Notícias



Tempos difíceis

Crise financeira vai impactar na proteção à sociedade, diz secretário da Segurança Pública do RS

Wantuir Jacini afirma que parcelamento de salários traz intranquilidade aos servidores

27/08/2015 - 17h40min

Atualizada em: 27/08/2015 - 17h40min


Luiz Morem / Assembleia Legislativa
Jacini apresentou estatísticas na Comissão de Segurança e Serviços Públicos da Assembleia

O caos nas finanças que provoca atrasos nos salários do funcionalismo estadual poderá acirrar a criminalidade, admitiu nesta quinta-feira o secretário da Segurança Pública, Wantuir Jacini.

Leia as últimas notícias de Zero Hora

Ele saudou o resultado da estatística do primeiro semestre, apontando redução de nove entre 11 crimes divulgados pela SSP, mais apreensões de armas e de drogas. No entanto, mostrou-se preocupado com a tendência de "números diferentes" nos próximos meses.

- No momento em que o parcelamento traz intranquilidade aos servidores, que não podem honrar seus compromissos particulares, naturalmente, isso vai impactar na sua relação de trabalho e na proteção à sociedade - reconheceu Jacini em reunião da Comissão de Segurança e Serviços Públicos da Assembleia.

O cenário é de tempos sombrios. Entre paralisações e promessas de novos protestos por causa dos fracionamentos dos vencimentos, já ocorreram neste segundo semestre surtos de homicídios e latrocínios, os roubos seguem em alta, o número de prisões vem caindo e policiais militares estão indo em massa para a reserva por receio da aprovação de leis que determinem perdas de benefícios.

Em meio à apresentação do planejamento estratégico da SSP para deputados e líderes sindicais das categorias da segurança, Jacini enalteceu ações positivas de sua pasta, mas ainda chamou atenção ao pintar um quadro de penúria.

Lamentou a crise financeira, a que chamou de herança econômica de décadas que prejudica investimentos e a contratação de servidores, pediu apoio dos parlamentares para que seja incluída no Orçamento federal verba específica para a segurança (assim como tem para saúde e educação), e endurecimento da legislação penal para quem porta armas de fogo e enfrenta o prende e solta de criminosos.

O secretário disse que delegacias não tem efetivos para enfrentar os roubos de veículos e os crimes conexos e entregou uma minuta de projeto de lei que regulamenta o combate ao comércio ilegal de peças, fomentador de cerca de 25roubos de carros por dia, somente na Capital.

- Existem 1,5 mil desmanches no Estado, mais de mil na Região Metropolitana. Em apenas uma avenida (Sertório), em Porto Alegre, são 39 - afirmou.

Jacini enfatizou a prioridade de combater a violência nas 19 cidades que concentram 85% da criminalidade, mas que também precisa dar atenção a outras regiões, como as de fronteiras, onde 197 cidades são castigadas pelo abigeato.

- O Rio Grande do Sul é o quarto PIB do pais, e as áreas rurais não tem policiamento preventivo, só reativo. Os programas federais precisam ter continuidade, e nós faremos a nossa parte.

O secretário salientou a construção, iniciada este mês do novo prédio do Instituto-geral de Perícias ao lado da SSP, e da Penitenciária em Canoas, mas lamentou que tem agentes apenas para trabalhar no primeiro dos quatro módulos. Para os demais, dependerá de concurso.

Jacini evitou dar nota ao seu desempenho à frente da SSP, assim como informar o quanto do seu plano estratégico já foi implantado, alegando "medida de segurança".

Ao final de 40 minutos de exposição, a explanação de Jacini se transformou em uma sessão de duas horas de críticas à SSP e ao governo do Estado, rebatidas apenas por deputados da base aliada ao Piratini.

 


MAIS SOBRE

Últimas Notícias