Reconstituição
Polícia testa contradições sobre morte de surfista em simulação na Guarda do Embaú
Soldado, mãe e avô da vítima foram convocados pela Polícia Civil.
Da cena do carro do policial militar Luís Paulo Mota Brentano parado na frente da casa do avô do surfista Ricardo dos Santos, o Ricardinho, ao conflito de versões sobre os tiros disparados pelo soldado.
:: Policial que atirou no surfista Ricardinho se manifesta sobre o caso
:: Fantástico entrevista a mãe de rapaz que teria sido torturado por policial
As hipóteses e contradições de depoimentos serão simuladas nesta terça-feira, às 14h, na Guarda do Embaú, em Palhoça, na Grande Florianópolis.
O policial, o avô e a mãe do surfista foram convocados pela Polícia Civil para participar da reconstituição da morte, uma simulação que costuma ser realizada quando há dúvidas na investigação. A polícia informou que há preocupação com a segurança e incidentes no local, por isso haverá reforço de policiamento no isolamento da região pela Polícia Militar.
O soldado deverá ser trazido do 8º Batalhão da PM, em Joinville, onde está preso. Em nota divulgada neste domingo por um advogado, ele voltou a alegar que atirou em legítima defesa própria e do irmão, que também estava no carro.
A simulação do assassinato será coordenada pelo delegado que preside o inquérito, Marcelo Arruda, da Delegacia de Palhoça, e tem previsão para durar toda a tarde. A intenção é esclarecer contradições que cercam alguns depoimentos e, principalmente, se a versão de legítima defesa apresentada pelo soldado irá se sustentar mesmo após o laudo cadavérico ter demonstrado que um dos dois tiros foram disparados pelas costas.
Familiares de Ricardinho afirmaram em depoimento que o soldado atirou injustificadamente em Ricardinho após o pedido para que o militar retirasse o carro do local em que parou e em que os moradores consertavam um cano.
O soldado, por sua vez, declarou à polícia que disparou para se defender de pessoas que teriam partido para cima dele, sendo que uma delas portava um facão - até agora a polícia não localizou nenhum facão.
Peritos produzirão documento
Ao menos três peritos do Instituto Geral de Perícias (IGP) e o diretor do Instituto Médico Legal (IML), Rodinei Cassio Bricki Tenório, irão participar dos trabalhos na Guardo do Embaú. Segundo o diretor-geral do IGP, Miguel Acir Colzani, o diretor do IML será um consultor importante para a polícia na simulação.
- Há duas versões conflitantes, por isso a perícia criminal busca verificar se essas versões tem consistência com o que consta nos exames e o que dizem as declarações nos depoimentos - afirma o diretor-geral.
Para Colzani, o importante numa encenação dessa natureza é não ter pressa para testar as versões e rechear o trabalho com imagens e fotografias. Após o procedimento, completou o diretor-geral, os peritos produzirão novo documento sobre o que for apresentado e o encaminharão à Polícia Civil.
Leia mais
::: Decretada a prisão preventiva de PM que atirou em Ricardo dos Santos
::: Reconstituição do crime que matou Ricardinho será nesta terça-feira
::: Laudo confirma que policial que atirou em Ricardinho ingeriu álcool no dia do crime
::: MP havia recomendado afastamento do policial que atirou em surfista
::: Policial projetava carreira promissora antes de se envolver na morte de Ricardinho