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Boletim de ocorrência

Renato Dornelles: presas fáceis

Colunista do Diário Gaúcho fala sobre mortes de jovens envolvidos com o comércio de drogas

01/06/2015 - 07h03min

Atualizada em: 01/06/2015 - 07h03min


Na edição do DG de final de semana, o repórter Eduardo Torres fez um excelente recorte acerca da triste história do menino Emanuel, executado com cinco tiros no Bairro Restinga, na Capital, no dia 30 de abril. Um exemplo da trágica estatística de mortes de jovens envolvidos com o comércio de drogas.

No tráfico, cada vez mais intenso e disputado, principalmente nas zonas periféricas, a demanda por mão de obra é crescente. E todos parecem descartáveis: aqueles que são presos ou mortos têm seus postos preenchidos quase que automaticamente. E como o rodízio é grande, é natural que meninos comecem a ser aceitos cada vez mais cedo. É aí que entra o caso de Emanuel: aos 12 anos, com um histórico de fugas de casa e de instituições estatais, foi facilmente absorvido por essa perversa dinâmica do tráfico.

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O antropólogo inglês Luke Dowdney lançou, em 2003, o livro Crianças no Tráfico, fruto de uma pesquisa sobre a participação de jovens no comércio de drogas no Rio. Algumas conclusões merecem ser destacadas. Foram pesquisados cerca de 6 mil jovens e, para explicar a sua entrada no crime, a maioria disse que essa havia sido a única alternativa. Muitos afirmaram terem sido atraídos também por uma suposta possibilidade de ganhos fáceis e de ascensão no esquema do tráfico.

Para mim, o mais curioso (e trágico) na pesquisa, foi que quase todas as crianças e jovens entrevistados disseram que sabiam que seriam mortos antes dos 18 anos. Seriam suicidas precoces? Eu diria que jovens sem perspectivas de uma vida normal dentro da lei, deixados cada vez mais à margem da sociedade e à mercê do crime.

*Diário Gaúcho


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