Onda de assaltos
Após colega ser esfaqueado, estudantes protestam por segurança em Porto Alegre
Além da caminhada na manhã desta quinta, um novo protesto bloqueou a Avenida Ipiranga durante a tarde
Dezenas de estudantes do Colégio Protásio Alves fazem protesto nesta quinta-feira depois que um colega foi esfaqueado na noite de quarta-feira, quando deixava a aula. Além da caminhada realizada pela manhã, um grupo bloqueou parte das avenidas Ipiranga e Getúlio Vargas durante a tarde.
Um pouco antes das 9h, os manifestantes bloquearam a Avenida Ipiranga gritando por "mais segurança". Depois, os jovens se dirigiram ao Palácio da Polícia e voltaram para frente da instituição - quando encontraram o cartão TRI do colega assaltado na rua.
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De acordo com informações da Rádio Gaúcha, por volta das 14h15, o grupo bloqueava o trecho com a Avenida Praia de Belas.
Eles seguiram em caminhada até o 1º Batalhão da BM, com gritos de "mais segurança", para cobrar reforço no policiamento na região da escola. Por volta das 14h50, os manifestantes retornaram ao Colégio Protásio Alves.
Os estudantes contam que esse não é um caso isolado. De acordo com Shirley Rosa, 16 anos, aluna do 2º ano do Ensino Médio, houve 15 assaltos nos últimos 20 dias.
- Acontece em qualquer horário, até ao meio-dia. A gente evita andar sozinho, anda em grupo, sai do ônibus correndo pro colégio - explica.
A situação foi relatada também pela diretora, Ana Maria de Souza, que contou mais de 50 casos de assaltos na entrada ou saída do colégio desde o começo do ano e disse que há alunos com baixa frequência, correndo o risco de perder bolsa de estágio, porque estão com medo de ir para a escola.
Gabriel Marin Paz, 17 anos, que também frequenta as aulas do 2º ano, relata que, há três semanas, estava indo para a aula por volta das 7h da manhã, quando sofreu um ataque:
- Dois homens chegaram e pediram dinheiro para passagem. Eu dei R$ 5 e me virei, quando minha colega me alertou que eles estavam vindo com uma faca para cima de mim. Eu saí correndo para o colégio e consegui fugir.
Na quarta-feira de noite, Denner Centeno, 18 anos, foi esfaqueado na altura do coração quando deixava o colégio. Ele passou por uma cirurgia de emergência e está internado em estado grave na UTI do Hospital de Pronto Socorro, com lesão no ventrículo. A mãe, Lisiane Stefanello Centeno, conta que ele deve ficar na UTI pelo menos por 48 horas para drenar o sangue e certificar que outros órgãos não foram danificados.
Ação contra a BM
Os pais dos estudantes do Colégio Protásio Alves devem encaminhar nos próximos dias uma ação contra o Comando da Brigada Militar da Capital. A revolta se deve à resposta dada pelo órgão após a direção do colégio pedir formalmente o reforço da segurança na região. O documento é anterior ao ataque sofrido pelo estudante Denner Centeno, na noite passada.
De acordo pais de alunos da instituição, o documento de resposta da Brigada Militar diz que a polícia "não poderia fazer nada além do que já estava sendo feito". A ação pedirá indenização à família de Denner e a segurança no local. Eles afirmam que ocorreram 50 assaltos a estudantes em um período de 30 dias.
- Ontem mesmo, antes do que ocorreu com o Denner, outros estudantes foram assaltados - conta a mãe de uma aluna.
- O processo vai correr em nível de ação pública. Não queremos só esse teatro que montaram hoje - diz o pai de um estudante, se referindo ao policiamento em torno do colégio nesta quinta-feira.
O tenente-coronel Maciel, do 1º Batalhão da Brigada Militar, afirma não ter conhecimento do documento. Ele diz que a BM faz policiamento no local diariamente nos horários de saída e entrada dos alunos, e que a ocorrência da noite passada não foi nesses horários.
O policial também contesta o número de ocorrências em frente ao colégio:
- Temos registradas 15 ocorrências durante o ano letivo. Talvez o restante não tenha sido registrado em boletins, mas trabalhamos com base em números.
Além disso, o tenente-coronel afirma que as imagens das câmeras de segurança do Protásio Alves ainda não foram entregues à polícia.
Procurados, o Comando de Policiamento da Capital e o Comando Geral da Brigada Militar também desconhecem o documento.
*Zero Hora