Polícia



Falta policiamento

Posto de gasolina já foi assaltado oito vezes este ano

Estabelecimento na Zona Norte sofre com assaltos. Só este ano, foram oito - quatro em dez dias. Brigada garante ser um "caso isolado"

02/10/2014 - 08h08min

Atualizada em: 02/10/2014 - 08h08min


Cristiane Bazilio
Cristiane Bazilio
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A placa na entrada do posto de combustíveis está lá há quatro meses. "Precisa-se de frentista", diz o anúncio. Em vão, pois ninguém se apresenta para a vaga. A dificuldade de encontrar quem esteja disposto a assumir a função é compreensível: só neste ano, o local já sofreu pelo menos oito assaltos, conforme o proprietário. Os quatro mais recentes aconteceram num período de dez dias.

- Não consigo mais funcionários, ninguém quer trabalhar porque não tem segurança. Estou pensando seriamente em vender o ponto, pois, do jeito que está, não tem como continuar - lamenta Alexsander Vaz, 36 anos, dono do estabelecimento.
Os ataques, segundo funcionários, não têm hora para acontecer e visam, geralmente, dinheiro e bebidas vendidas no local, que funciona 24 horas. Temerosos, eles pendem para que o nome da avenida do posto não seja divulgado.

"Virou um drive thru dos bandidos"

- O posto virou um drive thru da bandidagem. Eles vêm a qualquer hora do dia ou da noite, pegam dinheiro e bebidas e, quando acaba, voltam e se abastecem novamente - diz a gerente.

Só entre os dias 20 e 29 de setembro, foram quatro investidas de assaltantes, que, geralmente, atacam em duplas e armados.

Em quatro roubos, perda de R$ 2 mil

- É sempre uma gurizadinha, mas que anda de arma em punho, sem medo. Pegam o dinheiro que os frentistas têm no bolso e fazem a limpa nas bebidas. Vêm de mochila e saem carregados. Às vezes, são violentos, agridem os funcionários com socos e coronhadas ou trancam eles no banheiro - conta um atendente que, com medo de represálias, também pediu anonimato.

O prejuízo apenas dos quatro ataques recentes é estimado em R$ 2 mil. Isto sem contar os custos com investimento em segurança.

"Não posso contar com a polícia"

Para tentar coibir a ação dos bandidos, Alex instalou câmeras por todo o posto e contratou vigilância armada. O um gasto que, além de alto, segundo ele, não é a saída adequada para o problema.
 
- Não bastasse o dinheiro que levam praticamente diariamente, só com o serviço de vigilante teremos um gasto mensal de R$ 5 mil. Fica insustentável dessa maneira. E ainda corremos o risco de, num desses assaltos, dar um tiroteio e um funcionário ser atingido. Sei que não é a solução ideal, mas não posso contar com a polícia, então, preciso dar algum tipo de proteção e conforto aos meus funcionários - explica Alex.


Brigada contesta número

O dono do posto faz coro aos funcionários quando se queixa de falta de policiamento ostensivo.

- Não vemos uma viatura da Brigada circulando. Se pelo menos fizessem uma ronda por aqui, intimidaria os bandidos - reclama.

Ele também lamenta que de "nada adiantam as imagens registradas pelas câmeras de monitoramento", que flagram os ataques, mas não são sequer avaliadas pela polícia.

- Já colocamos as imagens à disposição, mas a polícia não demonstra interesse em investigar. Nos dizem que não tem gente suficiente, e fica por isso mesmo. Ou seja, o dinheiro que gasto com as câmeras não tem utilidade de fato - conta Alex.

A Brigada Militar afirma não ter conhecimento do número de assaltos ao estabelecimento informado pelo comerciante. Comandante da 4ª Cia do 9º BPM, o capitão Roehrs trata o assunto como um "caso isolado" e destaca o baixo índice de assaltos a postos na região, conforme mapeamento da BM.

Três registros no primeiro semestre

- Na área que a minha companhia atende, são 33 postos de combustíveis e temos, no primeiro semestre, apenas três ocorrências de assalto. Trata-se, sem dúvida, de um caso isolado. Temos conhecimento apenas do assalto praticado a este posto no dia 21 de setembro. Nos demais casos, não chegou nenhum registro até mim - minimiza o comandante.

Ainda conforme Roehrs, o patrulhamento ostensivo é feito diariamente na região e adjacências, e ele desconhece a existência das imagens flagradas pelas câmeras do posto.


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