Notícias



Audiência em Três Passos

"Era óbvio que ele era maltratado, mas não falava nada", diz ex-psicóloga de Bernardo

Testemunha convocada pela defesa de Leandro Boldrini relatou relação que caracterizou como "carência afetiva"

26/11/2014 - 16h05min

Atualizada em: 26/11/2014 - 16h05min


Débora Ely
Débora Ely
Enviar E-mail
Mauro Vieira / Agência RBS
"Nunca ninguém me contou histórias", contou Bernardo à psicóloga durante uma das sessões de terapia

Terapeuta do menino Bernardo Uglione Boldrini em duas oportunidades, a psicóloga Ariane Schmitt relatou um cenário familiar que classificou como "carência afetiva". Ela foi uma das oito testemunhas de defesa ouvidas nesta quarta-feira em Três Passos. Os depoentes haviam sido convocados pelo antigo advogado do médico, o criminalista Jader Marques.

Ouvido pela Justiça, padrasto de Graciele diz que Boldrini tem envolvimento no crime
Em carta a juiz, Leandro Boldrini pede que memória do filho seja preservada
Sonho de Leandro era ver o filho se formar médico, diz ex-funcionária do médico

- O que faltava ao Bernardo era presença. Ele precisava de afeto e de limites - disse.

O menino frequentou as sessões pela primeira vez em 2011, após indicação médica. Dois anos após a interrupção do tratamento, Ariane viu Bernardo em uma celebração ao Dia do Médico, e a imagem apática do menino a assustou - assim, sugeriu que ele retomasse a terapia. Poucas consultas depois, o paciente deixou de comparecer.

- Era óbvio que ele era maltratado, mas não falava nada - relatou Ariane na audiência.

Segundo a psicóloga, Bernardo lhe contou sobre o uso de medicamentos controlados - que seriam gerenciados pelo próprio menino - e comunicou o Conselho Tutelar sobre o fato. A terapeuta afirmou que era difícil contatar Leandro e que Graciele Ugulini dava respostas evasivas sobre o relacionamento com o menino.

- Ela fazia de conta que aceitava (Bernardo) antes de um relacionamento mais sério, e depois não aceitava a convivência. Era a legítima madrasta - apontou. - Eu queria tratar a família, mas eles colocavam como se o menino fosse o problema - completou.

Leia todas as notícias de Zero Hora
Confira as últimas notícias sobre o Caso Bernardo

Assim como relatos de amigos e conhecidos da família, Ariane afirmou que Bernardo costumava repetir o vestuário, usava roupas inadequadas à temperatura e aparentava estar mal alimentado - o que corroboraria com a tese de maus-tratos sofridos pelo garoto em casa.

Pela tarde, também foram ouvidos três médicos e colegas de Leandro: Conar Heck Weiller, Milton Sartori e Danilo Antonio Cerutti. Os três confirmaram a postura exemplar do pai do menino como profissional. Emocionado, Weiller chegou a citar episódios em que o médico era carinhoso com o filho - mas considerou que, após o desaparecimento do garoto, "ele estava abatido, mas não tanto como era de se esperar".

Nesta nova etapa do processo, 13 testemunhas de defesa seriam ouvidas nesta quarta-feira. Porém, cinco foram liberadas. As oitivas seguem na quinta, com a presença de 11 testemunhas. Pela manhã, também foram ouvidos o agente penitenciário de Três Passos Jorge Turra, a professora Ivete Ursulina Hermann, que passou por uma cirurgia feita por Leandro, uma ex-babá de Bernardo, Elaine Roder Pinto, e uma ex-funcionária de Leandro, Marlise Cecília Renz.

Antes do início da audiência, um grupo de cerca de 20 pessoas pregou cartazes nas imediações do Fórum de Três Passos e rezou uma oração em homenagem a Bernardo. Além de Leandro e Graciele, também são réus no processo da morte do menino a assistente social Edelvânia Wirganovicz e o irmão, Evandro. Todos estão presos.

Como teria ocorrido o crime:


MAIS SOBRE

Últimas Notícias