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Moradores do Menino Deus se mobilizam contra a insegurança

Reunião do conselho comunitário do bairro reuniu mais de 250 pessoas nesta quarta-feira para encontrar soluções para combater crimes

25/03/2015 - 23h12min

Atualizada em: 25/03/2015 - 23h12min


Vanessa Kannenberg / Uruguaiana
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Vanessa Kannenberg / Agência RBS
Reunião ocorreu na sede do Grêmio Náutico União

Projeto-piloto que envolve comunicação entre moradores e a polícia, mobilização para convocar uma audiência-pública e abaixo-assinado para mostrar a insatisfação com a insegurança fizeram parte da pauta da reunião mensal do conselho comunitário do bairro Menino Deus, na Capital, na noite desta quarta-feira. A diferença para os demais encontros é que, em média, este teve quase 500% a mais de participação, passando de 250 presentes.

A justificativa, segundo a coordenadora do Conselho Comunitário de Justiça e Segurança do Menino Deus, que envolve cerca de 30 mil moradores e existe há 10 anos, Nelnie Lorenzoni, é que, na segunda metade do ano passado, a comunidade notou um aumento da violência e decidiu agir.

- Em janeiro começamos a pensar em um projeto-piloto de comunicação, para que os moradores alertem uns aos outros sobre riscos e também se comuniquem com a Brigada Militar. Montamos uma comissão de moradores, que se uniu com uma de comerciantes, e o assunto cresceu de tal forma que chegamos a esse número de pessoas hoje - esclareceu Nelnie.

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Ao longo da reunião, que contou com a presença de representantes da Brigada Militar, da Polícia Civil, da EPTC e da Secretaria Municipal de Segurança, cerca de 10% dos participantes puderam usar o microfone e expor suas ideias e reivindicações.

- Desde a Copa, aumentou muito a insegurança. Eu sou um caso raro e, graças a Deus, meu estabelecimento nunca foi assaltado. Mas todos os meus vizinhos foram. Se o (governador José Ivo) Sartori não paga os salários, eu pago os meus impostos e exijo segurança - bradou a comerciante Rita Avila, seguida de aplausos dos ouvintes.

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Um médico usou o microfone para contar que sua mulher fora assaltada às 7h30min de um dia de semana, no espaço de três quadras que separa a casa deles e o Hospital Mãe de Deus.

- Levaram apenas o computador, e ela não foi ferida. Eu quis agradecer aos assaltantes por isso. A que ponto chegamos? É uma crise de valores sem precedentes - apontou ele.

A plenária aprovou a próxima reunião para o dia 28 de abril, em local a ser confirmado. Até lá, um grupo de trabalho vai organizar o abaixo-assinado (com meta de 6 mil assinaturas) e expor as prerrogativas de uma possível audiência-pública. O projeto de comunicação, que incialmente foi proposto para o quadrante formado pelas ruas José de Alencar, Padre Cacique, Barão do Cerro Largo e Silvério considerado ponto crítico de crimes, deve ser ampliado e ganhar corpo.

- Fui assaltado e fiz vídeo, foto e identifiquei o cara na delegacia. Estou ajudando como posso, mas nós, civis, e a polícia temos que trabalhar juntos - provocou o comerciante Paulo Roberto Richter.

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Sem revelar dados, em entrevista a ZH durante a tarde, o titular da 2ª Delegacia de Polícia da Capital, delegado César Carrion, confirma que as ocorrências têm crescido na região. Na opinião dele, o roubo a pedestres é o crime que mais tem aumentado, seguido por furto e roubo de carros. Na reunião da noite, o escrivão da 2ª DP Cládio Wohlfahrt elogiou a mobilização dos moradores:

- O caminho é esse, se organizar. Como agente de rua, eu, mais do que ninguém, sei das limitações da Polícia. A demanda só aumenta, e a estrutura diminui. Precisamos nos unir no combate ao crime.

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Em situação semelhante, o 1º Batalhão de Polícia Militar (BPM), responsável pelo bairro Menino Deus e pelas redondezas, tomou uma atitude na semana passada. Segundo o major Rodrigo Mohr, subcomandante do 1º BPM, que também esteve no encontro do conselho, o Batalhão reduziu de cinco para três o número de companhias. O objetivo: tirar agentes do trabalho administrativo e colocar mais na rua.

- Estamos fazendo o que podemos com o pouco que temos. Mas não acho que a culpa seja só do número de efetivo. A impunidade leva ao retrabalho, pois todos os dias prendemos os mesmos cometendo os mesmos crimes - reforçou Mohr.


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