Caso Bernardo
Justiça nega nova perícia em laudo que teria assinatura de Boldrini
Defesa do médico quer que perícia em laudo com receita de midazolam seja refeita
O juiz de Três Passos, Marcos Luís Agostini, negou nesta terça-feira um pedido de novos esclarecimentos, feito pela defesa do médico Leandro Boldrini, sobre o laudo pericial que apontou como inconclusiva a autoria da assinatura do pai de Bernardo em uma receita de midazolam. A droga foi encontrada no corpo do garoto após autópsia. De acordo com Agostini, o Instituto-Geral de Perícias (IGP) concluiu o trabalho:
"Não vislumbro sejam necessários outros esclarecimentos além daqueles apresentados pelos peritos. Com efeito, o mencionado laudo é claro ao indicar os fundamentos da conclusão pericial, de que não é possível atestar a autenticidade ou inautenticidade da assinatura", disse ele, em despacho.
O magistrado também solicitou à Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) informações sobre as condições de transferência de Graciele Ugulini, madrasta de Bernarda e denunciada por homicídio, para os presídios de Ijuí, Santo Ângelo ou Santa Rosa. Atualmente, ela está detida em Guaíba, na Região Metropolitana, mesmo local que abriga Edelvânia Wirganovicz, outra ré do assassinato.
"Ressaltamos que a assinatura atribuída a Leandro Boldrini aposto na peça questionada consiste em uma forma compacta de assinatura, ilegível, em traçado curvilíneo simples, não contemplando características personalísticas em quantidade e qualidade adequadas para comparação (...) Associado a isto, o alto grau de variabilidade de formas e número de elementos (arcos e cristais / posições de ataque e remate) observados nos padrões encaminhados de Leandro Boldrini impede a aquisição de parâmetros seguros de comparação, fragilizando as referências como padrão de autenticidade", concluiu a perícia.
A defesa do médico questionava se pode ser excluída a autenticidade da assinatura examinada e se a perícia identificou indícios de falsidade gráfica. Nesse caso, os advogados de Boldrini solicitaram esclarecimento se haveria propósito de imitar ou disfarçar.
Um ano depois, morte do menino mobiliza milhares de pessoas
"Reiterar pedidos de esclarecimentos periciais até que conste no laudo aquilo que as partes gostariam que fosse consignado, o que não ocorrerá em relação a esta perícia em face de tudo que esclareceram os peritos, implicaria em frear indefinidamente a marcha processual, inviabilizando o prosseguimento e julgamento do feito", assinalou o juiz.
Na próxima semana, ocorrerá em Três Passos a audiência final do Caso Bernardo, antes do julgamento. Os réus Leandro Boldrini, Graciele Ugulini, Edelvânia Wirganovicz e Evandro Wirganovicz serão ouvidos pela primeira vez desde que o corpo do menino foi encontrado, em abril de 2014.