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Onda de assaltos faz comunidade pedir socorro em Gravataí

Moradas do Vale I, II e III viraram território de ladrões que atacam a qualquer hora do dia

26/08/2015 - 07h10min

Atualizada em: 26/08/2015 - 07h10min


Luiz Armando Vaz / Agencia RBS
Diário Gaúcho ouviu os relatos de violência da comunidade

Constantes assaltos, praticados a qualquer hora do dia, estão deixando moradores das Moradas do Vale I, II e III, em Gravataí, apavorados. A frequência é tão elevada que, no momento em que moradores da região entravam em contato com a redação do Diário Gaúcho para solicitar uma reportagem sobre o assunto, na manhã de terça-feira, uma loja estava sendo assaltada.

Um levantamento feito pela própria comunidade, com base em relatos feitos em uma página do Facebook, aponta uma média de seis assaltos por dia. Cansados da situação, moradores e comerciantes decidiram cobrar providências. Nesta terça à tarde, em uma das praças do bairro, eles relataram à reportagem casos de violência e assaltos, na presença do subcomandante do 17ºBPM, major Alexander Duarte.


Foto: Luiz Armando Vaz/Agência RBS

O comerciante Osmar Mendes, que já presidiu a associações dos moradores da região, afirmou que a 2ª Companhia do 17º BPM atende as três Moradas do Vale, onde moram cerca de 40 mil pessoas, e ainda o Bairro Águas Claras, com apenas uma viatura. 

- Infelizmente, eles (BM de Gravataí) não têm condições de fazer um policiamento melhor porque falta pessoal e faltam viaturas - disse Osmar.

O major não confirma a informação do comerciante, mas também não nega.

- Estaria fazendo um desserviço se falasse que é uma, duas, três ou quatro viaturas. O que posso garantir é que vamos aumentar o que já existe e diversificar o policiamento que é feito hoje - explicou Alexander.

Sargento aposentado e uma mulher são mortos por assaltantes em Gravataí

Uma reunião entre a comunidade e o comando do 17º BPM foi marcada para esta quarta, às 19h30min, na sede da 2ª Companhia.


À luz do dia

Uma loja de confecção feminina foi um dos alvos dos assaltantes que agem na região, na manhã de desta terça. A gerente do estabelecimento, Raiane Pires Crescêncio, 17 anos, mal havia aberto as portas, quando uma caminhonete parou em frente ao prédio.

Foto: Luiz Armando Vaz/Agência RBS

No total, eram cinco homens. Dois saíram do veículo e, portando armas, ameaçaram a jovem.

- Eu tive que ir para o fundo da loja. Eles entraram, pegaram o meu celular, dinheiro e mercadorias. Chegaram a encher uns três sacos - contou.

A jovem estima em cerca de R$ 7 mil o prejuízo com o assalto.


Vizinhança não adiantou

Um assalto sofrido no início da noite de segunda-feira deixou a vendedora Tatiana Araújo, 32 anos, muito abalada. Foram dois homens em uma moto, segundo descreveu. Mas o que a deixou mais preocupada foi o fato de o roubo ter acontecido a poucos metros da sede da 2ª Companhia do 17º BPM.

Foto:Luiz Armando Vaz/Agência RBS

- É um sinal de que eles (os assaltantes) não estão respeitando mais nada. Eles me ameaçando e eu enxergando uma viatura estacionada - disse.

Minutos depois, a poucas quadras dali, uma farmácia foi assaltada.


Não dá para ver moto

Vítima de quatro roubos em seu salão de beleza, além de ter visto o filho ser assaltado na frente do estabelecimento, Fernanda Rigo, 34 anos, diz que ficou traumatizada.

 Foto: Luiz Armando Vaz/Agência RBS

Principalmente em relação a motos, veículo usado nos ataques que sofreu.

- Não posso ver motociclistas que me dá um pânico - relata.

O mesmo medo demonstrado por Fernanda atinge outros moradores, conforme pôde constatar o motoboy Luan Cichocki, 24 anos.

- Ontem (segunda-feira) à noite, eu fui fazer uma entrega. Quando passei de moto por duas senhoras, uma delas saiu correndo e levou um baita tombo. E o pior é que pensei que, se eu parasse para ajudá-la, ela poderia achar que eu realmente iria assaltá-la e sofrer um infarto - contou.


Pensando em se mudar

Há 35 anos residindo na Morada do Vale I, Odete Mallmann, 66 anos, recentemente pensou na possibilidade de deixar o bairro. Isso, após sua filha ter sido assaltada. Além do carro, os ladrões levaram livros e o material de trabalho da jovem, que é enfermeira.

- Ela (a filha) está passando por tratamento com psiquiatra e tomando medicamentos. Ela está muito traumatizada, e eu, vivendo um grande pesadelo - descreveu.

Odete, a princípio, desistiu da mudança. Mas espera que o bairro receba um melhor policiamento.


Nem guri escapa

O autônomo Rofer André Teixeira, 21 anos, com três amigos, voltava de uma festa, na noite de sábado, quando três jovens, dois deles armados, os assaltaram.

- O incrível é que a festa foi a uma quadra da minha casa. Nem andamos muito. Pelas caras, eram dois maiores de idade e um outro que parecia uma criança. Devia ter uns 12 anos - estimou.

Roger e os amigos perderam um tablet, um Iphone, carteiras e dinheiro. Já o neto da dona de casa Eni Guesse Martins, de 13 anos, foi assaltado na quinta-feira passada quando seguia para a escola, por volta das 13h.

- Ele ficou muito assustado. Revistaram ele e queriam celular. Mas eu não deixo ele andar com isso, pois está perigoso - disse Eni.     
 

Reunião com a Brigada 

Além da promessa de reforço no policiamento, o subcomandante do 17º BPM, major Alexander Duarte, prometeu analisar a situação e buscar outras soluções em debates com a comunidade. Uma reunião foi agendada para as 19h30min desta quarta, na sede da 2ª Companhia.

O oficial também pediu à comunidade que comunique os casos de roubo, pois boa parte das ocorrências não chega ao conhecimento dos PMs.

- É preciso registrar, mesmo que nada seja roubado. São os registros que nos ajudam a mapear o crime na região - solicitou o major. 

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* Diário Gaúcho


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