Polícia



Caso Cristiane

Os resultados dos exames na ossada devem chegar para a polícia em um mês

Ossada encontrada em terreno do Bairro Lageado, Zona Sul da Capital, pode ser de Cristiane Oliveira de Oliveira, desaparecida em 2011. Pertences dela estavam junto do corpo, enterrado dentro de um saco plástico

28/01/2015 - 07h06min

Atualizada em: 28/01/2015 - 07h06min


Eduardo Torres / Diário Gaúcho

Dois pedreiros escavavam um terreno no Bairro Lageado, Zona Sul de Porto Alegre, por volta das 11h de ontem, quando, a cerca de 1m de profundidade, foram surpreendidos com a descoberta de um saco plástico com uma ossada humana. O susto deixa a polícia bem próxima de, enfim, solucionar o misterioso desaparecimento de Cristiane Oliveira de Oliveira, que dura exatos três anos e três meses. Quando os peritos retiraram a ossada da vala, os familiares dela não tiveram dúvidas de que se tratava de Cristiane.
Junto do que restou do corpo, estavam os óculos dela, tênis, roupas e a mochila - ainda com o celular e uma garrafinha que ela costumava carregar com água guardados. De acordo com o perito Márcio Pinto, o estado de decomposição do corpo é compatível com um período de três anos. Junto às mãos, havia resquícios de uma corda _ indicando que a vítima teve as mãos amarradas - e a cabeça também havia sido enrolada com um saco plástico.

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O encontro aconteceu em uma das travessas da Estrada Jacques da Rosa, no limite entre o terreno onde Cristiane, que tinha 32 anos na época, e o marido, Rodrigo Velloso de Freitas, 33 anos, construíam a futura casa da família e a área vizinha, atualmente em obras. Ela foi vista pela última vez justamente na construção, antes de, supostamente, sair de bicicleta para buscar a filha na escola, no Bairro Restinga. Mesmo com a convicção dos familiares de que se trata do corpo da mulher desaparecida no dia 27 de outubro de 2011, a polícia ainda aguardará os exames comparativos de DNA para confirmar sua identidade.
Os resultados dos exames devem demorar em torno de um mês para chegarem à 4ª DHPP. Enquanto isso, o delegado Adriano Melgaço Júnior promete retomar o caso como prioridade.
- Na verdade, a investigação nunca parou, mas agora temos um corpo que provavelmente é o da Cristiane. Não vou adiantar nenhuma linha de investigação mais concreta. Nos próximos dias vamos voltar a ouvir algumas pessoas que podem amadurecer uma conclusão - aponta.
Considerado pelo Departamento de Homicídios como um dos casos mais complexos recebidos pelo órgão, desde 2011, pelo menos três delegados já se debruçaram sobre as pistas e indícios. Logo depois do desaparecimento, um pedreiro que trabalhava na obra da casa da família chegou a ser detido, mas logo liberado. O marido de Cristiane também foi listado como investigado - e chegou a conduzir apurações paralelas -, mas ninguém foi indiciado até o momento.


Terreno já havia sido vasculhado três vezes
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Duas irmãs e um irmão de Cristiane acompanharam todo o trabalho dos peritos na tarde de ontem. No final, Daiane Oliveira, 28 anos, desabafou:
- Acabou a angústia porque agora sabemos o que aconteceu com a Cristiane, mas aumentou meu ódio. Vou lutar até o fim por justiça, para ver quem fez isso com ela preso.
Ela tem convicção de que o autor do crime esteve próximo da família durante todo este tempo.
- É alguém que debochou da nossa tristeza e da esperança de encontrarmos ela. Provavelmente pensou que nunca acharíamos _ disse.
Curiosamente, a ossada foi encontrada em um local revirado pela polícia ao longo de toda a investigação. Entre 2011 e 2013, pelo menos três vezes partes do terreno _ e até dentro da casa _ foram escavadas. Cães farejadores foram usados e até mergulhadores dos bombeiros chegaram a fazer buscas em um açude na localidade. Segundo a família, há cerca de um ano nenhuma nova informação foi repassada pela polícia.
Pois a queda de um muro antigo acabou representando o início de uma busca inusitada. Foi quando o vizinho resolveu reforçar a estrutura. No final da manhã de ontem, os pedreiros abriam o terreno para fazer as fundações do novo muro quando se depararam com o corpo.

Marido não apareceu

Mesmo que tenha figurado na linha de frente das buscas pela mulher, dias depois do sumiço - inclusive alugando um helicóptero para localizar pistas -, Rodrigo Velloso de Freitas, depois de avisado por vizinhos, não apareceu ontem no local onde a ossada supostamente de Cristiane foi encontrada. Até dois anos atrás, enquanto era apontado como um dos investigados pela polícia, ele chegou a apontar outros suspeitos, a partir de investigações próprias.
Até que os pertences dela fossem reconhecidos junto do corpo, os irmãos também preferiram manter a cautela e não alarmarem os pais. Eles receberam a notícia no Litoral.
Desde o desaparecimento da filha, o pai ficou praticamente cego, com a evolução das cataratas. A situação de Eloni Oliveira, a mãe, que sempre foi a mais dedicada às buscas, é ainda mais delicada. Na época, ela já havia sofrido um AVC - e foi cuidada por Cristiane. Com o sofrimento, teve de aumentar as doses da medicação e passou a consultar uma psicóloga.

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