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Atraso salarial no RS

Piratini admite que serviços não estarão "100% dentro da normalidade" nesta segunda-feira

Entidades que representam servidores públicos prometem parar hoje em rechaço à decisão do Piratini de parcelar vencimentos acima de R$ 2.150

03/08/2015 - 03h02min

Atualizada em: 03/08/2015 - 03h02min


Mateus Bruxel / Agencia RBS
Paralisação nesta segunda-feira foi batizada de Dia da Indignação

Em protesto contra o parcelamento de salários que atingiu 47,2% do funcionalismo, servidores públicos estaduais prometem cruzar os braços nesta segunda-feira, batizada de Dia da Indignação. Apesar de a mobilização colocar em xeque a prestação de serviços essenciais, o Palácio Piratini não tem uma estratégia definida para enfrentar a paralisação e minimizar os impactos de uma possível greve generalizada. Policiais militares (PM) já deram largada na operação-padrão no final de semana, e há a possibilidade de escolas não abrirem as portas. Bombeiros, policiais civis, agentes penitenciários e funcionários da saúde também estão entre as categorias que devem aderir ao protesto.

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O governo do Estado admite que o cenário não será o de serviços "100% dentro da normalidade". No entanto, segundo o secretário-geral de Governo, Carlos Búrigo, a aposta continuará sendo no diálogo e na compreensão por parte das categorias que ganham acima de R$ 2.150 e tiveram seus vencimentos de julho divididos em três parcelas. Braço direito do governador José Ivo Sartori, Búrigo disse que as manifestações são legítimas e que o Piratini "respeita a posição e entende a situação difícil que os servidores estão enfrentando".

- O governo teve de parcelar salários não por sua vontade. Ninguém faz um ato desses porque quer e, sim, por necessidade. Não há recursos, e isso é um fato. Então, temos de somar esforços e dialogar para que possamos, de maneira ordeira, encontrar uma saída. Esperamos que os servidores entendam, pois a paralisação não vai ajudar em nada, só vai dificultar ainda mais a situação - avaliou.

Às 23h10 de domingo, uma nota oficial reforçando o que vem sendo dito pelo Piratini desde o anúncio do parcelamento foi publicada no site do governo estadual.

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Questionado sobre medidas que podem ser adotadas em caso de agravamento da paralisação, o secretário afirmou que a cúpula do Executivo não trabalha com tal hipótese, mas avisou que, se isso acontecer, serão feitas "avaliações internas" para decidir os próximos passos. Ele não descartou a possibilidade de acionar a Justiça. A prioridade agora, conforme o secretário, é finalizar o pacote de medidas para lidar com a crise financeira do Estado que será enviado para Assembleia até a próxima sexta-feira.

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- Entendemos que nenhuma ação radical de qualquer parte - nossa ou dos servidores - vai fazer com que o cenário mude de um dia para o outro. Sabemos que a culpa não é do servidor, porém, nosso maior gasto é com a folha. Infelizmente, não temos como escolher não pagar outra coisa, já não estamos pagando fornecedores. Os servidores também têm que se colocar no nosso lugar.

Comandante-geral afirma estar "muito preocupado"

Entre as áreas afetadas pelo movimento, a mais sensível é a da segurança pública. Servidores da Brigada Militar e do Corpo de Bombeiros decidiram pelo aquartelamento e, em uma nota, chegaram a pedir que a população permaneça em casa no dia de hoje. O comandante-geral da BM, coronel Alfeu Freitas Moreira, que passou o domingo no QG da corporação, admitiu estar "muito preocupado". No entanto, destacou que, por enquanto, não há nenhum indicativo de que a situação poderá sair do controle.

- Existe uma regra, tudo tem um limite. Aquilo que for ilegal ou irregular, com certeza, será punido. Estamos acompanhando, monitorando, e é prematuro falar em qual vai ser a redução - disse ele, lembrando que os militares são proibidos constitucionalmente de suspenderem suas atividades.

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No final de semana, em Porto Alegre, Pelotas e Santana do Livramento, PMs se recusaram a sair com viaturas em situação irregular, como problemas mecânicos ou documentação vencida. Conforme Freitas, o policiamento não foi prejudicado, pois os agentes utilizaram outros meios.

A direção do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transporte Coletivo Urbanos de Passageiros de Porto Alegre se reuniria na madrugada desta segunda para definir se a categoria também paralisaria os serviços. O motivo para os 8,6 mil rodoviários não trabalharem seria a falta de segurança devido ao possível aquartelamento dos PMs. O sindicato informou que, se a ameaça dos policiais se cumprisse, os rodoviários seriam orientados a não deixarem as garagens das empresas de transporte na Capital.

Colaborou Débora Ely


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