Boletim de Ocorrência
Renato Dornelles: Teremos que pedir segurança ao Batman ou ao Superman?
Colunista do Diário Gaúcho fala a onda de assaltos que assusta moradores da Capital
Surpreendi-me e, pelo visto, muitas outras pessoas também, com as respostas de um oficial da BM acerca de assaltos que estavam ocorrendo no Parque da Redenção durante a realização de um evento, no sábado à noite.
Pelo WhatsApp, o oficial, que responde pelo 9° BPM (Batalhão responsável pelo policiamento da região central da Capital) aconselhou os participantes do evento (havia milhares) a chamarem o Batman ou o Superman para socorrê-los.
Claro que as frases foram ditas de forma impensada. Não tenho duvidas disso. E, como humano, o oficial está sujeito a isso.
Mas não há como não questionar alguns critérios. Duas semanas antes, no dia 22 de maio, um ladrão roubou um celular no Centro e buscou refugio em um hotel. O mesmo 9° BPM mobilizou 30 policiais e até um helicóptero para a ocorrência. O criminoso acabou preso. Estava desarmado.
Na quarta-feira passada, uma pessoa ameaçava o suicídio em um prédio na Rua Vicente da Fontoura. A quadra inteira, entre a Rua Passo da Pátria e a Avenida Neusa Brizola foi fechada por cerca de sete horas. Nada menos do que 15 viaturas do mesmo 9° BPM foram mobilizadas para a ocorrência. Um dia antes, na esquina da Vicente com a Passo da Pátria, um amigo havia sido assaltado, seu carro foi roubado e, mesmo com o 190 acionado, nenhuma viatura apareceu.
Não quero diminuir a importância das ocorrências do roubo do celular no Centro ou da tentativa de suicídio. Mas é perceptível uma falta de critérios. No evento de sábado, na Redenção, principalmente, milhares ficaram à mercê de assaltantes.
Será que estamos condenados a permanecer cerrados em casa à noite e só sairmos em casos de extrema necessidade - ou, se quisermos sair teremos que pedir segurança ao Batman ou ao Superman?