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Homicídio

Polícia faz reconstituição de quatro versões diferentes da morte do surfista Ricardinho na Guarda do Embaú

Imprensa não está autorizada a acompanhar a simulação, que começou por volta das 14h

27/01/2015 - 16h49min

Atualizada em: 27/01/2015 - 16h49min


Especialistas do Instituto Geral de Perícias (IGP) que realizaram uma reconstituição da morte do surfista Ricardo dos Santos na Guarda do Embaú, em Palhoça, encenaram quatro versões diferentes para o crime na tarde desta terça-feira.

As versões que estão sendo apuradas pelo IGP são a do próprio policial, Luis Paulo Mota Brentano; a do irmão do soldado, que o acompanhava na manhã em que ele baleou Ricardinho; do avô de Ricardo, Nicolau dos Santos, que estava na casa no momento em que o neto levou os dois tiros; e do tio do surfista, Mauro dos Santos, que relata ter testemunhado toda a ocorrência.

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As informações foram repassadas pelo advogado da família de Ricardo em uma rápida conversa com jornalistas, que estão impedidos de chegar ao local da reconstituição.


Carro do policial militar chega à Guarda do Embaú para a simulação. Foto: Marco Favero/Agência RBS

A reconstituição começou por volta das 14h. Às 16h30min, alguns agentes começavam a se mobilizar, dando a entender que a ação estava perto de ser concluída. Durante a tarde, o avô de Ricardo chegou a deixar o local, visivelmente abalado, mas retornou ao ponto onde ocorre a reconstituição.

O advogado da família acredita que o confronto de versões desta terça-feira deva favorecer a acusação contra o policial militar.

- Ele demonstrou contradições no que diz respeito à legítima defesa - afirmou.

Pelo menos 10 viaturas passaram pelo centrinho em direção ao local do crime. Um isolamento na entrada da rua que leva ao local do crime foi feito pela PM. A imprensa também não pode ultrapassar o bloqueio feito a cerca de 200 metros e com isso os jornalistas não poderão acompanhar os trabalhos do Instituto Geral de Perícias (IGP).

As polícias Civil e Militar mobilizaram dezenas de policiais das unidades de elite para acompanhar os trabalhos dos peritos, como agentes da Coordenadoria de Operações Policiais Especiais (Cope) e PMs do Choque.


Batalhão de Choque chega para dar apoio na segurança. Foto: Marco Favero/Agência RBS 

A trilha do Morro do Macaco foi bloqueada para a passagem de pessoas para evitar transtornos durante a reconstituição. A Polícia orienta que quem quer ir à praia faça o caminho pelo canal, em vez de passar pela trilha. A polícia informou que há preocupação com a segurança e incidentes, por isso haverá reforço de policiamento no isolamento da região.

Manifestação pacífica

No fim de manhã, policias expuseram faixa no local em apoio ao colega Luís Paulo Mota Brentano. Eles vieram por conta própria e pediam pela verdade. Amigos e familiares de Ricardinho também carregavam uma faixa e pediam por justiça.


Policiais (na esquerda) e amigos e familiares de Ricardinho (à direita) fazem manifestação pacífica na Guarda do Embaú na manhã desta terça-feira. Foto: Guto Kuerten/Agência RBS

Uma campanha nas redes sociais, feita por amigos e familiares de Ricardinho e divulgada na noite desta segunda-feira, pedia que todos colaborem com o trabalho da polícia nesta terça-feira:

Guto Kuerten / Agencia RBS
Pelo menos 10 viaturas passaram pelo centrinho em direção ao local do crime, na Guarda do Embaú

Contradições

O soldado foi trazido do 8º Batalhão da PM, em Joinville, onde está preso. Em nota divulgada neste domingo por um advogado, ele voltou a alegar que atirou em legítima defesa própria e do irmão, que também estava no carro.

Familiares de Ricardinho afirmaram em depoimento que o soldado atirou injustificadamente em Ricardinho após o pedido para que o militar retirasse o carro do local em que parou e em que os moradores consertavam um cano.

O soldado, por sua vez, declarou à polícia que disparou para se defender de pessoas que teriam partido para cima dele, sendo que uma delas portava um facão - até agora a polícia não localizou nenhum facão.

Peritos produzirão documento

Ao menos três peritos do Instituto Geral de Perícias (IGP) e o diretor do Instituto Médico Legal (IML), Rodinei Cassio Bricki Tenório, irão participar dos trabalhos na Guardo do Embaú. Segundo o diretor-geral do IGP, Miguel Acir Colzani, o diretor do IML será um consultor importante para a polícia na simulação.

- Há duas versões conflitantes, por isso a perícia criminal busca verificar se essas versões tem consistência com o que consta nos exames e o que dizem as declarações nos depoimentos - afirma o diretor-geral.

Para Colzani, o importante numa encenação dessa natureza é não ter pressa para testar as versões e rechear o trabalho com imagens e fotografias. Após o procedimento, completou o diretor-geral, os peritos produzirão novo documento sobre o que for apresentado e o encaminharão à Polícia Civil.

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* Com informações do repórter Diogo Vargas


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