Polícia



Pastor falcatrua

Clínica de fachada recebeu ajuda de vereadores e até da Brigada Militar

Em 2011, o pastor Luiz Henrique Maia, preso nesta sexta, falou na tribuna da Câmara de Vereadores de Novo Hamburgo. Polícia encontrou 15 internos na Comunidade Nova Vida

03/07/2015 - 13h10min

Atualizada em: 03/07/2015 - 13h10min


Divulgação / Câmara de Vereadores de Novo Hamburgo
Vereadores visitaram a comunidade terapêutica em 2011

Mesmo atuando fora da regulamentação para esse tipo de estabelecimento, a comunidade terapêutica mantida pelo pastor Luiz Henrique Maia, o Índio, revelada como sendo de fachada em uma investigação da Delegacia de Homicídios de Novo Hamburgo, enganou as principais autoridades do município.

Em 2011, chegou a mobilizar o apoio da Câmara de Vereadores e até mesmo foi a entidade escolhida pelo Comando Regional da Brigada Militar para receber, naquele ano, doações em uma campanha do agasalho da corporação. Em julho daquele ano, supostamente enfrentando dificuldades para adaptar-se à legislação específica para comunidades terapêuticas, Índio foi ouvido na tribuna da Câmara.

- Nós sempre trabalhamos no anonimato, em prol dos dependentes químicos e servindo a Deus - explicou aos vereadores.

Quando referia-se à comunidade do Loteamento Kephas, onde estava instalada a comunidade terapêutica, Índio tratou logo de mostrar a sua importância local:

- Se disser que é amigo do Índio, ninguém vai mexer com vocês. Eu já enfrentei boca braba, traficante e estou lá lutando.

Dias depois do discurso, uma comissão de vereadores visitou o local. E o site da Câmara de Vereadores destacou o trabalho local como exemplar.



Índio mora em Novo Hamburgo desde 1999 e, evangélico, teria criado a sua própria igreja, a Nova Vida. Em 2003, criou a comunidade terapêutica em uma área de um hectare no Loteamento Kephas. Nessa sexta, 15 dependentes químicos foram encontrados pela polícia no local - 14 deles com antecedentes criminais. Mas o lugar já chegou a receber até 40 dependentes.

Leia mais notícias sobre homicídios

- Não havia tratamento nenhum. O líder dessa quadrilha utilizava dessas pessoas para cumprirem as suas ordens no tráfico de drogas - afirma o delegado Enizaldo Plentz.

Segundo o delegado, alguns terrenos ao redor da comunidade já haviam sido grilados, aumentando a área original, que nunca foi regularizada. A última vistoria do Conselho Municipal de Entorpecentes (Comen) à comunidade aconteceu em 2013, e foi ordenado que fosse fechada.

O pastor responde por pelo menos quatro homicídios na região somente neste ano. Ele tem antecedente criminal por porte ilegal de arma.

Leia mais notícias do dia

CONTRAPONTO

Em depoimento à polícia, Índio negou as acusações e ressaltou que a clínica era dele e funcionava para tratar dependentes químicos. Ele foi encaminhado ao Presídio Central.


MAIS SOBRE

Últimas Notícias