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Violência em Porto Alegre

"Vandré era nosso amigo. Não tínhamos motivos para desconfiar de nada", diz marido de mulher esquartejada

Thomas Glufke era casado com Cíntia Beatriz Lacerda Glufke e fala que autor confesso do crime era próximo à família

26/08/2015 - 17h11min

Atualizada em: 26/08/2015 - 17h11min


Arquivo pessoal / Reprodução
Cíntia e Thomas (na foto em um evento) eram casados há 12 anos

O programador de computador Thomas Glufke, 34 anos, falou a Zero Hora sobre o momento difícil que enfrenta. A mulher dele, Cíntia Beatriz Lacerda Glufke, 34 anos, foi morta e esquartejada. E o pai dele, o microempresário Werner Glufke, 65 anos, está preso, apontado como participante do crime pelo assassino confesso, o recepcionista de hotel Vandré Centeno do Carmo, 25 anos, amigo e ex-colega de trabalho de Cíntia, que também está no Presídio Central de Porto Alegre.

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Thomas, que estava nos EUA no dia do crime, 7 de agosto, tem certeza de que seu pai não tem qualquer envolvimento no homicídio e não consegue entender os motivos que levaram Vandré a cometer o crime e tampouco a incriminar seu pai, pois, garante Thomas, Werner não sabia da existência de Vandré até ser preso.

Leia a entrevista concedida por intermédio do advogado Jamil Abdo.

Como o senhor se sente com o pai preso e a sua mulher morta?

Thomas Glufke - É o pior sentimento possível. Ela foi morta de forma cruel. Durante vários dias a pessoa (o Vandré) que fez isso com ela tentou encobrir os fatos, se fazendo passar por ela. Para nós, ela estava apenas desaparecida.

O Vandré se passou por ela por vários dias?

Thomas - Sim. A pessoa que matou pegou o celular dela e ficava mandando mensagem, dizendo que estava tudo bem, talvez a fim de atrasar a suspeita de um desaparecimento. Enganou a mim, enganou amigos, enganou a família dela (em Uberaba, MG). Mandava mensagens para a família, para amigos, só que ela já estava morta.

Ninguém duvidou?

Thomas - Ninguém duvidou porque ele é uma pessoa que tem o dom de enganar as pessoas. Desde que foi interrogado, deu vários depoimentos contraditórios, disse diversas mentiras, até confessar o crime.

O que mais machuca o senhor?

Thomas - Não há como medir essas duas coisas. Éramos casados há quase 12 anos. E tenho a esperança de meu pai sair da prisão por causa da falsa acusação de um criminoso, cuja única prova é a palavra de um assassino mentiroso. Não existe uma prova de que meu pai tenha envolvimento com essa pessoa. O meu pai nunca tinha ouvido falar o nome desse Vandré, nunca o viu na vida. A gente só não consegue entender por que esse sujeito que destruiu a Cíntia agora está tentando destruir meu pai.

Por que ele está fazendo isso?

Thomas - A gente não entende. Talvez seja inveja, talvez ódio, ódio da situação dele, que era uma situação difícil, ganhava pouco mais de um salário mínimo, tinha de sustentar a família dele, ao que me parece. E isso não era um problema na nossa casa, não tínhamos problema financeiro. Então, não dá para entender o que o levou a fazer isso. Gostaria muito que isso viesse à tona um dia. Que ele falasse a verdade, uma vez pelo menos.

O senhor está convicto da inocência do seu pai?

Thomas - Não tenho a menor dúvida da inocência do meu pai e das falsas acusações feitas por esse homem chamado Vandré. Meu pai estava em Novo Hamburgo com inúmeras pessoas durante a hora do crime. A polícia está tentando ligar fatos, mas não tem como ligar duas pessoas que não se conhecem. Meu pai nunca ouviu falar o nome do Vandré antes de eu falar que achava o Vandré suspeito do desaparecimento. Foi a primeira vez que meu pai ouviu falar o nome do Vandré.

O que o senhor acha que aconteceu?

Thomas - O Vandré era nosso amigo, frequentava a nossa casa. Não tínhamos motivos para desconfiar de nada. Não tínhamos motivos para achar que ele era uma pessoa perigosa.

Ele jantava na sua casa?

Thomas - Constantemente, a Cíntia convidava o pessoal que fez com ela curso para aviação (comissário de voo) para jantar, e ele era uma dessas pessoas.

Sumiram o celular e também objetos da Cíntia...

Thomas - Desapareceu com ele o celular da Cíntia. Também levou o computador dela. O próprio celular dele foi roubado, miraculosamente, pouco depois do assassinato. Ou seja, não se tem evidências pelo celular dele se agiu com alguém. É uma pessoa que está escondendo todas as evidências. Excluiu o perfil de redes sociais porque ele não está colaborando com as investigações. Já o meu pai é o oposto, está colaborando 100% com a polícia. Ele não tem absolutamente nada a esconder, não tem segredo.

Em gravações apresentadas pelo Vandré à polícia, a Cíntia se mostra raivosa com ele, fazendo ameaças e deixando a entender que os dois tiveram um caso...

Thomas - A gente não sabe o que ele falou para a Cíntia ficar tão nervosa. A gente não sabe se ele a ameaçou. Ele só salvou o que ela disse. Se ele diz que a Cíntia o ameaçou, deve ser alguma coisa que ele falou para ela que a deixou extremamente irritada. Deve ser uma conversa de meses atrás, porque continuaram amigos depois. Eles trabalharam no hotel no ano passado. Ele pegou um fato antigo, uma briga que tiveram, para tentar, talvez, justificar o que ele fez agora.

Quanto tempo trabalharam juntos?

Thomas - Uns oito, 10 meses, não tenho certeza.

Nas gravações, a Cíntia deixa a entender que tinha um caso com o Vandré. O senhor tinha conhecimento disso?

Thomas - Não. A conversa é incompleta. A gente não sabe o que realmente aconteceu, e a Cíntia não está aqui para explicar. Não sei o que significam essas gravações. Não dá para saber se tinham um caso, se teve um caso uma única vez. São gravações velhas, que a gente não sabe a origem e nem as circunstâncias.

O senhor e a Cíntia viviam um momento turbulento no casamento?

Thomas - Não era momento turbulento. A gente estava tentando melhorar a nossa vida. Tentando construir algo juntos. Fomos para os Estados Unidos tentar visto de trabalho. Fui no dia 1º de junho, e ela, uns dias antes. A gente ficou hospedado na casa da minha irmã que mora lá (em Seattle) há muitos anos e é cidadã americana.

Por que a Cíntia voltou para Porto Alegre dias antes da morte?

Thomas - A passagem dela estava comprada. Voltou para resolver alguns assuntos aqui, visitar a família, e depois retornar para os EUA. Nossa meta era conseguir visto de trabalho e permanecer lá por muitos meses.

Confira o vídeo em que Vandré confessa o assassinato de Cíntia.

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Vandré contou que, depois do assassinato, esquartejou o corpo de Cíntia. O tronco e a cabeça foram enrolados em um lençol, enterrados e cimentados no pátio em frente à casa de Vandré, na Vila Mário Quintana, no bairro Rubem Berta, zona norte da Capital. O assassino confesso levou a polícia até o local.

Em outro vídeo, confira quando Vandré deixa a rodoviária de Porto Alegre com partes do corpo em uma mala




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