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Morte de torcedor

"Há graves indícios de que houve a troca de balas", afirma juiz que decretou prisão de PMs

Magistrado José Antônio Prates Piccoli acatou pedido da polícia. Soldados Fabiano Assmann e Moyses Stein, do 25º BPM, já estão detidos no Presídio Policial Militar, em Porto Alegre

04/02/2015 - 22h09min

Atualizada em: 04/02/2015 - 22h09min


Carlos Ismael Moreira
Carlos Ismael Moreira
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Reprodução / Reprodução

Estão presos os soldados Fabiano Assmann e Moyses Augusto Ribeiro Stein, do 25º Batalhão de Polícia Militar (25º BPM), suspeitos de envolvimento na morte do torcedor Novo Hamburgo Maicon Doglas de Lima e na suposta ocultação de provas do caso. A prisão temporária, decretada nesta quarta-feira, foi baseada "em graves indícios de fraude processual", afirmou o juiz José Antônio Prates Piccoli, titular da 1ª Vara Criminal de São Leopoldo, que determinou a medida.

Lima foi morto com dois tiros pelas costas durante uma briga de torcidas após o jogo entre Novo Hamburgo e Aimoré pelo Gauchão, no último domingo. A suspeita é de que os tiros tenham partido da BM. A polícia investiga ainda se os PMs, que tiveram acesso à sala onde jovem recebeu atendimento no Hospital Centenário, trocaram uma das balas retiradas do corpo do jovem.

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Conforme o juiz, o conjunto de alegações apresentado pelo delegado Vinicius do Valle, titular da Delegacia de Homicídios de São Leopoldo, que conduz a investigação, corroborado pelos depoimentos de testemunhas, demonstrou grande possibilidade de a troca dos projéteis ter realmente ocorrido:
 
- O médico afirmou que, quando rasgou a roupa do jovem para socorrê-lo, viu uma das balas, que provocou um orifício de saída e havia ficado presa às vestes, cair na maca entre as pernas da vítima. Foi aí que o PM pegou a bala e disse que iria apresentar na delegacia. Mas quando a bala foi reapresentada ao médico, ele não teve dúvida de que não era a mesma - relata Piccoli, que ressaltou ainda não ser procedimento de praxe os brigadianos, no lugar do hospital, realizarem a entrega de projéteis à polícia.

A tese da Polícia Civil ganhou força depois da divulgação de imagens das câmeras de vigilância do hospital. A viatura da BM chega às 21h29min - o pai do jovem está no veículo e ajuda a levá-lo, ainda com vida, até a maca. Uma câmera interna mostra os socorristas passando por um corredor até a sala de atendimento, em uma área restrita. Onze minutos depois, os dois PMs que conduziam a viatura entram na mesma sala. Em seguida, outros dois brigadianos percorrem o mesmo caminho. Os quatro ficam no local onde Lima era atendido por pouco mais de dois minutos. Veja:


 
Conforme o depoimento de um médico e de uma enfermeira à Polícia Civil, um dos indícios apontandos para a troca do projétil é que a bala retirada do jovem deveria apresentar marcas de sangue, e não os traços de concreto presentes na que os PMs entregaram.

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Na última terça-feira, cinco PMs envolvidos no tumulto que causou a morte de Lima foram afastados. Picolli explicou, contudo, que apenas Assmann e Stein tiveram prisão temporária decretada porque, segundo as informações repassadas pela polícia, somente os dois tiveram envolvimento direto com os episódios (a morte e a suposta ocultação de provas). O magistrado afirmou também que a comoção social em torno do caso e o fato de Lima ter sido atingido pelas costas reforçaram sua decisão:
 
- Era um menino de 16 anos, livre de antecedentes e a morte pelas costas não se justificaria nem que fosse um criminoso - sentenciou.


Maicon fazia parte de uma torcida organizada do Novo Hamburgo (Reprodução)
 
Conforme o tenente-coronel Ari José Cassanta Chaves, comandante do 25º BPM, os soldados Assmann e Stein já foram encaminhados para o Presídio Policial Militar, em Porto Alegre. Chaves não soube informar quem serão os advogados de defesa dos dois no processo.


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