Polícia



Possível execução

Sargento da Brigada Militar e o filho são assassinados em Alvorada

O PM estava de folga e com trajes civis quando foi baleado no bairro Salomé

03/04/2015 - 14h14min

Atualizada em: 03/04/2015 - 14h14min


Cristiane Bazilio
Cristiane Bazilio
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Carlos Macedo / Agencia RBS

Logo que o almoço da Sexta-feira Santa acabou, o pai resolveu levar o filho para conhecer a sobrinha de apenas dois dias. Mas, na volta, o dia que tinha tudo para ser de alegria acabou em tragédia para a família do sargento da Brigada Militar Milton de Pádua Martins, 52 anos. Ele e o filho Ismael Martins, 20 anos, foram executados quando chegavam em casa, na Rua Campos Verdes, Bairro Salomé, em Alvorada.

Segundo a BM, pai e filho caíram em uma emboscada armada, possivelmente, por desafetos do jovem. Três homens ainda não identificados esperavam em frente à casa da família - dois dentro de um Sandero prata e um terceiro na rua.

- O filho teria identificado o rapaz que estava escorado em um muro e que seria um desafeto seu. Alertou o pai, que tentou manobrar o carro para fugir, mas não deu tempo. Os dois que esperavam dentro do carro efetuaram diversos disparos contra eles. Foi uma tocaia covarde, eles não tiveram chance de reação - afirmou o comandante do 9º BPM, tenente-coronel Francisco Vieira.

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Conforme a polícia, Ismael tinha antecedentes por roubo. Em 2010, depois de um assalto frustrado a um minimercado, acabou internado na Fase.

- Ele já estava há um ano e meio fora da Fase. Morava com os pais, mas tentava alugar um apartamento na Lomba do Pinheiro. Trabalhava na Restinga como funcionário de serviços gerais de uma igreja - explicou o comandante.

Para o tenente-coronel, o pai acabou vitimado por conta dos desafetos do jovem.

- Ele morreu por causa do filho - resumiu o policial militar.

Casado havia 26 anos, o sargento morava em Alvorada com a mulher, Marina Martins, e os três filhos: Ismael (morto com ele), uma jovem de 25 anos e a caçula, de 18, que lhe deu a primeira neta. Ainda muito abalada, a esposa conversou com o DG e resumiu a personalidade do marido:

- Não consigo nem pensar em nada. Só sei que meu marido era um ótimo pai e esposo. Trabalhador, uma pessoa muito boa, diferenciada.

Vizinhança está consternada

Na tarde de sexta-feira, a estreita rua de paralelepípedos do Bairro Salomé ficou intransitável nas proximidades da casa do sargento Milton. Dezenas de pessoas se aglomeravam ao redor dos cordões de isolamento, enquanto os telhados da casas vizinhas eram tomados por repórteres, cinegrafistas e fotógrafos. O duplo homicídio, que teve grande repercussão ao longo do dia, comoveu amigos e vizinhos do sargento, que lamentavam a perda.

- Era um homem muito bom, íntegro, querido por todos. Quando a gente precisava de qualquer coisa, batia ali (na casa dele), e ele estava sempre disposto a ajudar. É uma lástima, uma tragédia - dizia uma moradora do bairro.

Para uma dona de casa, a sensação é de insegurança com a ausência do brigadiano que tranquilizava a vizinhança.

- Agora não tem mais quem cuide de mim e da minha filha todas as noites. Eu caminhava até a parada para esperar ela chegar da aula, e ele ficava me cuidando da casa dele. Acenava pra mim, e eu ficava tranquila - conta a senhora.

Mas o que muita gente não vai esquecer são as marcas de uma Sexta-feira Santa que será lembrada para sempre por uma tragédia na Rua Campos Verdes.

- Recém tínhamos almoçado quando ouvi aquele barulho alto de tiros. Foram seis disparos, lembro de cada um deles. E os gritos da esposa eram ouvidos de longe. Nunca mais vou esquecer aqueles gritos - contou uma vizinha.

Corporação lamenta morte

Com 34 anos de Brigada Militar - 30 no Batalhão de Operações Especiais -, o Sargento Pádua, como era conhecido, fez carreira no 9º BPM de Porto Alegre. Atualmente, era o terceiro sargento do batalhão e estava de férias. Deveria retornar ao serviço no próximo dia 15, e, ainda neste ano, pretendia se aposentar.

- Ele sempre trabalhou na rua e se destacava por isso. Era sempre muito pró-ativo e um exemplo para os demais. Com 34 anos de serviço e o vigor que ele tinha, parecia um recruta - contou o comandante do 9º BPM, tenente-coronel Francisco Vieira.

Conforme o oficial, o clima é "de consternação e tristeza" na corporação.

- Todo o pelotão dele estava de folga, mas amanhã (sábado) estará em peso fazendo as honras. Nem precisou chamar, todos se motivaram a vir espontaneamente. Na hora do enterro, serão feitos o cortejo e as homenagens militares - adiantou Vieira.

*Diário Gaúcho


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