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Homicídio

Termina a reconstituição do caso do surfista Ricardo dos Santos

Com protesto dos moradores da comunidade, houve tumulto na saída dos carros da simulação

27/01/2015 - 10h01min

Atualizada em: 27/01/2015 - 10h01min



Carro do policial militar chega à Guarda do Embaú para a simulação. Foto: Marco Favero/Agência RBS

O autor dos tiros que provocaram a morte do surfista, o soldado da Polícia Militar Luis Paulo Mota Brentano, não foi visto em nenhum dos carros. Mas, oficiais da PM ouvidos pelo DC confirmaram que Mota está presente na reconstituição. É possível que ele tenha sido trazido em um veículo descaracterizado da polícia com películas, um dos primeiros na frente do grupo e rumou para os fundos da rua e não para o estacionamento perto da praia onde ficaram os demais veículos. O irmão do policial também está no local.

Contradições


A simulação do assassinato será coordenada pelo delegado que preside o inquérito, Marcelo Arruda, da Delegacia de Palhoça, e tem previsão para durar toda a tarde. A intenção é esclarecer contradições que cercam alguns depoimentos e, principalmente, se a versão de legítima defesa apresentada pelo soldado irá se sustentar mesmo após o laudo cadavérico ter demonstrado que um dos dois tiros foram disparados pelas costas.

Marco Favero / Agencia RBS
Carros são escoltados na saída da Guarda do Embaú

A reconstituição do crime que matou o surfista Ricardo dos Santos na Guarda do Embaú, Grande Florianópolis, terminou há pouco, às 17h. Houve um tumulto ao final do processo quando dois carros saíram do local da simulação. Eles passaram pelo meio da multidão que correu atrás dos carros aos gritos de "assassino!" Os policiais que faziam a escolta dos carros facilitaram a saída sem maiores conflitos.

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Polícia mobilizou unidades de elite para reconstituição

Com a oração do pai-nosso, os manifestantes viram o comboio de viaturas passar para o começo da reconstituição da morte do surfista Ricardo dos Santos, o Ricardinho, na praia da Guarda do Embaú, em Palhoça, na tarde desta terça-feira.

Foram pelo menos 10 viaturas que passaram pelo centrinho em direção ao local do crime. As polícias Civil e Militar mobilizaram dezenas de policiais das unidades de elite para acompanhar os trabalhos dos peritos, como agentes da Coordenadoria de Operações Policiais Especiais (Cope) e PMs do Choque. A reconstituição começou por volta das 14h.

Os policiais da Cope vieram num ônibus da Polícia Civil e estão com cães farejadores.

Um isolamento na entrada da rua que leva ao local do crime foi feito pela PM. A imprensa também não pode ultrapassar o bloqueio feito a cerca de 200 metros e com isso os jornalistas não poderão acompanhar os trabalhos do Instituto Geral de Perícias (IGP).

Os manifestantes, entre familiares e amigos de Ricardinho, carregam faixas com pedidos de justiça. O clima é tenso, mas nenhum incidente foi registrado durante a passagem do comboio de viaturas.

O tio e o avô do surfista também participam da simulação. Integrantes do Ministério Público acompanham o grupo.


Batalhão de Choque chega para dar apoio na segurança. Foto: Marco Favero/Agência RBS 

A trilha do Morro do Macaco foi bloqueada para a passagem de pessoas para evitar transtornos durante a reconstituição. A Polícia orienta que quem quer ir à praia faça o caminho pelo canal, em vez de passar pela trilha. A polícia informou que há preocupação com a segurança e incidentes, por isso haverá reforço de policiamento no isolamento da região.

Manifestação pacífica

No fim de manhã, policias expuseram faixa no local em apoio ao colega Luís Paulo Mota Brentano. Eles vieram por conta própria e pediam pela verdade. Amigos e familiares de Ricardinho também carregavam uma faixa e pediam por justiça.


Policias (na esquerda) e amigos e familiares de Ricardinho fazem manifestação pacífica na Guarda do Embaú na manhã desta terça-feira. Foto: Guto Kuerten/Agência RBS

Uma campanha nas redes sociais, feita por amigos e familiares de Ricardinho e divulgada na noite desta segunda-feira, pedia que todos colaborem com o trabalho da polícia nesta terça-feira:

Publicação by Ricardo Dos Santos.

O soldado foi trazido do 8º Batalhão da PM, em Joinville, onde está preso. Em nota divulgada neste domingo por um advogado, ele voltou a alegar que atirou em legítima defesa própria e do irmão, que também estava no carro.

Familiares de Ricardinho afirmaram em depoimento que o soldado atirou injustificadamente em Ricardinho após o pedido para que o militar retirasse o carro do local em que parou e em que os moradores consertavam um cano.

O soldado, por sua vez, declarou à polícia que disparou para se defender de pessoas que teriam partido para cima dele, sendo que uma delas portava um facão - até agora a polícia não localizou nenhum facão.

Peritos produzirão documento

Ao menos três peritos do Instituto Geral de Perícias (IGP) e o diretor do Instituto Médico Legal (IML), Rodinei Cassio Bricki Tenório, irão participar dos trabalhos na Guardo do Embaú. Segundo o diretor-geral do IGP, Miguel Acir Colzani, o diretor do IML será um consultor importante para a polícia na simulação.

- Há duas versões conflitantes, por isso a perícia criminal busca verificar se essas versões tem consistência com o que consta nos exames e o que dizem as declarações nos depoimentos - afirma o diretor-geral.

Para Colzani, o importante numa encenação dessa natureza é não ter pressa para testar as versões e rechear o trabalho com imagens e fotografias. Após o procedimento, completou o diretor-geral, os peritos produzirão novo documento sobre o que for apresentado e o encaminharão à Polícia Civil.

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