa prestou depoimento nesta manhã

Um dos organizadores da rave em que morreu um jovem na madrugada do último domingo, em Nova Santa Rita, prestou depoimento à Polícia Civil na manhã desta quarta-feira. Willian Moraes, 21 anos, é DJ e um dos promotores da festa Aquática PVT, que teve a sua terceira edição neste fim de semana - a próxima, marcada para 2015, foi cancelada.

Acompanhado do advogado, Willian ficou por cerca de duas horas na Delegacia de Polícia de Nova Santa Rita. Detalhes do depoimento não foram relevados pela defesa, nem pela polícia. Preferindo que o jovem não falasse, o advogado, José Henrique Salim Schmidt, limitou-se a dizer que a festa contava com uma equipe terceirizada de segurança e com uma ambulância para atendimentos médicos, se necessários.

- Os demais esclarecimentos foram prestados à polícia - disse o advogado.

Segundo o delegado, caso se comprove envolvimento de seguranças da rave na morte de Lucas, a organização da festa pode ser indiciada por co-autoria.

Evento não tinha autorização da prefeitura

Consultada por Zero Hora na tarde desta quarta, a Prefeitura de Nova Santa Rita disse considerar a festa "clandestina e irregular". Em nota, a assessoria de comunicação da administração municipal disse que "em nenhum momento a Prefeitura foi comunicada ou teve pedido de autorização para a realização de festa".

- Também em momento algum recebeu denúncia de que tal evento estaria acontecendo. A falta de autorização para a realização de eventos no município torna a realização dos mesmos clandestinos e irregulares - informou.

Conforme a prefeitura, pedidos de autorização de eventos na cidade devem ser feitos para a Secretaria Municipal de Indústria, Comércio e Desenvolvimento, no mínimo 10 dias úteis antes da data de sua realização. Entre os documentos que devem ser apresentados à secretaria estão o alvará do Corpo de Bombeiros e uma cópia do ofício entregue à Brigada Militar informando a expectativa de público do evento.

Zero Hora tentou verificar se autorizações haviam sido solicitadas para o Corpo de Bombeiros e a Brigada Militar, mas não recebeu resposta dos dois órgãos até as 17h30min. A reportagem também buscou contraponto com a defesa do organizador da festa sobre a falta de autorização, deixando recado em seu escritório, mas ele não retornou até o horário da publicação.

* Zero Hora


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