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Justiça quebra sigilo telefônico de sete PMs após morte de torcedor

ZH teve acesso com exclusividade à decisão do magistrado José Antônio Prates Piccoli, que também autorizou a apreensão dos aparelhos

05/02/2015 - 20h10min

Atualizada em: 05/02/2015 - 20h10min


Carlos Ismael Moreira
Carlos Ismael Moreira
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Maicon Doglas de Lima, 16 anos, fazia parte da torcida do Novo Hamburgo

Titular da 1ª Vara Criminal de São Leopoldo, o juiz José Antônio Prates Piccoli autorizou a quebra do sigilo telefônico dos aparelhos funcionais utilizados por sete policiais militares (PMs) participantes da ação que resultou na morte do torcedor do Novo Hamburgo Maicon Doglas de Lima, de 16 anos, no último domingo.

ZH teve acesso com exclusividade à integra da decisão do magistrado, publicada na terça-feira, que também determinou a apreensão dos telefones celulares utilizados por sete PMS, entre eles os soldados Fabiano Francisco Assmann e Moyses Augusto Ribeiro Stein, presos temporariamente no Presídio Policial Militar, na Capital, por ordem do mesmo despacho. Pelo menos seis aparelhos foram entregues à Delegacia de Homicídios de São Leopoldo, que conduz a investigação.


Adolescente foi atingido por dois tiros pelas costas e morreu no domingo (Reprodução)

Na decisão, o juiz ressaltou a gravidade dos crimes apontados pela investigação da polícia e considerou que existem fortes suspeitas de que os brigadianos substituiram uma balas retiradas do corpo do adolescente na tentativa de confudir a apuração do caso:

- Os fatos são gravíssimos e denotam extrema periculosidade de seus autores, vez que há grandes indícios de que o disparo que causou a morte da vítima seja oriundo da guarnição policial que atendia a ocorrência, além de haver fortes suspeitas de que os referidos policiais tenham substituído o projetil extraído do corpo da vítima, como forma de furtarem-se da responsabilidade penal pelo ocorrido _ escreveu Picolli.

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Em depoimento à polícia, um PM admitiu ter atirado com munição letal durante a brida de torcidas após o jogo entre Novo Hamburgo e Aimoré, quando a orientação era usar balas de borracha. Lima foi atingido por dois disparos pelas costas e acabou morrendo no Hospital Centenário. No local, PMs teriam trocado uma das balas retiradas do corpo do jovem. A tese ganhou força após a divulgação de imagens de câmeras de vigilância do hospital, mostrando que os brigadianos tiveram acesso à sala onde Lima foi atendido. Conforme o depoimento de um médico e uma enfermeira, o projétil original, que teria marcas de sangue, foi substituído por outro com traços de concreto. 

ASSISTA AO VÍDEO COM A MOVIMENTAÇÃO DOS PMS NO HOSPITAL



A polícia aguarda a perícia para confirmar se os tiros que mataram Lima partiram da BM, além do laudo de necropsia, que poderá comprovar se a segunda bala, que ficou alojado no corpo do adolescente, é do mesmo calibre do projétil que foi apresentado pelos brigadianos.

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Na última terça-feira, cinco PMs envolvidos no tumulto que causou a morte de Lima foram afastados. A reportagem tentou contato com comandante do 25º Batalhão de Polícia Militar (25º BPM), para esclaracer se todos policiais citados na decisão são integrantes do batalhão e, nesse caso, qual a situação dos dois que não foram afastados, mas o tenente-coronel Ari José Cassanta Chaves não atendeu as ligações.


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