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Homem confessa ter esquartejado mulher e dá detalhes do crime

Vandré do Carmo, 25 anos, falou sobre a motivação do assassinato e levou a polícia até o local onde parte do corpo foi enterrada

21/08/2015 - 11h36min

Atualizada em: 21/08/2015 - 11h36min


Arquivo pessoal / Arquivo pessoal
Cíntia Beatriz Lacerda Glufke, 34 anos, era natural de Uberaba e morava em Porto Alegre

O recepcionista Vandré Centeno do Carmo, 25 anos, confessou à polícia ter assassinado e esquartejado o corpo de Cíntia Beatriz Lacerda Glufke, 34 anos. Segundo depoimento prestado na noite de quinta-feira, eles eram amigos, teriam trabalhado juntos em um hotel da Capital e foram colegas em um curso de comissário de bordo. A mulher era natural de Uberaba, Minas Gerais, e o jovem já teria, inclusive, viajado até a cidade para conhecer a família da amiga.

A motivação do crime, segundo Vandré, seriam excessivas cobranças e o bullying supostamente feito por Cíntia. De acordo com o suspeito, a mulher teria dito por vezes, de forma ríspida, que ele era desatento e tinha dificuldade de compreensão. Apesar de ter confessado e dado detalhes do crime, a Justiça não aceitou o pedido de prisão temporária de Vandré, emitido pela polícia. O jovem está solto.

Em depoimento à delegada Jeiselaure de Souza, titular da 5ª Delegacia de Homicídios de Porto Alegre, Vandré disse que assassinou Cíntia na sexta-feira, 7 de agosto. O crime ocorreu no apartamento da mulher, no bairro Jardim Carvalho, zona leste de Porto Alegre - a perícia esteve no local e encontrou marcas de sangue da vítima.

 Crime ocorreu no apartamento da vítima, no bairro Jardim Carvalho
José Luis Costa/Agência RBS


O jovem contou que, depois do assassinato, esquartejou o corpo de Cíntia. O tronco e a cabeça foram enrolados em lençol, enterrados e cimentados no pátio em frente à casa de Vandré, na Vila Mário Quintana, no bairro Rubem Berta, zona norte da Capital. O assassino confesso levou a polícia até o local na madrugada desta sexta-feira.

Pernas, pés, mãos e braços foram colocados em uma mala. Por volta das 19h30min daquela sexta-feira, conforme mostram imagens de câmeras de segurança da rodoviária de Porto Alegre, Vandré embarcou para São Joaquim, na serra catarinense. Na madrugada do sábado, 8 de agosto, ele abandonou a mala em um terreno baldio, a cerca de 200 metros da rodoviária do município catarinense, de acordo com o depoimento. A mala foi encontrada no dia seguinte por um catador de latas. A polícia passou a cruzar as digitais do corpo com os registros de pessoas desaparecidas no sul do país.



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Marido prestou queixa à polícia sobre o desaparecimento de Cíntia

O marido de Cíntia estava nos Estados Unidos, em viagem, mas veio para Porto Alegre quando soube do desaparecimento da mulher. Ele prestou depoimento em 14 de agosto, quando sugeriu que a polícia buscasse informações com Vandré. De acordo com as investigações, o homem não suspeitava de Vandré, uma vez que este era amigo da vítima.

Na quinta-feira - quando, a partir dos cruzamentos de dados, descobriu-se que as partes encontradas em São Joaquim eram de Cíntia -, a polícia chamou Vandré para depor. O jovem, sem saber que a mala havia sido encontrada no município catarinense, afirmou que havia viajado para São Joaquim, onde teria familiares. E, então, questionado pela delegada, acabou confessando o crime.

Polícia lamenta decisão da Justiça de soltar jovem

Em coletiva de imprensa na manhã desta sexta, o diretor do Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa, delegado Paulo Grillo, lamentou o fato de a Justiça ter indeferido o pedido de prisão temporária de Vandré - ainda que o jovem tenha confessado o crime, revelado detalhes e levado a polícia até o local onde enterrou parte do corpo de Cíntia.

 
Parte do corpo foi enterrada no bairro Rubem Berta
José Luis Costa/Agência RBS

Conforme Grillo, a juíza que estava de plantão no Foro Central durante a madrugada entendeu que não havia elementos de prova suficientes para decretar a prisão de Vandré. Procurado por Zero Hora, o Tribunal de Justiça do Estado, por meio da assessoria de comunicação, informou que ainda não teve acesso ao despacho da juíza, e que deverá ter uma posição sobre o caso no final da tarde.

- Em 30 anos de polícia, nunca tinha visto uma decisão semelhante. Respeitamos, mas lamentamos profundamente. É totalmente contrária aos achados da investigação e, possivelmente, causará prejuízos irreparáveis ao nosso trabalho. Ele admitiu o crime, nos levou até a casa dele, onde enterrou o tronco da vítima, e confessou que viajou para Santa Catarina levando partes das pernas e braços em uma mala. Existem imagens dele na Rodoviária de Porto Alegre com a mala e foram encontradas marcas de sangue no apartamento da vítima.

A juíza Lourdes Helena Pacheco da Silva, explicou as razões que a levaram a negar o pedido de prisão temporária de Vandré e também de um amigo dele.

- A prisão temporária é imprescindível para a investigação. Nos documentos apresentados, não consegui extrair a imprescindibilidade. Talvez fosse preciso fundamentar melhor. Dizia que eram necessárias diversas diligências, sem esclarecer quais. A regra é a liberdade. A prisão é sempre uma medida de exceção. Os investigados não tem antecedentes e não havia risco de se evadirem do distrito da culpa.

A promotora Lúcia Helena Callegari, ingressou com um pedido de reconsideração da Justiça, junto à 2ª Vara do Júri da Capital que resultou na decretação da prisão preventiva dos investigados.

* Zero Hora


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